terça-feira, 30 de novembro de 2021

BOLÍVIA: UMA REVOLUÇÃO EM MOVIMENTO * ISRAEL SANTOS / BOLÍVIA

 BOLÍVIA: UMA REVOLUÇÃO EM MOVIMENTO


Estamos no quarto dia da marcha e cai sobre nós uma chuva constante própria da primavera no altiplano boliviano, Marítimo vem gritando consignas de luta, ele é um companheiro do MAS-IPSP Juventudes e membro do diretório do distrito 8 da cidade de Santa Cruz de la sierra, propriamente do plan 3000 bastião de rebeldia e luta.  Santa Cruz é o departamento (equivalente a estado no Brasil) onde se concentra a minguada porem muito ativas agrupações de direita oligárquicas como o comitê cívico pró-santa cruz, com muita afinidade à embaixada norte americana, Santa Cruz tem uma sociedade reacionária, racista, berço da Union Juvenil Cruceñista grupo de ações abertamente fascista/racista de corte neonazista e declarada pela ONU como um dos grupos paramilitares mais agressivos na Bolívia.  Marítimo esta con muitos bolivianos na “MARCHA POR LA PATRIA Y LA DEMOCRACIA”.


Para poder entender a presença de Marítimo e uns trinta mil bolivianos que começam a grande marcha, necessariamente temos que voltar no tempo, ao mês de novembro de 2019 onde a direita fascista promoveu de maneira violenta um paro de 21 dias provocando convulsão social, que a nível nacional os seguidores e simpatizantes do MAS-IPSP (Movimento ao socialismo – Instrumento Pela Soberania dos Povos) estiveram passivos respeitando o direito à protesta, direito reconhecido pela constituição. Passividade que teve o custo de perder a democracia, coisa que acontece quando o povo não sai às ruas a defender as suas conquistas. A direita junto aos meios de comunicação nacionais e internacionais e com o beneplácito da OEA,  posicionaram o falso discurso de fraude, onde Evo Morales voltava a ganhar às eleições de maneira limpa, cuja eleição lhe foi arrebatada ao povo boliviano, com um golpe de estado, que colocaram no palácio com uma Bíblia na mão uma mulher títere do fascismo,  uma ditadura assassina sangrenta, corrupta e inepta para a coisa pública volta novamente a colocar na pobreza a toda uma nação. 


Já no 2020 novamente o povo boliviano volta a triunfar com um contundente 55,1’%,  levando ao palácio “CASA GRANDE DO POVO” A Luís Arce Catacora e David Choquehuanca lavando a alma de um povo sofrido e vilipendiado, agora volta o poder ao povo boliviano.


Agora um ano depois, a direita intenta repetir a mesma receita do golpe de estado de 2019, com o pretexto de uma lei contra ganancias ilícitas e financiamento ao terrorismo que foi aprovado no congresso nacional do Estado Plurinacional de Bolívia, começaram mobilizações pedindo a anulação da citada norma querendo levar a uma greve geral em todo o pais, que depois de 9 dias de paro forçando uma condição de estado  de sitio civil pelos grupos fascista, não permitindo aos trabalhadores poderem ir às suas fontes de trabalho. Cuja greve tinha o objetivo de paralisar o país, que intenta em conjunto se levantar e ativando novamente a economia, depois do descalabro econômico que significou a ditadura da presidenta de fato Jeanine Añez.


Depois de ab-rogada a lei pelo presidente Lucho, e desta vez o povo organizado não permitiu que fosse um paro nacional quedando restrito à cidade de Santa Cruz, onde a brava gente do plan 3000 lutou em desvantagem material com as forças oligárquicas, porem com a vantagem que a moral te da, de saber que a luta vale a pena foram capazes de brecar o avanço da direita.  Se fizermos uma analogia com a natureza poderíamos dizer que o povo boliviano e sua revolução  é uma massa de água que precisa se mobilizar, água em movimento transporta vida, leva esperança desperta solidariedade e simpatia, refresca os sonhos para toda PATRIA GRANDE. O paro violento da direita é como estancar a água que morre, traz doença e desesperança, por isso hoje no sétimo dia da marcha chegando ao seu destino foram se somando miles e miles de cidadãos no transcurso e a medida que avançava nos seus mais de 180 Km de percurso, chegando a incrível quantidade de mais de 2 milhões de pessoas (tomando em conta que o total da população é de 11 milhões em todo o pais) chegaram a La Paz de todos os 9 departamentos (estados) a mais de 4.000 mts de altitude para dizer em voz alta para todo mundo ouvir

NÃO AO RACISMO/FASCISMO,

NÃO AO GOLPE DE ESTADO,

SIM À DEMOCRACIA,

SIM A PÁTRIA.  

Somos uma revolução em movimento,

pátria ou morte!


Israel Santos

VÍDEOS 1

VIDEO 2
Acción Laical de Izquierda

La Zurda plan 3000

MAS – IPSP - Bolivia

PCTB – Brasil

74 ANOS DA DIVISÃO DA PALESTINA PELA ONU, SEM QUALQUER CONSULTA AO SEU POVO! * RAUL CARRION

 74 ANOS DA DIVISÃO DA PALESTINA PELA ONU, SEM QUALQUER CONSULTA AO SEU POVO! 

      

 Raul Carrion 


   No dia 29 de novembro de 1947 -- após quase 20 anos de arbitrária ocupação militar da Palestina pela Inglaterra -- as Nações Unidas aprovaram, através da Resolução nº 181, sem qualquer consulta à população árabe-palestina, a sua divisão em duas partes: 53% para a população judaica – que era apenas 30% da população e na sua imensa maioria emigrados recém chegados da Europa, dentro do processo sionista de ocupar a Palestina, visando a criação do Estado de Israel -- e 47% para os palestinos -- que eram 70% da população e os seus donos originários – para formarem um Estado Palestino.

  Já em 14 de maio de 1948, os sionistas proclamaram o Estado de Israel – que pouco a pouco anexou militarmente todo o antigo território da Palestina, com a total omissão e conivência da ONU.

   Enquanto isso, até hoje o povo palestino não teve o direito de constituir o seu Estado Nacional.

  Fruto desse esbulho e da progressiva expulsão dos palestinos de seus territorios, hoje EXISTEM quase seis milhões de refugiados palestinos, muitos deles no exílio.

   Desse total, um milhão e meio vivem amontoados em 58 campos de refugiados, mantidos pela ONU.

   Outro um milhão e meio sobrevivem em Gaza – o maior campo de concentração a céu aberto existente no mundo – submetidos a permanentes  ataques israelenses.

  Toda e qualquer tentativa de criar o Estado Palestino autônomo é violentamente reprimida pelas forças armadas israelenses, que ao longo desses anos já mataram ou feriram dezenas de milhares de palestinos.

  Todas as fronteiras, aeroportos e portos do que deveria ser o Estado Palestino são controlados por Israel, que decide quem pode e quem não pode entrar na Palestina e que mercadorias podem ingressar no seu território.

   Acham-se, inclusive, no direito de impedir que qualquer tipo de ajuda humanitária chegue às comunidades palestinas.

  Na verdade, Israel busca tornar insuportável a vida dos palestinos que ainda permanecem em suas terras ancestrais, para que, desesperados, abandonem o país e liberem mais terras para colonos sionistas vindos de outros países.

  Em 1977, a ONU, procurando reparar essa grave injustiça contra o povo palestino, aprovou a Resolução nº 32, criando o “Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino”.

  Em 13 de dezembro de 2010, protocolei Projeto de Lei criando o “Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino” o qual – depois de aprovado pela Assembleia Legislativa e sancionado pelo então Governador Tarso Genro – transformou-se na Lei Estadual nº 13.725, de 16 de maio de 2011.

  Na data de hoje, quando se comemora o DIA ESTADUAL DE SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO, compartilho a "Justificativa" dessa Lei, cuja fundamentação, feitas pequenas atualizações, mantém toda a sua atualidade.

   Igualmente, compartilho o texto da referida Lei, que pode ser facilmente reproduzida em outros parlamentos estaduais e municipais. 


PELO IMEDIATO ESTABELECIMENTO DO ESTADO PALESTINO, NAS FRONTEIRAS DE 1967, TENDO JERUSALÉM ORIENTAL COMO CAPITAL!


PELA LIBERTAÇÃO DE TODOS OS PALESTINOS PRESOS POR ISRAEL POR LUTAREM POR SUA PATRIA! 


PELO DESMANTELAMENTO DOS ASSENTAMENTOS DE ISRAELENSES EM TERRITÓRIO PALESTINO! 


PELO DIREITO DE RETORNO ÀS SUAS TERRAS DOS PALESTINOS EXPULSOS DELAS E REPARAÇÃO DOS SEUS DIREITOS! 

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segunda-feira, 29 de novembro de 2021

NOSSA AMÉRICA: EM SILÊNCIO TINHA QUE SER * Sergio Rodrigues Gelfenstein / Cubaresumen

EM SILÊNCIO TINHA QUE SER
Por Sergio Rodríguez Gelfenstein / CUBAENRESUEMEN

Os homens e mulheres de segurança são lutadores secretos, permanecem anônimos, às vezes até vivendo nas entranhas do inimigo, fingindo renunciar a quem são, sem rosto e contemplando o mundo.

Em silêncio tinha que ser ...

«No silêncio tinha que ser ...

porque há coisas que, para as conseguir, têm que ser escondidas »

José Martí (Carta a Manuel Mercado)

«O homem nega sua rica terra,

é seu próprio inimigo nesta nova guerra:

o homem viu seu rosto sucumbir. "

Silvio Rodríguez (O Homem de Maisinicú)

Quando em 20 de dezembro de 1917, Félix Dzerzhinski, por instruções do Soviete dos Comissários do Povo, formalmente criou a “Comissão Extraordinária de Toda a Rússia para a luta contra a Contra-revolução e Sabotagem”, conhecida como Checá, a primeira revolução proletária do mundo começou a aprender as formas e métodos de lutar nas sombras contra o inimigo contra-revolucionário apoiado por potências estrangeiras.

Também assim, os povos no poder tomaram conhecimento da necessidade de se protegerem das ações encobertas do imperialismo, desenvolvendo ações, também encobertas, para sua defesa e proteção.

Da mesma forma, as revoluções triunfantes na América Latina aprenderam muito rapidamente que sua sobrevivência dependia também da criação de estruturas poderosas de segurança e defesa do poder conquistado, e que parte delas –como afirmou Martí- deveria permanecer oculta. Os homens e mulheres de segurança são lutadores secretos, permanecem anônimos, às vezes até vivendo nas entranhas do inimigo, fingindo renunciar a quem são, sem rosto e contemplando o mundo “com olhos tão profundos como os de um guardião .do sol ”, como diz Silvio Rodríguez.

Na Nicarágua , as eleições de 7 de novembro foram realizadas em paz total, sem contratempos ou atos de violência a lamentar. Essa não é a norma na América Latina e muito menos na América Central onde a violência endossada pelos Estados Unidos e pela OEA quando os resultados não são satisfatórios para seus interesses ou, ao contrário, precisam desencadear os mesmos para comprovar a fraude isso significa inclusive a “Eleição” de narcotraficantes como Juan Orlando Hernández em Honduras, vale ressaltar que as eleições na Nicarágua foram realizadas de maneira primitiva em termos de atos de terrorismo, crime ou intimidação que poderiam ter afetado pessoas ou bens.

Quando um amigo jornalista nicaragüense foi consultado, por causa dessa situação, ele me disse que: “A tranquilidade se deve ao fato de que os desordeiros e terroristas, bem como os golpistas e falsos opiniologistas financiados pelos Estados Unidos para gerar a subversão, desapareceram da cena política, para efeito das leis e do estado de direito ”.

Em Cuba , a “aparição” pública do agente Fernando, que na realidade é o Dr. Carlos Vázquez González e que por 20 anos fez parte da diretoria de algumas das organizações contra-revolucionárias mais notórias da ilha, ao mesmo tempo que defendia seu povo do sombras, permitiram conhecer em grande detalhe, os planos subversivos organizados pelas agências estadunidenses em Cuba através do financiamento, treinamento e armamento de organizações e indivíduos que, apelando ao terrorismo e agindo secretamente, procuram paralisar o processo revolucionário cubano. A ação oportuna deste agente secreto evitou males maiores.

Na Venezuela , em dias sucessivos, os órgãos de inteligência do Estado abortaram a sabotagem que a contra-revolução planejava realizar nos armazéns do Conselho Nacional Eleitoral e na Refinaria de Amuay. Com ações oportunas e efetivas, evitou-se o impacto nas eleições de domingo, 21, bem como na economia do país, permitindo que ambas as atividades fossem realizadas com total normalidade.

Assim, nos últimos oito dias, o mundo testemunhou como na Nicarágua, Cuba e Venezuela, os órgãos de segurança do Estado, atuando em silêncio e fora dos holofotes, salvaguardaram a felicidade do povo para garantir o respeito às decisões políticas. que eles fizeram soberanamente.

FONTE

domingo, 28 de novembro de 2021

As Três Fontes e as Três partes Constitutivas do Marxismo * V.I.LÊNIN

As Três Fontes e as Três partes Constitutivas do Marxismo

V. I. Lénine
Vladimir Ilicht Ulianov

Março de 1913


A doutrina de Marx suscita em todo o mundo civilizado a maior hostilidade e o maior ódio de toda a ciência burguesa (tanto a oficial como a liberal), que vê no marxismo um a espécie de "seita perniciosa". E não se pode esperar outra atitude, pois, numa sociedade baseada na luta de classes não pode haver ciência social "imparcial". De uma forma ou de outra, toda a ciência oficial e liberal defende a escravidão assalariada, enquanto o marxismo declarou uma guerra implacável a essa escravidão. Esperar que a ciência fosse imparcial numa sociedade de escravidão assalariada seria uma ingenuidade tão pueril como esperar que os fabricantes sejam imparciais quanto à questão da conveniência de aumentar os salários dos operários diminuindo os lucros do capital.


Mas não é tudo. A história da filosofia e a história da ciência social ensinam com toda a clareza que no marxismo não há nada que se assemelhe ao "sectarismo", no sentida de uma doutrina fechada em si mesma, petrificada, surgida à margem da estrada real do desenvolvimento da civilização mundial. Pelo contrário, o gênio de Marx reside precisamente em ter dado respostas às questões que o pensamento avançado da humanidade tinha já colocado. A sua doutrina surgiu como a continuação direta e imediata das doutrinas dos representantes mais eminentes da filosofia, da economia política e do socialismo.


A doutrina de Marx é onipotente porque é exata. É completa e harmoniosa, dando aos homens uma concepção, integral do mundo, inconciliável com toda a supertição, com toda a reação, com toda a defesa da opressão burguesa. O marxismo é o sucessor legítimo do que de melhor criou a humanidade no século XIX: a filosofia alemã, a economia política inglesa e o socialismo francês.


Vamos deter-nos brevemente nestas três fontes do marxismo, que são, ao mesmo tempo, as suas três partes constitutivas.

I

A filosofia do marxismo é o materialismo. Ao longo de toda a história moderna da Europa, e especialmente em fins do século XVIII, em França, onde se travou a batalha decisiva contra todas as velharias medievais, contra o feudalismo nas instituições e nas idéias, o materialismo mostrou ser a única filosofia conseqüente, fiel a todos os ensinamentos das ciências naturais, hostil à supertição, à beatice, etc. Por isso, os inimigos da democracia tentavam com todas as suas forças "refutar", desacreditar e caluniar o materialismo e defendiam as diversas formas do idealismo filosófico, que se reduz sempre, de um modo ou de outro, à defesa ou ao apoio da religião.


Marx e Engels defenderam resolutamente o materialismo filosófico, e explicaram repetidas vezes quão profundamente errado era tudo quanto fosse desviar-se dele. Onde as suas opiniões aparecem expostas com maior clareza e pormenor é nas obras de Engels Ludwig Feuerbach e Anti-Dübring, as quais - da mesma forma que o Manifesto Comunista - são os livros de cabeceira de todo o operário consciente.


Marx não se limitou, porém, ao materialismo do século XVIII; pelo contrário, levou mais longe a filosofia. Enriqueceu-a com as aquisições da filosofia clássica alemã, sobretudo do sistema de Hegel, o qual conduzira por sua vez ao materialismo de Feuerbach. A principal dessas aquisições foi a dialética, isto é, a doutrina do desenvolvimento na sua forma mais completa, mais profunda e mais isenta de unilateralidade, a doutrina da relatividade do conhecimento humano, que nos dá um reflexo da matéria em constante desenvolvimento. As descobertas mais recentes das ciências naturais - o rádio, os elétrons, a transformação dos elementos - confirmaram de maneira admirável o materialismo dialético de Marx, a despeito das doutrinas dos filósofos burgueses, com os seus "novos" regressos ao velho e podre idealismo.


Aprofundando e desenvolvendo o materialismo filosófico, Marx levou-o até ao fim e estendeu-o do conhecimento da natureza até o conhecimento da sociedade humana. O materialismo histórico de Marx é uma conquisto formidável do pensamento científico. Ao caos e à arbitrariedade que até então imperavam nas concepções da história e da política, sucedeu uma teoria científica notavelmente integral e harmoniosa, que mostra como, em conseqüência do crescimento das forças produtivas, desenvolve-se de uma forma de vida social uma outra mais elevada, como, por exemplo, o capitalismo nasce do feudalismo.


Assim, como o conhecimento do homem reflete a natureza que existe independentemente dele, isto é, a matéria em desenvolvimento, também o conhecimento social do homem (ou seja: as diversas opiniões e doutrinas filosóficas, religiosas, políticas, etc.) reflete o regime econômico da sociedade. As instituições políticas são a superestrutura que se ergue sobre a base econômica. Assim, vemos, por exemplo, como as diversas formas políticas dos Estados europeus modernos servem para reforçar a dominação da burguesia sobre o proletariado.


A filosofia de Marx é o materialismo filosófico acabado, que deu à humanidade, à classe operaria sobretudo, poderosos instrumentos de conhecimento.

II

Depois de ter verificado que o regime econômico constitui a base sobre a qual se ergue a superestrutura política, Marx dedicou-se principalmente ao estudo deste regime econômico. A obra principal de Marx, O Capital, é dedicada ao estudo do regime econômico da sociedade moderna, isto é, da sociedade capitalista.


A economia política clássica anterior a Marx tinha-se formado na Inglaterra, o país capitalista mais desenvolvido. Adam Smith e David Ricardo lançaram nas suas investigações do regime econômico os fundamentos da teoria do valor-trabalho. Marx continuou sua obra. Fundamentou com toda precisão e desenvolveu de forma conseqüente aquela teoria. Mostrou que o valor de qualquer mercadoria é determinado pela quantidade de tempo de trabalho socialmente necessário investido na sua produção.


Onde os economistas burgueses viam relações entre objetos (troca de umas mercadorias por outras), Marx descobriu relações entre pessoas. A troca de mercadorias exprime a ligação que se estabelece, por meio do mercado, entre os diferentes produtores. O dinheiro indica que esta ligação se torna cada vez mais estreita, unindo indissoluvelmente num todo a vida econômica dos diferentes produtores. O capital significa um maior desenvolvimento desta ligação: a força de trabalho do homem torna- se uma mercadoria. O operário assalariado vende a sua força de trabalho ao proprietário de terra, das fábricas, dos instrumentos de trabalho. O operário emprega uma parte do dia de trabalho para cobrir o custo do seu sustento e de sua família (salário); durante a outra parte do dia, trabalha gratuitamente, criando para o capitalista a mais-valia, fonte dos lucros, fonte da riqueza da classe capitalista.


A teoria da mais-valia constitui a pedra angular da teoria econômica de Marx.


O capital, criado pelo trabalho do operário, oprime o operário, arruína o pequeno patrão e cria um exercito de desempregados. Na indústria, é imediatamente visível o triunfo da grande produção; mas também na agricultura deparamos com o mesmo fenômeno: aumenta a superioridade da grande exploração agrícola capitalista, cresce o emprego de maquinaria, a propriedade camponesa cai nas garras do capital financeiro, declina e arruína-se sob o peso da técnica atrasada. Na agricultura, o declínio da pequena produção reveste-se de outras formas, mais esse declínio é um fato indiscutível.


Esmagando a pequena produção, o capital faz aumentar a produtividade do trabalho e cria uma situação de monopólio para os consórcios dos grandes capitalistas. A própria produção vai adquirindo cada vez mais um caráter social - centenas de milhares e milhões de operários são reunidos num organismo econômico coordenado - enquanto um punhado de capitalistas se apropria do produto do trabalho comum. Crescem a anarquia da produção, as crises, a corrida louca aos mercados, a escassez de meios de subsistência para as massas da população.


Ao fazer aumentar a dependência dos operários relativamente ao capital, o regime capitalista cria a grande força do trabalho unido.


Marx traçou o desenvolvimento do capitalismo desde os primeiros germes da economia mercantil, desde a troca simples, até às suas formas superiores, até à grande produção.


E de ano para ano a experiência de todos os países capitalistas, tanto os velhos como os novos, faz ver claramente a um numero cada vez maior de operários a justeza desta doutrina de Marx.


O capitalismo venceu no mundo inteiro, mas, esta vitória não é mais do que o prelúdio do triunfo do trabalho sobre o capital.


III

Quando o regime feudal foi derrubado e a "livre" sociedade capitalista viu a luz do dia, tornou-se imediatamente claro que essa liberdade representava um novo sistema de opressão e exploração dos trabalhadores. Como reflexo dessa opressão e como protesto contra ela, começaram imediatamente a surgir diversas doutrinas socialista. Mas, o socialismo primitivo era um socialismo utópico. Criticava a sociedade capitalista, condenava-a, amaldiçoava-a, sonhava com a sua destruição, fantasiava sobre um regime melhor, queria convencer os ricos da imoralidade da exploração.


Mas, o socialismo utópico não podia indicar uma saída real. Não sabia explicar a natureza da escravidão assalariada no capitalismo, nem descobrir as leis do seu desenvolvimento, nem encontrar a força social capaz de se tornar a criadora da nova sociedade.


Entretanto, as tempestuosas revoluções que acompanharam em toda a Europa, e especialmente em França, a queda do feudalismo, da servidão, mostravam cada vez com maior clareza que a luta de classes era a base e a força motriz de todo o desenvolvimento.


Nenhuma vitória da liberdade política sobre a classe feudal foi alcançada sem uma resistência desesperada. Nenhum país capitalista se formou sobre uma base mais ou menos livre, mais ou menos democrática, sem uma luta de morte entre as diversas classes da sociedade capitalista.


O gênio de Marx está em ter sido o primeiro a ter sabido deduzir daí a conclusão implícita na história universal e em tê-la aplicado conseqüentemente. Tal conclusão é a doutrina da luta de classes.


Os homens sempre foram em política vítimas ingênuas do engano dos outros e do próprio e continuarão a sê-lo enquanto não aprendem a descobrir por trás de todas as frases, declarações e promessas morais, religiosas, políticas e sociais, os interesses de uma ou de outra classe. Os partidários de reformas e melhoramentos ver-se-ão sempre enganados pelos defensores do velho, enquanto não compreenderem que toda a instituição velha, por mais bárbara e apodrecida que pareça, se mantém pela força de umas ou de outras classes dominantes. E para vencer a resistência dessas classes só há um meio: encontrar na própria sociedade que nos rodeia, educar e organizar para a luta, os elementos que possam - e, pela sua situação social, devam - formar a força capaz de varrer o velho e criar o novo.


Só o materialismo filosófico de Marx indicou ao proletariado a saída da escravidão espiritual em que vegetaram até hoje todas as classes oprimidas. Só a teoria econômica de Marx explicou a situação real do proletariado no conjunto do regime capitalista.


No mundo inteiro, da América ao Japão e da Suécia à África do Sul, multiplicam-se as organizações independentes do proletariado. Este se educa e instrui-se travando a sua luta de classe; liberta-se dos preconceitos da sociedade burguesa, adquire uma coesão cada vez maior, aprende a medir o alcance dos seus êxitos, temperam as suas forças e cresce irresistivelmente.

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sábado, 27 de novembro de 2021

Os indiferentes * Antonio Gramsci / Itália

OS INDIFERENTES

ANTONIO GRAMSCI / ITÁLIA

 A indiferença é o peso morto da história. É a bala de chumbo para o inovador, é a matéria inerte em que se afogam freqüentemente os entusiasmos mais esplendorosos, é o fosso que circunda a velha cidade e a defende melhor do que as mais sólidas muralhas, melhor do que o peito dos seus guerreiros, porque engole nos seus sorvedouros de lama os assaltantes, os dizima e desencoraja e às vezes, os leva a desistir de gesta heróica.

A indiferença atua poderosamente na história. Atua passivamente, mas atua. É a fatalidade; e aquilo com que não se pode contar; é aquilo que confunde os programas, que destrói os planos mesmo os mais bem construídos; é a matéria bruta que se revolta contra a inteligência e a sufoca. O que acontece, o mal que se abate sobre todos, o possível bem que um ato heróico (de valor universal) pode gerar, não se fica a dever tanto à iniciativa dos poucos que atuam quanto à indiferença, ao absentismo dos outros que são muitos. O que acontece, não acontece tanto porque alguns querem que aconteça quanto porque a massa dos homens abdica da sua vontade, deixa fazer, deixa enrolar os nós que, depois, só a espada pode desfazer, deixa promulgar leis que depois só a revolta fará anular, deixa subir ao poder homens que, depois, só uma sublevação poderá derrubar. A fatalidade, que parece dominar a história, não é mais do que a aparência ilusória desta indiferença, deste absentismo. Há fatos que amadurecem na sombra, porque poucas mãos, sem qualquer controle a vigiá-las, tecem a teia da vida coletiva, e a massa não sabe, porque não se preocupa com isso. Os destinos de uma época são manipulados de acordo com visões limitadas e com fins imediatos, de acordo com ambições e paixões pessoais de pequenos grupos ativos, e a massa dos homens não se preocupa com isso. Mas os fatos que amadureceram vêm à superfície; o tecido feito na sombra chega ao seu fim, e então parece ser a fatalidade a arrastar tudo e todos, parece que a história não é mais do que um gigantesco fenômeno natural, uma erupção, um terremoto, de que são todos vítimas, o que quis e o que não quis, quem sabia e quem não sabia, quem se mostrou ativo e quem foi indiferente. Estes então zangam-se, queriam eximir-se às conseqüências, quereriam que se visse que não deram o seu aval, que não são responsáveis. Alguns choramingam piedosamente, outros blasfemam obscenamente, mas nenhum ou poucos põem esta questão: se eu tivesse também cumprido o meu dever, se tivesse procurado fazer valer a minha vontade, o meu parecer, teria sucedido o que sucedeu? Mas nenhum ou poucos atribuem à sua indiferença, ao seu cepticismo, ao fato de não ter dado o seu braço e a sua atividade àqueles grupos de cidadãos que, precisamente para evitarem esse mal combatiam (com o propósito) de procurar o tal bem (que) pretendiam.

A maior parte deles, porém, perante fatos consumados prefere falar de insucessos ideais, de programas definitivamente desmoronados e de outras brincadeiras semelhantes. Recomeçam assim a falta de qualquer responsabilidade. E não por não verem claramente as coisas, e, por vezes, não serem capazes de perspectivar excelentes soluções para os problemas mais urgentes, ou para aqueles que, embora requerendo uma ampla preparação e tempo, são todavia igualmente urgentes. Mas essas soluções são belissimamente infecundas; mas esse contributo para a vida coletiva não é animado por qualquer luz moral; é produto da curiosidade intelectual, não do pungente sentido de uma responsabilidade histórica que quer que todos sejam ativos na vida, que não admite agnosticismos e indiferenças de nenhum gênero.

Odeio os indiferentes também, porque me provocam tédio as suas lamúrias de eternos inocentes. Peço contas a todos eles pela maneira como cumpriram a tarefa que a vida lhes impôs e impõe quotidianamente, do que fizeram e sobretudo do que não fizeram. E sinto que posso ser inexorável, que não devo desperdiçar a minha compaixão, que não posso repartir com eles as minhas lágrimas. Sou militante, estou vivo, sinto nas consciências viris dos que estão comigo pulsar a atividade da cidade futura que estamos a construir. Nessa cidade, a cadeia social não pesará sobre um número reduzido, qualquer coisa que aconteça nela não será devido ao acaso, à fatalidade, mas sim à inteligência dos cidadãos. Ninguém estará à janela a olhar enquanto um pequeno grupo se sacrifica, se imola no sacrifício. E não haverá quem esteja à janela emboscado, e que pretenda usufruir do pouco bem que a atividade de um pequeno grupo tenta realizar e afogue a sua desilusão vituperando o sacrificado, porque não conseguiu o seu intento.

Vivo, sou militante. Por isso odeio quem não toma partido, odeio os indiferentes.

sexta-feira, 26 de novembro de 2021

APROFUNDAR A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA RUMO AO SOCIALISMO * Deputado Jacobo Torres de León / VEN

APROFUNDAR A REVOLUÇÃO BOLIVARIANA RUMO AO SOCIALISMO 

Deputado Jacobo Torres de León / VEN
SOBRE AS ELEIÇÕES VENEZUELANS / INA FINOGENOVA
A OPINIÃO DE MAURO

Os profetas do desastre ficaram com o desejo. 22 augurando nossa derrota, vendo apenas o umbigo de seus próprios desejos inacabados. Mais uma vez o povo calou a boca das viúvas queixosas, que não entendem bem que a Revolução Bolivariana veio para ficar.

Fazem cabala, lançam os caracóis de suas misérias em busca de explicações para a vitória esmagadora do chavismo diante das astutas traições de tírios e troianos, diante dos dojitos dojitos que faziam o indizível para sabotar, foder, boicotar e partir Nicolás mal. 


Ontem não derrotamos apenas a direita maltratada, derrotamos também os traidores, os oportunistas e os adversários infiltrados que não puderam, não podem e nunca poderão derrotar o legado de Chávez e Nicolás, indestrutível e invicto.

Nossa revisão começa por entender que derrotamos a hegemonia do poder político e cabe a nós dar o grande salto para o socialismo. Devemos fazer uma profunda transformação econômica e estrutural do aparelho e das instituições do Estado para enterrar o capitalismo burocrático que ainda persiste no aparelho produtivo nos próximos 4 anos. 


Este estado está doente e não tem cura com as armas maltratadas do capitalismo. Com esta vitória retumbante, vamos demolir o estado burguês e de suas ruínas, como uma fênix, surge o socialismo bolivariano que nosso Comandante Supremo Hugo Chávez nos legou como doutrina. 


Vamos fazer do ano 22 o ano do socialismo, caso contrário não faz sentido continuar tendo vitórias apenas para alimentar egos e manter uma revolução simulada sem substância. Uma espécie de arroz de frango sem frango. Fachada pura sem conteúdo.

Vamos comemorar, e com razão, nossa vitória irrefutável e nos preparar para a luta que virá quando. 


E às viúvas da IV que faz o trabalho pela direita maltratada,se perguntem- por que esse povo continua a apostar em Nicolás e na Revolução apesar de seu alvoroço de puros slogans sem conteúdo. O galo calou-se e a direita foi desarmada. 

Droga, não há pessoas derrotadas!


E magricela de todas as demãos e desbastes, não tenha a menor dúvida.

VAMOS PARA MAIS VITÓRIAS 


Deputado Jacobo Torres de León Coordenador Internacional do CBST. Combatente

Venezuela. Jacobo Torres de León: "Es la hora del pueblo y de la Revolución Bolivariana" - Resumen Latinoamericano