sábado, 10 de junho de 2023

Dez teses sobre o mundo hoje * Ernesto Wong Maestre / Pela nossa América.Venezuela

Dez teses sobre o mundo hoje
Ernesto Wong Maestre / Pela nossa América.Venezuela

1.-O liberalismo como doutrina predominante das classes dominantes dos últimos dois séculos, em cada país, alimentou visões e conceitos predominantemente forjados com filosofia utilitária e pragmática, para políticas e estratégias de governos capitalistas que quando implementadas perturbavam o equilíbrio mundial de forças em conflito e desigualdades crescentes, a exploração de poucos sobre muitos e a desestruturação dos argumentos de independência da consciência social e comunitária herdada por gerações.

Nesta dinâmica sociopolítica e econômica, há indícios da derrocada social a que o capitalismo predatório é cada vez mais expansivo em todo o globo e seu espaço sideral. A humanidade começou a entender sua impotência para resolver seus problemas prementes, e também que aumentou de tal forma que no final do século XX as próprias classes dominantes foram perdendo suas capacidades de liderança, e com a derrocada social, política e econômica em crescendo, o significado hegemônico dos impérios na solução ou mesmo na redução do intensidades de conflitos nacionais, regionais ou mundiais estão perdendo todo o seu significado a cada dia e outros atores com diferentes concepções políticas que irromperam no cenário mundial no final do século passado começam a aumentar seus poderes, mesmo quando os novos liberais tentam com expectativas ultra-individualistas e exercendo o poder militar e econômico para recompor o império do capital, e na tentativa de conseguir isso, as contradições e suas tensões se expandiram para formar um mundo unipolar, cada vez mais rejeitado pela maioria da humanidade diante de uma minoria perdulária, ambiciosa e gananciosa.

2.- O neoliberalismo -em suas quatro décadas de vida- cavou sua própria sepultura porque as contradições do capitalismo antes exacerbadas, longe de serem resolvidas com as políticas e estratégias dos políticos e seus economistas neoliberais, tornaram-se seu demiurgo ao passar de estados desempoderadores para transferi-los às grandes corporações, o que provocou, por um lado, o aumento da concentração e centralização do capital e dos lucros em cada vez menos atores e, por outro lado, ao enfraquecer os aparatos estatais de democracia representativa, permitiu empoderamento setores sociais com verdadeiras capacidades de ação coletiva, assim a partir do século XXI viu nascer uma nova era, que se vai configurando graças à consolidação do poder e à práxis transformadora destes setores sociais emergentes e que vai moldando o novo tempo em que o povo começa a jogar terra no fosso neoliberal e se presta a fechá-lo para sempre.

3.- A transição presencial/virtual para o socialismo como práxis e imaginário no século XXI é um processo único como um todo orgânico onde interagem quatro grandes blocos históricos, definidos por suas atitudes, práxis política mediada pela ação do Estado e por suas expressões teóricas ou manifestações de fala e linguagem principalmente por meio das dinâmicas e diversas redes sociais, páginas web públicas e privadas, bem como por meio de blogs pessoais ou de grupos privados e públicos. Esses blocos sociopolíticos são: o conservador, o transformador, o indeciso e o político indiferente ou apático. Cada um dos três blocos tem diferentes graus de integração e ideologização como expressões das contradições e tensões entre classes sociais e, portanto, entre seus grupos (partidos, movimentos sociais, associações, fundações, instituições) que pretendem representá-los e agir em consequência, seja nas diferentes formas democráticas, bem como de forma autoritária ou anárquica, também em todas as suas possíveis manifestações. É uma transição de tempo que, como todas as que a humanidade já passou, é uma mudança de poderes e também de ritmos políticos conforme os atores agrupados em blocos perdem ou aumentam suas capacidades de ação coletiva.

4.- O ritmo desta transição de formação socioeconômica e política é significativamente condicionado pelo grau de reconhecimento que cada bloco e cada um de seus integrantes consegue alcançar de seus pares e contemporâneos do próprio bloco e dos ou com os demais que Eles também estão em interação dialética, pois o não reconhecimento como multidimensionalidade expressiva -no tempo e no espaço- expressa contradições que, diante de condições objetivas e subjetivas precisas, geram várias tensões, que marcam o ritmo desses desenvolvimentos e movimentos de transformação na sociedade, na sociedade e no seu estado. Os ritmos dos processos políticos e suas teorias devem ser objeto de intenso estudo pela necessidade desses setores emergentes agrupados -e seus dirigentes- terem uma maior capacidade de compreensão social sobre os obstáculos objetivos e subjetivos para superar momentos rítmicos intensos ou intensos tendendo ao refluxo, seja por mal-entendido ou por desconhecimento, pois a realidade também se transforma em processos estocásticos onde seus componentes aleatórios podem, em condições únicas, alterar o ritmo político ou econômico e então aparecer como algo que o bloco transformador não consegue entender completamente. totalidade.

5.- Uma vez que a sociedade e o Estado que nela atua e se sustenta formam parte integrante do mundo -especialmente desde o primeiro processo de globalização que a humanidade gerou no final do século XV- então é necessário entender que a maior parte as Sociedades e os Estados estão em permanente processo de trocas materiais, imateriais e virtuais de conhecimento, ou sujeitos à imposição de potências estrangeiras, dada a situação regular de desenvolvimento socioeconômico capitalista desigual que cada país tem com governos predominantemente conservadores ou com governos transformadores focados no Socialismo que herda as estruturas capitalistas mas as contrapõe com estruturas comunitárias novas ou originais para criar constantemente espaços de possibilidades para as ações viáveis ​​do bloco transformador com fins socializadores e estabilizadores do trânsito para a formação socioeconômica socialista ou comunal.

6.- As trocas são tão díspares que configuram uma macro-rede global inserida dialeticamente nos dois tipos de globalização em que a humanidade, com sua diversidade de classes e grupos, realiza sua práxis transformadora ou conservadora, indecisa ou indiferente. Essas trocas são significativamente mediadas, tanto pelos poderes dos quatro blocos quanto pelos poderes do ambiente regional, continental ou de classe mundial, pois nesta era digital, a engenharia genética, as biotecnologias, as nanotecnologias e a bioinformática como ferramentas para alterar ( beneficiar, prejudicar ou neutralizar) o estado de desenvolvimento material e humano, será cada vez mais dominado de maneiras diferentes - desequilibradas por enquanto - pelos quatro blocos, mesmo quando os dois mais poderosos e poderosos estão tentando cooptar ou capturar membros do outros dois e isso pressupõe uma certa bipolaridade na hora de decidir os rumos e as estratégias do presente e do futuro.

7.- Por isso, a passagem de um tipo de Estado a outro não é um processo sistêmico, muito menos exclusivamente objetivo, mas com significados subjetivos crescentes, no qual todos os subprocessos e componentes se desenvolvem isoladamente dos demais do mundo do processo, mas sim que a atual transformação dos Estados é um processo estocástico em ritmo crescente, com tendências de regularidades totalizantes em que o desequilíbrio de poderes como significado concreto e também a tendência ao equilíbrio e estabilidade como também significantes concretos , obrigam os pesquisadores e dirigentes a interpretar as transições de um tipo de Estado a outro amparados por novas ciências, tecnologias e inovações de ponta para realizar sua práxis transformadora.

8.- Tais práxis em toda a sua variedade que ocorrem nos mais de cento e noventa e cinco países do mundo são condicionadas pelo cumprimento ou não cumprimento dos princípios e normas do Direito Internacional Público, também em transformação, mas dependendo do eixos de correlação de forças já que este é triádico, assim como o poder como totalidade concreta em cada processo estudado, e se este tipo de direito é o que rege a vida internacional das Nações, deve ser interpretado como a totalidade mediadora na relação entre Estados e Por isso, deve-se reconhecer que o DIP foi demolido em seus princípios e rachado em suas normas pelos poderes que defendem o capitalismo predatório de capa e espada e que relutantemente o aprovaram desde 1945 através da Carta da ONU em face de força ética, política, militar e econômica da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) que a enriqueceu com propostas de independência e foi a principal potência voltada para a construção socialista e líder do Pacto de Varsóvia, o Conselho de Assistência Econômica Mútua (CAME) e o campo socialista eurasiano-latino-americano desde o Vietnã, Mongólia e Cuba também o integrou junto com a URSS, Bulgária, Alemanha Democrática, Romênia, Hungria, Tchecoslováquia e Polônia. E hoje, juntamente com a República Popular da China e toda a gama de aliados ou atores relacionados entre si, Rússia, Índia e Brasil se preparam para revelar um novo direito internacional que seja não apenas um verdadeiro mediador nas relações entre as Nações, mas também entre países. atores privados e entre estes e o público

9.- Com os avanços das sociedades na práxis comunalista durante o trânsito das formações socioeconômicas e políticas, o processo de extinção dos Estados e da própria democracia também avançará contraditoriamente como a forma mais avançada desta, já que também os quatro blocos como tendem a ser reduzidos a dois e com um desequilíbrio cada vez mais premente pelo maior peso que o bloco transformador alcançará ao promover mais reconhecimento e motivação aos integrantes dos blocos indecisos e indiferentes, este se tornará protagonista único da história humana e de cuidadoso cuidado e proteção da natureza, clima e meio ambiente em geral, dada a possibilidade sempre de ter em algum momento informações ou presença até mesmo de comunidades extraterrestres.

10.- A nova era, com toda uma macroestrutura global de blocos de poder de significado nacional e internacional, com estruturas objetivas e subjetivas de vários significados no que diz respeito aos ritmos de seus processos de transformação ou conservação para toda a humanidade, condições em seus atores sociais emancipadores a necessidade desse conhecimento particular, desse modo especial de pensar que consegue endossar constante, sistemática e pertinente esse movimento e desenvolvimento dessa totalidade orgânica e contraditória como é a nova era e os processos objetivos e subjetivos que nela ocorrem devido a a práxis contraditória dos quatro blocos de poder e como expressão concreta do desenvolvimento psicossocial e socioeconômico ou da autopoiese que a humanidade propõe se o vê possível e está disposta a alcançá-lo se o percebe pertinente, como reconheceu Carlos Marx. seu pensamento integral.

Por isso, nesta nova era, um dos deveres dos integrantes do bloco transformador é dedicar mais tempo à sua formação integral e promover coletivamente as condições para estudar massivamente e entender cada um que é preciso estudar a filosofia da emancipação e as teorias marxistas, recriadas pela rica diversidade de intelectuais orgânicos e lideranças de povos com perspectivas e voltadas ou voltadas para a construção do socialismo de forma revolucionária, e que despontam neste início de nova era, superando obstáculos híbridos e bloqueios imperiais e neoliberais de todos os tipos, neste mundo de hoje que com algumas pinceladas problemáticas foram aqui delineadas como contribuições às linhas de pesquisa de nossas universidades emancipatórias.

(*) Cientista Político do UH e Internacionalista do ISRI, Mestre em Ciências Sociais FLACSO e Doutor em Segurança Nacional UMBV. Diretor do Centro de Estudos de Economia Política da UBV. Analista político. Professor universitário de sistema político, epistemologia e teorias das relações internacionais e do sistema mundial, direito internacional público, processos de integração, segurança e defesa, entre outras disciplinas. Orientador de Dissertação de Mestrado e Doutorado. 

E-mail: wongmaestre@gmail.com

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