sábado, 10 de julho de 2021

Sobre crítica e autocrítica * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

 Sobre a Crítica e a Autocrítica1 

1. A crítica e a autocrítica fazem parte dos mecanismos mais importantes da construção do partido operário revolucionário. Trata-se da essência dos métodos revolucionários que lhe permitem manter a estreita ligação com o movimento de massas. 


2. Os mestres do marxismo nos ensinaram que o partido deve ser construído como o estado maior da classe operária, como parte dela; nunca como uma seita apartada. 


3. O sectarismo e o oportunismo fazem parte de uma mesma política que se contrapõe à independência da classe operária. A luta contra o sectarismo tem caraterísticas semelhantes à luta contra o 

oportunismo: forte ligação com o movimento de massas; a explicação paciente e cotidiana, segundo as palavras de Lenin caracterizando o governo de Kerensky. 


4. A autocrítica implica em reconhecer os próprios erros de maneira resoluta e aberta, perante a classe operária em primeiro lugar, com o objetivo de descobrir as causas desses erros e estabelecer a política e o plano organizativos para supera-los. Sem a autocrítica a organização tende a entrar em crise e a se direcionar à direita, fortalecer a ala oportunista na luta interna. Lenin disse em 1921 que “nada poderá nos afundar, senão os nossos próprios erros”. "Todos os partidos revolucionários que sucumbiram até agora sucumbiram porque tornaram-se arrogantes, não conseguiram ver onde estava a fonte de sua força e temeram discutir as suas debilidades. Mas não vamos sucumbir, porque não temos medo de discutir as nossas debilidades, e aprendemos a superá-las". (Obras Completas, vol. 45, p. 126) 

1 Realizamos uma coisa crítica ou alguém, e auto-crítica, quando uma ação é executada sem cumprir os objetivos ou horários definidos, sem logística considerando, etc.; ou simplesmente quando uma actividade não realizado. Portanto, um plano de trabalho coletivo, um planejamento objetiva e estratégica é a primeira condição que deve ser cumprida para a crítica e autocrítica cumprir seu objetivo: corrigir e melhorar a ação revolucionária. 

● Toda crítica tem de ser construtiva, para ajudar e não para destruir." 

Mas como distinguir a crítica ranzinza de uma crítica revolucionária? Apenas se considerarmos a análise dialética da realidade concreta, isto é, para chegar ao cerne da questão, o centro das causas que levaram à deficiência ou falta de atividade. Claro, sempre em referência aos objetivos políticos e organizacionais, e outros aspectos do plano de trabalho. 

Esta ação coletiva é, em essência, como deve ser todo ato libertador. E toda a ação coletiva deve ter uma organização do espaço que represente fielmente os interesses programa revolucionário para atender classe. Ambas as coisas, organização e planejamento estratégico são essenciais. Por isso enfatizamos que a ausência de planos de ação elaborado coletivamente, não pode substituir o exercício crítico revolucionário, desde que haja um espaço organizado: um partido de massas revolucionário ou contra, entre outros. Este corpo coletivo deve ser o principal promotor do exercício crítico e auto-crítica claramente organizado, incluindo através da criação de mecanismos para esse fim. 

Os espaço da critica e autocrítica são os organismos do partido.


5. A crítica representa o complemento dialético da autocrítica, e vice versa. São instrumentos fundamentais para a formação dos quadros e fortalecer o partido revolucionário como uma organização de combate, em luta permanente contra o sectarismo, o dogmatismo, o anarquismo e as várias formas de apresentação do burocratismo. 


6. O partido revolucionário não é um bloco monolítico. A luta de classes o permeia, configurando as três alas (revolucionária, centrista e oportunista). O confronto entre essas três alas faz avançar a política revolucionária, desde que essa ala estabeleça uma luta encarniçada contra todas as manifestações da ideologia e política burguesas e pequeno burguesa no seu interior. Caso houver a capitulação da ala revolucionária ou se ela entrar em acordos escusos, o caminho natural será a implosão do partido como organização revolucionária. E isso foi o que aconteceu com praticamente toda a esquerda mundial nas últimas décadas, particularmente após a queda do Muro de Berlim em 1989. 


7. Lenin disse em “Um passo em frente, um passo atrás” (1904): “Ainda uma palavra a respeito dos adversários da socialdemocracia. Eles seguem com caretas de alegria maligna as nossas discussões; evidentemente procurarão utilizar para os seus fins algumas passagens isoladas desta brochura dedicada aos defeitos e lacunas do nosso partido. Os sociais-democratas russos estão já suficientemente temperados nas batalhas para não se deixarem perturbar por essas alfinetadas, e para prosseguir, apesar delas, o seu trabalho de autocrítica, continuando a revelar 

implacavelmente as suas próprias lacunas, que serão corrigidas, necessária e seguramente, pelo crescimento do movimento operário.” 


8. A visão de Lenin sobre a necessidade da crítica e da autocrítica se materializava em mecanismos organizativos concretos, pelo estrito controle dos dirigentes pelos militantes de base: “Carta a uma camarada sobre nossas tarefas de organização”, de 1902: “Toda a arte de uma organização conspirativa consiste em saber utilizar tudo e todos, em ‘dar trabalho a todos e a cada um’, conservando o mesmo tempo a direção de todo o movimento, e isto entenda-se, não pela força do poder, mas pela força da autoridade, por energia, maior experiência, amplidão de cultura, habilidade. Esta observação está relacionada com uma contestação possível e comum: a de que uma centralização rigorosa possa destruir um trabalho com excessiva facilidade, se casualmente no centro se encontre uma pessoa incapaz, possuidora de imenso poder. É claro que isso é possível, mas o remédio contra isso não pode ser o princípio eleitoral e a descentralização, absolutamente inadmissíveis e inclusive nocivas ao trabalho revolucionário sob a autocracia. O remédio contra isso não se encontra em nenhum estatuto. Somente podem nos fornecer parâmetros ‘críticas fraternas’ começando com resoluções de todos os grupos e sub grupos, seguidas de conclamações ao OC e CC e terminando, ‘na pior das hipóteses’, com a destituição da direção completamente incapaz. O comitê deve esforçar-se para realizar a mais completa divisão de trabalho possível, lembrando-se que para os

vários aspectos do trabalho revolucionário são necessárias diferentes capacidades. Algumas vezes, pessoas completamente incapazes como organizadoras podem ser excelentes agitadoras, ou outras incapazes para uma severíssima disciplina conspirativa, ser excelentes propagandistas, etc. Quanto aos propagandistas, ainda gostaria de dizer algumas palavras contra a tendência usual de abarrotar essa profissão com pessoas pouco capazes rebaixando com isso, o nível da propaganda. Às vezes, entre nós, qualquer estudante indiscriminadamente é considerado propagandista, e todos os jovens exigem que se lhes ‘dê um círculo’, etc. Temos que lutar contra essa prática, pois são muitos os males que daí advém. As pessoas realmente firmes quanto aos princípios, e capazes de ser propagandistas são muito poucas (e para chegar a sê-lo é preciso estudar muito e acumular experiência), e a estas pessoas é necessário especializá-las, ocupar-se delas e cuidá-las com zelo. É preciso organizar várias aulas por semana para esse tipo de pessoas, saber enviá-las oportunamente a outra cidade e, no geral, organizar visitas das mais hábeis propagandistas pelas diversas cidades. Quanto à massa de jovens principiantes é mais conveniente empregá-los nas tarefas práticas, que estão no momento em segundo plano se comparadas com a circulação dos estudantes pelos círculos, otimisticamente chamados ‘de propaganda’. É claro que, para as atividades práticas sérias, também é necessário uma sólida preparação, contudo aqui, é mais fácil encontrar trabalho para os principiantes.”

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