sexta-feira, 31 de março de 2023

O VELÓRIO DE LÊNIN * AUTORIA IGNORADA

 O VELÓRIO DE LÊNIN

"..Quando Lenin morreu, um soldado da guarda, de acordo com a história,

disse a seus companheiros: eu não queria acreditar. Eu fui onde ele estava

e  gritei em seu ouvido: "Ilyich, aqui vêm os exploradores."

Ele não se mexeu.

Agora tenho certeza que ele está morto.


Se um bom homem quer sair,

com o que você pode pará-lo?

Diga a ele para que serve. Isso pode pará-lo.

O que poderia parar Lenin?


O soldado pensou: se ele ouvir que os exploradores estão chegando

pode ser que estando sozinho ou doente ele se levante.

Ele pode vir de muletas. Talvez peça para eles trazerem-no

mas se levantará e virá lutar contra os exploradores.


O soldado sabia que Lenin lutou toda a sua vida

contra os exploradores.

Quando eles terminaram de atacar

o palácio de inverno, o soldado

queria voltar para casa, porque lá

as terras dos donos já haviam sido parceladas.

Então Lenin disse a ele: fique.

Ainda existem exploradores.


E enquanto houver exploração

você tem que lutar contra isso. 

Enquanto você existir

você tem que lutar contra isso.

Os fracos não lutam.


AUTORIA IGNORADA

-Ucrânia 2023-

O VELÓRIO DE LÊNIN


"..Al morir Lenin, un soldado de la guardia, según se cuenta,

dijo a sus camaradas: yo no quería creerlo. Fui donde él estaba

y le grité al oído: "Ilich, ahí vienen los explotadores". 

No se movió.

Ahora estoy seguro que ha muerto.

Si un hombre bueno quiere irse,

¿con qué se le puede detener?

Dile para qué es útil. Eso lo puede detener.

¿Qué podía detener a Lenin?

El soldado pensó: si oye que los explotadores vienen

puede que estando solo o enfermo se levante.

Quizás venga con muletas. Quizás haga que lo traigan,

pero se levantará y vendrá para luchar contra los explotadores.

El soldado sabía que Lenin había peleado toda su vida

contra los explotadores.

Cuando terminaron de tomar por asalto

el Palacio de Invierno, el soldado

quiso regresar a su hogar, porque allí

se habían repartido ya las tierras de los propietarios.

Entonces Lenin le dijo: quédate.

Todavía hay explotadores.

Y mientras haya explotación

hay que luchar contra ella. Mientras tú existas,

tienes que luchar contra ella.

Los débiles no luchan.


AUTORIA IGNORADA

DITADURA, NUNCA MAIS! * Raul Carrion/RS

DITADURA, NUNCA MAIS!
Golpistas reunidos enquanto o Marechal Castelo Branco fazia um comunicado.

Raul Carrion/RS

Em 1º de abril de 1964, há 59 anos, o Brasil mergulhou em uma noite de trevas!

João Goulart – legítimo presidente do Brasil – foi derrubado por um golpe militar, que de imediato acabou com eleições diretas para a presidência da República, suspendeu a Constituição, cassou os direitos políticos de três ex-presidente, seis governadores, quatro Ministros do Superior Tribunal Federal (STF), quase 400 parlamentares e inúmeros juízes e desembargadores. Ao todo, a ditadura militar cassou os direitos políticos e os mandatos de 4.862 brasileiros.

Só nos primeiros meses, foram presas em torno de 50 mil pessoas, muitas das quais torturadas, mortas ou desaparecidas. Dez mil funcionários foram demitidos. Foram abertos cerca de cinco mil Inquéritos Policiais Militares (IPMs), envolvendo cerca de 40 mil pessoas.

Foram indiciadas com base na nova “Lei de Segurança Nacional” 13.752 pessoas e 7.367 foram levados ao banco dos réus. Mais de 10 mil brasileiros tiveram de exilar-se para escapar às perseguições e 130 foram banidos do Brasil. Nas Forças Armadas, 6.592 militares democratas foram punidos ou afastados.

A Central Geral dos Trabalhadores foi proibida e seus dirigentes perseguidos. Intervieram em 452 sindicatos, 43 federações e três confederações. A UNE e a UBES tiveram a sua sede incendiada e os seus dirigentes perseguidos pelos órgãos de repressão. As Ligas Camponesas sofreram a mesma sorte.

Os expurgos de professores e cientistas nas universidades, a expulsão de líderes estudantis, a censura a 500 filmes, 450 peças teatrais, 200 livros, 100 revistas, mil letras de música, doze novelas de TV e 20 programas de rádio, tentaram calar a nossa intelectualidade, mas sem êxito.

O aparelho de Estado foi “tomado” por 18 mil militares que, além de diversos ministérios, passaram a ocupar cargos remunerados na administração direta, estatais, autarquias e grupos privados. O Serviço Nacional de Informação (SNI) montou uma máquina de espionagem com mais de 300 mil informantes e um milhão de colaboradores. Foram “fichados” 250 mil cidadãos.

Frente à resistência – que nunca cessou – os sequestros, as prisões arbitrárias, torturas, assassinatos, desaparecimentos se tornaram rotina, acobertados pela “incomunicabilidade” dos detidos, pela inexistência do habeas-corpus e pela censura (e autocensura) da mídia.

Centros clandestinos de tortura passaram a rivalizar com os centros oficiais de detenção e tortura, como os DOPS, DOI-CODI, CENIMAR. Muitos dos “desaparecidos” foram jogados de aviões em alto mar, outros foram queimados em fornos ou enterrados como indigentes.

A ditadura militar de 1964 não foi criação de “homens maus” ou fruto da mente degenerada de alguns generais facínoras. Foi criação de um sistema de exploração em crise que, para manter-se, precisou assumir a forma totalitária e repressiva.

Não é segredo para ninguém a participação direta na sua preparação da embaixada norte-americana no Brasil, a campanha a favor do golpe dos principais jornais do país – Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, O Globo, Correio da Manhã –, o apoio de proeminentes líderes empresariais e de prestigiadas multinacionais no financiamento e na sustentação da ditadura e de seus aparelhos de repressão e tortura.

Por isso, neste dia de denúncia dos crimes da ditadura – que por 21 anos infelicitou a nossa Pátria –, é preciso não só repudiar as atrocidades cometidas, mas também identificar os verdadeiros mandantes e apontar a necessidade da superação desta sociedade de exploração e opressão que, se não for definitivamente enterrada, gerará novos monstros, como o genocida que acabamos de derrotar!

ESCURIDÃO NA TERRA DA LUZ

Democracia, ditadura e golpes * Sergio Rodriguez Gelfenstein / Venezuela

Democracia, ditadura e golpes

Sergio Rodriguez Gelfenstein / Nuestra America

De Caracas, Venezuela


Os que acreditam na história da democracia representativa e do "mundo livre" terão tido tempo de reconsiderar depois dos últimos acontecimentos no Peru e no Brasil, que mostraram em todo o seu esplendor a falsidade de tais conceitos. Por fim, a força continua a ser imposta como instrumento dos poderosos para impor os critérios que lhes permitem dominar o mundo.


Por muitos anos, em tom sarcástico, ele se perguntou por que não houve golpes de Estado nos Estados Unidos. A resposta invariável era: "... o que acontece é que não há embaixada dos Estados Unidos em Washington." Essa história não pode mais ser contada. Em janeiro de 2021, no maior centro imperial do mundo, também houve uma tentativa de golpe.

 

Ahora, la historia se ha repetido en Brasil con asombrosas similitudes, incluso casi coincide en el día y la fecha, tal vez la única diferencia es que en Estados Unidos Trump no había entregado la administración y en el caso más reciente, Bolsonaro ya era parte da historia.

Nos últimos anos, o ressurgimento de posições e organizações fascistas de ultradireita, que finalmente é a direita pura e dura, tem causado grande consternação. Esta ânsia de alguns de se distanciar de certas posições quando a situação o justifica, deu origem à centro-direita, à direita, à ultra-direita, à extrema-direita e em Israel até à "direita ortodoxa". Da mesma forma, do outro lado, surgiram a esquerda democrática, a centro-esquerda, a esquerda radical, a ultraesquerda, a social-democracia e outras denominações que só servem para esconder as verdadeiras posições e enganar os eleitores.

 

Na verdade, a linha divisória passa por fazer política a favor do povo ou contra ele. E para isso, como estipula a Constituição Política da Venezuela, a democracia também deve ser participativa e a melhor forma de tornar efetiva a participação é dar ao povo as armas para se defender. Não há melhor expressão de democracia do que um povo fortemente imbricado com suas forças armadas para garantir a soberania nacional.

 

No auge do descaramento, os Estados Unidos agora acrescentaram ao seu arsenal teórico um novo conceito de fraude: os golpes só são válidos quando promovidos, organizados e financiados por Washington. A esse respeito e em relação à tentativa fascista no Brasil, o secretário de Estado Anthony Blinken soltou esta pequena pérola: “Usar a violência para atacar as instituições democráticas é sempre inaceitável”. Será que você esqueceu Chile 1973, Bolívia 1979, Peru 1991, Venezuela 2002, Haiti 2004, Honduras 2009, Equador 2010, Paraguai 2012, Nicarágua 2018, Bolívia 2019 e Peru 2022 para citar alguns onde a mão dos Estados Unidos estava presentes para “atacar as instituições democráticas através da violência”.

 

Sem falar nas “revoluções coloridas”, um eufemismo para se referir a golpes que no caso da Ucrânia em 2014 iniciaram uma guerra de extermínio do povo russo e outras minorias que habitam aquele país. Neste caso, a própria subsecretária de Estado Victoria Nuland esteve no terreno, organizando descaradamente a necessária violência que levaria ao derrube do governo.

 

Só se assustam quando os processos fogem do controle e os setores fascistas tomam seu próprio motor para agir fora das instituições de poder, "desordenando" o controle que estabeleceram para sustentar a exploração e a dominação. A prova é que o pinochetismo no Chile agora se chama UDI, os seguidores de Videla e Massera se chamam PRO na Argentina e os Fujimoristas Fuerza Popular no Peru e os Banzeristas Civic Committee de Santa Cruz. São os mesmos fascistas disfarçados, que até afirmam ensinar a democracia sob um sistema que lhes permite fazê-lo porque, no fundo, serve aos interesses da mesma classe.

 

Por fim, é preciso lembrar que tanto Hitler quanto Mussolini, assim como Trump e Bolsonaro, chegaram ao poder por meio de eleições. Também não devemos esquecer que assim como Trump teve seu 6 de janeiro e Bolsonaro seu 8 de janeiro, Hitler em 27 de fevereiro de 1933 ordenou o incêndio do Reichstag (parlamento alemão) para culpar os comunistas, acusando um jovem trabalhador sem provas. velho holandês pelo qual foi condenado à morte alguns meses depois. O fato permitiu a Hitler justificar a instauração do Terceiro Reich, tudo de forma "legal". Hoje eles não conseguiram orquestrar nem isso na Ucrânia. Daí o golpe de 2014.

 

Os tempos mudaram mas a indumentária é a mesma porque as intenções não mudam e enquanto a esquerda não entender que a sua principal aliança é com o povo, não com os empresários ou com a direita, continuará à espreita, governando sozinha como em os Estados Unidos, em aliança com os "liberais" quando lhes convém como no caso do Chile, Alemanha ou Espanha e quando nada disso funcionar, o arquivo do golpe estará sempre aberto, sim, deve ter a permissão de Washington.


O Dia que Durou 21 Anos - Documentário Completo
CANAL DESMISTIFICANDO

quinta-feira, 30 de março de 2023

Quando a esquerda deixou de ser pacifista na Ucrânia * Hasel-Paris Álvarez Martín/O Espanhol

Quando a esquerda deixou de ser pacifista na Ucrânia
-Movimento Socialista Russo-MSR, se manifesta contra a Rússia-
*
Hasel-Paris Álvarez Martín/O Espanhol


Diz-se que a guerra na Ucrânia transformou irreversivelmente o mundo, a ordem política e econômica. Mas o que mais mudou foi a cultura esquerdista.

No início da guerra, o consenso ocidental era não enviar armas ofensivas para a Ucrânia, a fim de evitar uma escalada da guerra. Ninguém queria cruzar a linha tênue entre "ajudar os ucranianos a se defenderem" e "declarar guerra à Rússia". Os russos poderiam responder atacando o território da OTAN, o que por sua vez iniciaria uma Terceira Guerra Mundial, com possibilidade de chuva ácida.

Um ano depois, boa parte da esquerda europeia mudou o pacifismo e a neutralidade enviando tanques pesados, como o Leopard. Entre os governos mais empenhados nesta operação encontram-se várias social-democracias: Espanha, Portugal, Alemanha, Dinamarca, Noruega e Canadá. Com a escalada já em andamento, a Finlândia (outra social-democracia) está debatendo o envio de caças

A Ucrânia pede mais: mísseis de longo alcance , navios de guerra, submarinos. E, talvez no futuro, como previu Zelensky, "que os países membros da OTAN também enviem seus filhos para morrer na guerra".

O liberalismo ocidental já se esforça mais para enviar armas para o campo de batalha do que para enviar diplomatas à mesa de negociações. E este passo não foi dado apenas pela social-democracia, mas também por vários partidos à sua esquerda: do polaco Lewica ("esquerda") ao dinamarquês Rød-Grønne ("vermelho e verde"), passando pelo Vasemmistoliitto (" aliança de esquerda") finlandês e concluindo com o espaço de Yolanda Díaz na Espanha.

Além disso, a esquerda alemã, traumatizada com a "memória antinazista" (como a esquerda espanhola com seu "alerta antifascista") e obcecada em não repetir o passado, agora envia seus panzers em direção à estepe oriental como se fosse em meados de 1941.

Outra novidade cultural: há apenas um ano, nossa esquerda estava decidida a expulsar a Polônia da União Européia, por não permitir que seus homossexuais se casassem ou abortassem suas mulheres. Agora essa mesma esquerda celebra a liderança européia da Polônia, pronta para imolar no altar da guerra seus tanques, seus aviões e, se necessário, seus homossexuais e suas mulheres.

A esquerda cosmopolita, não fronteiriça e pós-patriótica, que nos dizia que "a terra só pertence ao vento", de repente quer penhorar a vida e o património (alheios) não só em nome da soberania nacional ucraniana, mas da reintegração territorial de cada centímetro da Crimeia. O próprio exército ucraniano afirma que nossos tanques não são suficientes para atingir tal objetivo, o que torna a esperança do Ocidente ainda mais vã.

O que dizer da social-democracia nórdica, de volta à Suécia e à Finlândia! Tanto que haviam combatido a proliferação das armas atômicas, para acabar tendo como principal aspiração ingressar na OTAN, que se compromete a ser “uma aliança atômica até o dia em que as armas atômicas deixarem de existir”.

E os Verdes na Alemanha? Os primeiros a falar em aquecimento global tornaram-se os primeiros responsáveis ​​pelo aquecimento da Nova Guerra Fria, com declarações como a de Annalena Baerbock: "Os europeus estão em guerra contra a Rússia". Eles vão querer compensar esse aquecimento global buscando um inverno nuclear? Há uma década, a principal preocupação desses ambientalistas e animalistas era proteger o leopardo da caça furtiva. Agora eles são os leopardos, os lutadores e os caçadores furtivos.

A esquerda internacionalista que criticou o bloqueio a Cuba ou à Palestina defende atualmente o uso das sanções como arma de guerra econômica. A esquerda do Black Lives Matter está fazendo com que tais sanções prejudiquem a capacidade dos países africanos de trazer alimentos básicos e fertilizantes agrícolas da Rússia (nas palavras de Macky Sall, chefe da União Africana). A esquerda multicultural que pregava a "aliança das civilizações" já dedica quase o dobro do orçamento para a guerra do que para ajudar os países pobres do mundo.

Todos com um mínimo de consciência social na segunda metade do século 20 sofreram com o macarthismo. Ou seja, a perseguição e a falsa acusação de ser "pró-soviético". Bem, no século 21, seus filhos repetem a mesma acusação de "pró-Rússia" contra qualquer pessoa com um mínimo de consciência geopolítica.

O progressismo europeísta bobo, que costumava ser mais Bruxelas do que repolho, agora aplaude um carregamento de tanques imposto à força no eixo franco-alemão . Uma vitória sobre a União Europeia do seu rival (EUA), do seu desertor (Reino Unido) e da sua fera negra (Polónia). Tudo isso em benefício de países fora dos regulamentos de segurança da UE (Canadá, Noruega, Turquia) podendo vender nossas armas. Deixe soar o Hino à Alegria!

Aqueles que no passado se manifestaram contra a OTAN, porque a denunciavam como uma organização expansionista a serviço do imperialismo ianque, hoje a veem com olhos cada vez melhores.

Putin é tão machista e patriarcal, ele é tão caucasiano (nunca melhor dito) e tão poluente (com todo aquele petróleo, carvão e gás natural), que a OTAN começa a parecer "progressista" para eles em comparação. Afinal, agora existem mulheres no Pentágono, várias delas até "racializadas".

Os exércitos natoistas não estão mais lutando por combustíveis e terras raras, como antes, mas para que o Eurovision e o Kyiv Pride possam ser realizados na capital ucraniana. Sem mencionar os benefícios ecológicos: quanto mais Leopards colocarmos para destruir e ser destruídos, menos veículos de alta emissão permanecerão no mercado. E menos humanos vivos consumindo recursos escassos. Como ser progressista hoje sem ser otanista?

No entanto, todas essas transformações na esquerda parecem profundas demais para serem uma mera reação à Rússia de Putin. Aqui, na Espanha do PSOE, já tínhamos visto antes o milagre da transubstanciação. Passar da OTAN para não estar diretamente na linha de frente do bombardeio da Iugoslávia.

O que está acontecendo nas fileiras progressistas ocidentais é, na verdade, o ápice de um processo que começou de maio de 1968 até a queda do Muro de Berlim em 1989. É a absorção absoluta da esquerda pelo capitalismo, que já não aspira seriamente derrubar. Busca apenas torná-lo mais politicamente correto, mais sustentável, mais diverso e inclusivo.

A esquerda realmente existente permaneceu para aplicar o desmantelamento da produção ditado pela transição energética do BCE. E as prescrições migratórias ditadas pelo FMI. E a compra de carros ditada pela Agenda 2030 da ONU. E o “ser feliz sem nada” ditado pelo Fórum de Davos.

Como não pode deixar de ser, a consequência de se render ao capitalismo desta forma é acabar por se render também ao seu braço armado: a OTAN. Primeiro a prata e depois o chumbo. E farão isso pouco a pouco sem desculpa, ou mais rápido com a desculpa da Rússia, China ou Cochinchina.

Podemos batizar esta progressiva com o título de "esquerda leopardo", uma descoberta de Julián Jiménez. O professor o define como “aquele que na Venezuela apóia a extrema direita dizendo que Maduro é um ditador, na Ucrânia apóia Azov com o mesmo argumento e, em geral, apóia os EUA em qualquer conflito”.

São “o Antonio Maestre, Pedro Vallín, Estefanía Molina, a intelligentsia do PRISA e do El País ”, que “estão contra a guerra até que o PSOE chegue ao Governo e seja hora de apoiar a sua ação militar, do Afeganistão à Líbia. "

O conceito de "esquerda leopardo" tem algo de irônico. Rima com "rojipardo", que é precisamente o termo pejorativo que esta esquerda usa para insultar quem sai da sua estreiteza de espírito, seja pela esquerda ("roji-") ou pela direita ("-pardo" ).

Eles também gostam de usar o apelido de "tanque". Uma invenção dos liberais e progressistas britânicos para desqualificar socialistas e comunistas. Eles estavam associados aos tanques soviéticos em Budapeste e aos tanques chineses em Tiananmen, marcando-os assim como inimigos violentos do Ocidente civilizado.

Tudo isso nos anos 80, enquanto Margaret Thatcher comandava blindados contra os argentinos nas Malvinas e contra os mineiros em seu próprio país. Tragicamente, justamente aqueles que se solidarizam com cubanos, vietnamitas, coreanos ou sírios foram chamados de "tanque". Ou seja, com cidades que realmente sofrem com tanques, invasões e bloqueios.

Em uma bela virada da história, pode-se finalmente chamar de “tankistas” quem realmente são e sempre foram: a “esquerda leopardo”. Eles merecem isso por seus amados tanques Leopard, é claro, mas também por sua semelhança com o animal que deu nome a eles.

É um predador oportunista , capaz de engolir qualquer coisa, especialista em se adaptar a qualquer ambiente que esteja. Enquanto o sol está alto, ele dorme sem se importar com a agitação do dia, acordando apenas para caçar ao cair da noite.

Assim é a "esquerda leopardo": seus olhos ficam fechados durante a jornada de trabalho, deixando o mercado agir com indiferença. Mas oh, quando chega a noite escura do imperialismo! Lá ele tira suas garras e presas

quarta-feira, 29 de março de 2023

POR QUE TEMER O COMUNISMO? * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

POR QUE TEMER O COMUNISMO?
Marx, Bakunin e a Associação Internacional dos Trabalhadores
BLOG DA BOITEMPO

O REINO DO MARROCOS OU MARROCOSGATE * África Confidencial

 O REINO DO MARROCOS OU MARROCOSGATE

Parlamentares e funcionários do  Parlamento Europeu na prisão

A política de corrupção e chantagem, como a compra de apoio, é mais do que conhecida no  Reino do Marrocos. O governo marroquino tinha, e tem, redes para cooptar políticos,  deputados, senadores, funcionários do governo, artista e até pessoas comuns que,  infelizmente, não têm ética, nem respeito ao Direito Internacional, à Justiça, aos Direitos  Humanos e, sobretudo, alguns povos, que aceitam colocar um punhado de dinheiro em seus  bolsos. Como diz o provérbio saaraui: “eu bebo e deixo o poço desabar”. 

Para não revelar a situação marroquina relativa aos direitos humanos, a situação econômica  e política que vivem os saarauis nas zonas ocupadas do Saara Ocidental e na zona do Rife, o  Marrocos dispõe de uma rede extraordinária e bem organizada. Há, entre muitas outras, a  história do Prêmio Sakharov, onde o dinheiro marroquino foi mais forte que o respeito aos  direitos humanos que impediu a premiação pela União Europeia da ativista saaraui, Sultana  Jaya.  

O MARROCOSGATE faz parte desta corrente suja que abalou os alicerces de uma das mais  importantes instituições europeias: o Parlamento Europeu. 

Desde a invasão militar marroquina ilegal ao território saaraui, houve o desenvolvimento de métodos baseados em todas as formas de subornos: viagens, sexo, presentes, etc., tudo  visando fazer com que a Comunidade Internacional legalizasse esta invasão e aceitasse a  inclusão do Saara Ocidental em seus acordos comerciais para poder roubar e vender as  riquezas saarauis. 

O que aconteceu no Parlamento é a ponta do iceberg, segundo analistas. A grande questão é:  quando explodirá a política de suborno que o Marrocos vem realizando na América Latina  e no Caribe há uma década? Sabemos de viagens, jantares, sexo, presentes, dinheiro ofertado e, possivelmente, funcionários de instituições pagos para monitorar os movimentos e  atividades da República Árabe Saaraui Democrática (RASD) e da Frente POLISARIO no  continente. 

Outro dos métodos criminosos marroquinos é a utilização de escutas. A imprensa  internacional publicou diversos artigos sobre o software PEGASUS, que foi utilizado para  monitorar celulares de presidentes, como o da França, também, de deputados europeus, de  políticos, de jornalistas e de opositores ao regime. 

Não se entende como os diplomatas marroquinos andam pelo Parlamento Europeu por mais  de 25 anos – como se estivessem em casa –, senão graças à corrupção. Tampouco, como ex presidentes, ex-ministros e legisladores de outros países andam pelo mundo defendendo a  ocupação marroquina do Saara Ocidental.

O Reino do Marrocos é um país protegido e defendido na Europa, se mostra como um Estado  democrático, respeitador dos direitos humanos e da aplicação da justiça. Isso lhe permitiu  obter milhões de euros em ajuda dos cofres europeus e manter o Parlamento Europeu em  silêncio até o momento em que estourou o Morrocosgate, um escândalo vergonhoso que  mancha a Europa. Descobriu-se a aceitação, por parte de eurodeputados, de várias formas de  suborno marroquino. A polícia belga invadiu escritórios e residências de vários  parlamentares e funcionários do Parlamento Europeu e conseguiu recuperar milhões de euros  guardados em caixas e sacolas. 

Segundo Ihssane El Omri, um estudioso marroquino: 

“O Marrocos não perde uma oportunidade de distribuir propinas, inclusive para comprar o  silêncio de estrangeiros”. “A corrupção no Marrocos representa um estado de ordem  normal e não apenas um perigo que intervém para perturbar as relações de poder dentro da  sociedade. A normalização da corrupção, com as suas práticas antagônicas à moral,  conduziu a uma disfunção desta moral, inata nos marroquinos e em todos os seres humanos,  que permite distinguir o justo do injusto, o bom do que é ruim, o que é humano do inumano.  John Waterbury já afirmava, em 1973, que no Marrocos a corrupção flutua livremente e é  manipulada, guiada, planejada e desejada pelo próprio regime”. 

“Na administração pública, o marroquino, cotidianamente, suborna o funcionário para que  ele não exerça sua função administrativa, ou para falsificar um ou mais documentos. Os  vendedores ambulantes, que pagam regularmente propina às autoridades para poderem  exercer suas atividades informais, têm legitimado este direito à propina aos funcionários do  Estado, que, por sua vez, embolsam rendimentos adicionais face à não aplicação da lei, o  que lhes permite exercer seu poder de maneira desenfreada”. 

“O caso de corrupção que estourou no Parlamento Europeu em dezembro passado lançou  luz sobre outra dimensão das relações corruptas do Marrocos com países estrangeiros. Mas  antes, vamos invocar um exemplo que conhecemos bem, o dos narcotraficantes marroquinos  e suas redes que abriram caminho para a exportação de maconha marroquina e até de outras  drogas pesadas para a França e para a Espanha. Cada vez que a mídia marroquina informa  sobre o desmantelamento de uma rede de narcotráfico de ‘X’ toneladas, fica-se com a  impressão de que o objetivo é passar por baixo da mesa as ‘Y’ toneladas restantes. Esses  desvios ilegais são uma importante fonte de divisa para o ‘caixa dois do suborno’, utilizado  nas redes de corrupção e clientelismo, e que vai desde o agricultor até o poder em grande  escala do Estado marroquino”. 

“Durante o reinado de Hassan II, foi um ‘pode passar tudo’ concedido à região do Rife para  comprar sua lealdade, como havia ocorrido com os militares após as duas tentativas de  golpe, em 1971 e 1972. Naquela ocasião, Hassan deu luz verde a qualquer prática corrupta:  

‘Ganhe dinheiro e fique fora da política’, disse aos militares. O Marrocos não perde a  oportunidade de distribuir subornos, inclusive para comprar o silêncio de estrangeiros,  sejam eles jornalistas, parlamentares, funcionários do Estado ou outros, sempre na tentativa  de preservar a sua imagem, contudo, ela já se encontra manchada pelas atitudes corruptas.  Só resta a voz divina, que infelizmente não pode ser comprada ou reproduzida”.

Quando os tribunais belgas começaram a investigar os indícios de corrupção, veio à tona o  que era conhecido, mas oculto por muito tempo, graças aos milhões de euros que o Marrocos  distribui a deputados e funcionários do Parlamento, bem como a alguns meios de  comunicação. Foram expostas as redes que serviam para comprar votos e apoio ao Marrocos  no que tange a dois temas de grande importância: 1) o direito de pesca que incluía ilegalmente  as águas saarauis, e, 2) o silenciamento de qualquer tentativa de defesa do direito dos saarauis  à autodeterminação. 

Entre os três principais grupos políticos do Parlamento Europeu e o poder marroquino há um  idílio de longa data. Rabat parece intocável. Enquanto o Parlamento Europeu vota, em todas  as sessões, resoluções úteis para ativistas preocupados com a violação dos direitos humanos  em vários países, nunca, em vinte anos, se votou uma resolução com esse conteúdo sobre o 

Marrocos. 

Tudo começou a vir à tona com a prisão do ex-deputado Pier Antonio Panzeri, da Aliança  Progressista de Socialistas e Democratas, que chefiava a Delegação para as Relações com os  Países do Magrebe e a União do Magrebe Árabe. Horas depois, sua esposa e filha também  foram presas. O mandado de prisão acusava Panzeri de “interferir politicamente junto a  membros que trabalham no Parlamento Europeu em benefício do Marrocos”. 

A maré mudou repentinamente para o Reino de Marrocos no Parlamento Europeu. Pela  primeira vez, desde 1996, os eurodeputados votaram, em 19 de janeiro de 2023, a favor de  uma resolução não vinculativa que condena os ataques a jornalistas e à liberdade de expressão  por parte do regime do rei Mohammed VI. 

Este gigantesco escândalo de corrupção, o chamado “Marrocosgate”, tinha de irromper para  que os eurodeputados se lembrassem de que o Marrocos, parceiro privilegiado da União  Europeia na África, nada tem a ver com democracia. Este escândalo desmascarou a  interferência marroquina na instituição europeia e, a justiça belga, desde então, tem o Reino  de Marrocos sob investigação.  

Dois eurodeputados denunciaram os corruptores marroquinos 

A Off Investigation conseguiu revelar como o caso começou. “Os marroquinos abordaram  dois eurodeputados espanhóis e tentaram suborná-los”, disse, sob a condição de anonimato, um alto funcionário francês, familiarizado com o caso. “Se funcionou no passado, desta vez  os marroquinos encontraram a porta fechada. Os dois eurodeputados alertam as autoridades  do seu país e, em particular, os serviços de inteligência espanhóis”. 

Segundo esta fonte francesa, os serviços espanhóis notificaram os serviços de inteligência de  vários países europeus do bloco, entre os quais, a França. Uma reunião secreta foi realizada  e, acordado mutuamente que a Bélgica herdaria o caso e lideraria a investigação. Pela  primeira vez em muito tempo, ninguém queria fechar os olhos à interferência marroquina na  Europa. 

“Originalmente, os belgas nada tinham e nada sabiam dos eventos que aconteciam em seu  território. Tivemos que fornecer muitos dados para que pudessem iniciar a investigação”

continua a relatar a fonte francesa acima citada. Os serviços de inteligência belgas  introduziram agentes disfarçados no apartamento do ex-deputado italiano Pier Antonio  Panzeri, suspeito de ser a peça-chave do sistema de corrupção marroquino no Parlamento  Europeu. Lá, descobriram e fotografaram maços de notas antes de colocá-las de volta em seu  lugar. A investigação foi parcialmente desclassificada e posteriormente processada. Quem  foi designado para conduzir a investigação foi o juiz anticorrupção, Michel Claise. 

Evidenciaram-se vínculos, principalmente através das escutas telefônicas entre o próprio  Panzeri e sua esposa, Maria Colleoni, nas quais eles falam sobre viagens e presentes  recebidos no Marrocos, por meio do representante de Rabat em Varsóvia. “O suspeito”,  escrevem os investigadores, conforme relatado por IlSole24Ore, “parece ter intervindo  politicamente junto a membros do Parlamento Europeu em benefício do Marrocos, em troca  de pagamento de quantias em dinheiro e presentes ou gratificações. E ter usado métodos  engenhosos e muitas vezes ilegais para alcançar seus objetivos”. 

O jornal belga Le Soir noticiou uma busca realizada no último sábado nos escritórios do  eurodeputado socialista belga Marc Tarabella. No momento, não se sabe se o político está,  ou não, entre os investigados. No entanto, a mídia local apontou que Tarabella é considerado  um dos mais próximos de Rabat, portanto, é possível que os investigadores estejam tentando  aprofundar nessa relação marroquina. Nesse imbróglio, as relações comerciais e o Saara  Ocidental são as questões que mais envolvem subornos marroquinos. 

Um dos primeiros detidos na vasta operação anticorrupção foi Francesco Giorgi, que  confessou estar a serviço do Marrocos, atuando como agente corruptor e interferindo no  Parlamento Europeu. Giorgi é companheiro da eurodeputada grega, Eva Kaili, que, até então,  era vice-presidente do Parlamento Europeu. Eva Kaili, também acusada e presa, diz que Pier  Antonio Panzeri, o antigo eurodeputado italiano, seria, de fato, o alegado chefe da  organização. 

Em sua confissão, Francesco Giorgi reconhece que seu papel na “organização” era  administrar o caixa. Esta confissão não para por aí. Giorgi suspeita que duas pessoas tenham  recebido dinheiro através de Panzeri: o eurodeputado italiano Andrea Cozzolino e o  eurodeputado belga Marc Tarabella, ambos membros do Grupo da Aliança Progressista de 

Socialistas e Democratas. 

Serviços Secretos Marroquinos suspeitos de ingerência 

De acordo com os documentos que os jornais Le Soir e La Repubblica puderam consultar,  Antonio Panzeri, o eurodeputado do S&D, Andrea Cozzolino e o assistente Francesco Giorgi  – companheiro da vice-presidente destituída Eva Kaili – estiveram em contato com o serviço  de inteligência marroquino, o chamado Direção-Geral de Estudos e Documentação (DGED),  e com Abderrahim Atmoun, embaixador marroquino na Polônia. 

O Le Soir contatou o Sr. Cozzolino e a embaixada marroquina na Polônia, bem como os  advogados do Sr. Panzeri e do Sr. Giorgi. Ninguém quis comentar o caso. Além do  embaixador Atmoun, o Le Soir menciona dois agentes do serviço secreto marroquino, mas 

também não conseguiu contatá-los. Esses representantes do Estado marroquino estariam,  portanto, em contato próximo com pessoas já suspeitas de corrupção ativa ou passiva na  investigação judicial belga. 

Ana Gomes, diplomata portuguesa aposentada, que foi deputada no Parlamento Europeu de  2004 a 2019, diz que “embora a investigação tenha se centrado inicialmente no Qatar, parece  que o Marrocos deveria ser, cada vez mais, o foco da investigação”. Segundo, Ana Gomes,  Antonio Panzieri fundou a ONG “Fight Impunity”, em 2019, com o objetivo de “promover  o combate à impunidade em casos de graves violações de direitos humanos e crimes contra  a humanidade”. Na realidade, esta ONG foi criada para acobertar a rede de corrupção e  recebeu dinheiro do governo marroquino. Sua esposa e filha eram funcionárias desta ONG. 

A diplomata portuguesa afirma ter recebido, por diversas vezes, emails de Pier Antonio  Panzeri e do socialista francês Gilles Pargneaux, convidando-a para uma viagem ao Marrocos: “Recebemos convites para fazer viagens que seriam lindas e com estadias que  seriam pagas pelos marroquinos. Essas viagens serviriam para os marroquinos nos mostrarem  o que eles queriam de fato. Claro, nunca aceitei. Mas, infelizmente, temo que alguns  membros concordaram em ir e foi uma forma de cooptá-los. Não apenas instrumentalizando os, mas capturando-os. Em outras palavras, responsabilize os deputados”. 

Ana Gomes disse ter sido testemunha ocular dessas práticas. “O empenho do Sr. Panzieri em  defender o ponto de vista do Marrocos, em contrariar a campanha pelos direitos humanos  [...] fez-me suspeitar de que havia uma ligação muito forte dele com Marrocos”, destacou, a  ex-deputada portuguesa. 

Também falamos com Francesco Bastagli, ex-representante especial das Nações Unidas para  o Saara Ocidental, que observa que o Marrocos cultivou uma sofisticada rede de “amigos” na Europa – e em outros continentes – que ajudaram o país em acordos comerciais e na  aceitação de sua ocupação ilegal do Saara Ocidental. Durante dez anos, o MPE – Modelo do  Parlamento Europeu – defendeu regularmente os interesses do Marrocos no seio da  instituição europeia. 

Além de Antonio Panzieri, outros deputados têm mantido relações estreitas com Marrocos,  sendo um deles o francês Gilles Pargneaux, eurodeputado socialista até 2019. Pargneaux  recebeu várias condecorações de autoridades marroquinas que o agradeceram abertamente  pelos seus serviços. “É uma distinção que demonstra o interesse que Sua Majestade dá à ação  parlamentar e à ação desta fantástica equipe que defende os nossos interesses vitais perante  as organizações internacionais”, disse Mohamed Cheikh Biadillah, assessor do rei de  Marrocos, à televisão marroquina durante uma cerimônia. 

Em um jornal europeu há a seguinte descrição: 

“Era uma noite de sexta-feira, tipicamente sonolenta, na ampla sede da União Europeia em  Bruxelas. Os milhares de diplomatas, funcionários públicos e políticos que lotam a capital  belga durante a semana, há muito haviam voltado para suas casas para o fim de semana.  Mas nos escritórios de aço e vidro do Parlamento Europeu, na Place Luxembourg, estava 

prestes a começar um drama que está abalando os próprios alicerces da democracia do  bloco. Ao cair da noite, em 9 de dezembro, a polícia belga e os oficiais de segurança  parlamentares se moviam furtivamente pelos corredores imaculados do prédio vazio,  isolando salas e escritórios pelo caminho. 

Ao mesmo tempo, os detetives se preparavam para lançar uma série de batidas em casas e  apartamentos em toda a capital. Nas horas que se seguiram, seis suspeitos foram detidos,  incluindo Eva Kaili, uma glamourosa política grega de 44 anos que, como vice-presidente,  era uma das políticas de maior destaque no Parlamento Europeu. Seu companheiro e seu  ex-chefe também foram presos. As batidas nos dias subsequentes seguiram em pelo menos  20 residências e escritórios na Bélgica, na Itália e na Grécia, e renderam 1,5 milhão de  euros em dinheiro, enquanto os policiais apreenderam computadores e telefones celulares  como prova. A polícia encontrou 150 mil euros em notas no apartamento que Kaili dividia  com o companheiro e, num dos detalhes mais estranhos, surpreenderam o pai dela  carregando uma mala cheia de dinheiro ao sair do hotel Sofitel, no centro da cidade. 

Enquanto as investigações continuam, Kaili e seu companheiro estão presos na Bélgica. Eles  estão entre os quatro suspeitos detidos por acusações preliminares de corrupção e lavagem  de dinheiro. A suspeita, segundo documentos oficiais, é de que eles aceitaram pagamentos  em troca ‘de atuarem’ no Parlamento em favor do Marrocos e [...]”. 

Outro periódico africano publica, em 24 de janeiro de 2023: 

“A investigação judicial da Bélgica sobre o suborno de políticos europeus vai além [… ]  para incluir o Marrocos”. É a maior investigação sobre corrupção na União Europeia em  mais de duas décadas e se concentra em alegações de que […] o Marrocos comprou  influência no Parlamento Europeu. No mês passado, a polícia belga invadiu mais de 20  casas e escritórios, confiscou telefones e computadores, além de mais de 1,5 milhão de euros  (US$ 1,62 milhão) em dinheiro. 

Pier Antonio Panzeri, italiano e ex-membro do Parlamento Europeu, diz que o Marrocos  ofereceu incentivos financeiros aos eurodeputados em troca de apoio político nas relações  UE-Marrocos e no status do Saara Ocidental. Anteriormente, Panzeri chegou a um “acordo  de arrependimento” com as autoridades belgas oferecendo uma promessa de redução do  tempo de prisão em troca de fornecer detalhes sobre o esquema de corrupção. Panzeri  confessou ter “participado ativamente de atos de corrupção em relação ao Marrocos e,  portanto, ter sido corrompido e ter corrompido outros”, disse seu advogado, Laurent  Kennes, a repórteres, em 18 de janeiro. 

Parece certo que isso complicará as já difíceis relações do Marrocos com a UE quanto ao  comércio e controle de migração. As revelações que emergem da investigação,  provavelmente encorajarão os eurodeputados a endurecer sua posição em relação a Rabat.  Uma resolução sobre liberdade de imprensa e direitos humanos no Marrocos, adotada pelos  eurodeputados com ampla maioria, em 19 de janeiro de 2023, exorta as autoridades  marroquinas a respeitar a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa, além de 

garantir julgamentos justos para jornalistas presos como Omar Radi, Souleimen Raissouni  e Taoufik Bouachrine. 

Há alegações generalizadas de que o Marrocos usou o escritório paraestatal de fosfato,  Chérifien des Phosphates (OCP), para financiar viagens com todas as despesas pagas e  incentivos para deputados do Parlamento Europeu. Uma delegação parlamentar do  Marrocos esteve em Estrasburgo antes do debate e votação na semana passada, mas pelo  que ouvimos, teve pouco contato com os deputados. É provável que as consequências do  escândalo tornem mais rígidas as regras de lobby nas instituições da UE. Os chamados  Grupos de ‘Amizade’, o equivalente, no Parlamento Europeu, aos Grupos Parlamentares de  Todos os Partidos, que operam em Westminster, seriam banidos com as reformas internas  propostas pela presidente do Parlamento, Roberta Metsola. Esse pedido incluiria um grupo  UE-Marrocos”.  


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Referências 

- https://www.eldiario.es/internacional/fajos-billetes-servicios-secretosimplicados investigacion-marruecos-llevo-qatargate_1_9858714.html 

- https://www.eldiario.es/internacional/mensajes-marruecos-presionareurodiputados-frenar criticas-pleno-escandalo-qatargate_1_9875167.html 

- https://www.lesoir.be/483412/article/2022-12-16/les-barbouzeries-du-maroc-aucoeur-du dossier-de-corruption-au-parlement 

- https://www.lemonde.fr/international/article/2022/12/17/corruption-auparlement europeen-un-mysterieux-espion-marocain-au-c-ur-de-lenquete_6154798_3210.html 

- https://www.elmundo.es/internacional/2022/12/14/6399ee7ffdddffb08c8b45c4.html 

- https://www.elnacional.cat/es/internacional/escandalo-corrupcion-parlamentoeuropeo salpica-marruecos_933942_102.html 

- https://www.20minutos.es/noticia/5084677/0/qatargate-marruecos-sobornoscaso corrupcion-parlamento-europeo/ 

- https://www.europapress.es/internacional/noticia-escandalo-sobornoseurocamara-implica marruecos-der-spiegel-20221214065744.html 

- https://elpais.com/internacional/2022-12-14/la-trama-italiana-del-qatargateapunta-a-una conexion-marroqui.html 

- https://www.abc.es/internacional/escandalo-sobornos-eurocamara-salpicamarruecos 20221215205515-nt.html 

- https://www.abc.es/internacional/escandalo-sobornos-eurocamara-salpicamarruecos 20221215205515-nt.html

- https://www.voxespana.es/actualidad/vox-pide-a-la-ue-impugnar-todas-lasvotaciones que-hayan-favorecido-a-marruecos-tras-los-sobornos-a-eurodiputados20221216 

- https://elpais.com/internacional/2022-12-16/el-lobista-marroqui-que-ganabacasi-todas-las batallas-en-bruselas.html 

https://www.democracynow.org/es/2022/12/19/european_parliament_bribery_sc_andal_qat ar_morocco 

- https://www.brusselstimes.com/337068/morocco-also-implicated-in-qataricorruption scandal 

- https://www.mediapart.fr/en/journal/international/201222/eu-parliamentscandal-morocco spared-meps-probe-closes 

- https://www.lemonde.fr/en/le-monde-africa/article/2023/01/21/in-the europeanparliament-suspected-moroccan-corruption-sparks-backlash_6012509_124.html 

- https://www.ilgiornale.it/news/cronaca-giudiziaria/non-solo-qatar-spuntamarocco-tutte mosse-panzeri-2094175.html 

- https://www.veritaeaffari.it/europa/corruzione-cosi-panzeri-rassicuravalambasciatore-del marocco-ha-fatto-uno-sforzo-significativo-per-giustificarsi/ 

- https://www.veritaeaffari.it/cronaca/panzeri-e-il-marocco-il-giornalistaminacciato laccordo-per-la-pesca-e-le-rassicurazioni-sullalgeria/ 

- https://www.repubblica.it/esteri/2022/12/17/news/panzeri_scelto_dal_marocco_  gia_nel_2011_polisario_saharawi-379495540/ 

- https://www.open.online/2022/12/17/qatargate-marocco-leaks-antonio-panzeri/ 

- https://www.ilgiornale.it/news/interni/amico-intimo-nota-rivela-i-legamipanzeri-e marocco-2096720.html 

Documentos secretos marroquinos: 

- https://www.arso.org/ColemanPaper.htm
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