sexta-feira, 30 de junho de 2023

O CRIME DE JULIAN ASSANGE * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

O CRIME DE JULIAN ASSANGE

"Há treze anos, Julian Assange divulgou um vídeo revelando os crimes militares dos EUA no Iraque.

A filmagem mostra tropas americanas atirando contra civis iraquianos, levando à morte trágica dos jornalistas Said Chmag e Namir Noor-Eldeen, que foram atacados de um helicóptero Apache. Outros civis inocentes perderam a vida em meio à diversão e alegria com o sangue e assassinato dos soldados.

Como consequência dessa revelação, Assange enfrenta atualmente a possibilidade de uma pena de prisão de até 175 anos.

Enquanto isso, os histéricos defensores da vida, da paz, da liberdade, dos direitos humanos e da natureza se calam. E se calam porque infelizmente todos esses conceitos foram transformados em mentiras pelos mesmos criminosos que perpetraram esses horrores ao longo dos séculos e em todo o nosso planeta."
(TEXTO RECOLHIDO NA WEB)
VÍDEO ATRIBUÍDO A JULIAN ASSANGE

quinta-feira, 29 de junho de 2023

4 ANOS SEM O COMANDANTE CLEMENTE * EDITORIAL ADANDÉ

4 ANOS SEM O COMANDANTE CLEMENTE
EDITORIAL ADANDE

Em 29 de junho de 2019, há 4 anos, nos deixava o saudoso Carlos Eugênio Sarmento Coelho da Paz, o Clemente, último comandante militar da Ação Libertadora Nacional - ALN, a mais importante organização revolucionária que combateu a ditadura militar fascista, fundada por Marighella e Joaquim Câmara Ferreira.

Nascido em 23 de julho de 1950, em Maceió, Clemente ingressou na ALN ainda adolescente, fez parte da sua Coordenação Nacional e participou diretamente de mais de 100 ações armadas contra a ditadura.

Sentenciado a 124 anos de prisão e o mais procurado guerrilheiro da última fase da luta armada, foi retirado do país pela organização e anistiado apenas em 1982. Através de seus livros e depoimentos, generosidade e combatividade fez a ponte entre a geração de revolucionários da ALN e a geração atual.

CHÊ CRISTÃO PUTIN COMUNISTA * TXEMA SANCHEZ.ES

CHÊ CRISTÃO PUTIN COMUNISTA

Trago para o canal esta magnífica postagem do Oleg, que me ajuda a lembrar o que alguém disse sobre o Ché, que se fosse pelos fatos, ele era mais cristão em sua vida e luta pelo bem, do que muitos cristãos de terço e missa. E digo também que, se o julgarmos pelos fatos, Putin é mais comunista do que muitos que andam pelo mundo e que não ajudam a derrubar o império, mas sim ficam ao seu lado para sustentá-lo. Putin é anti-imperialista e está do lado de todos os países que se levantam contra o império mais genocida da história, o império sionista ianque europeu. Mas também os fatos o colocam muito mais à esquerda do que toda a suposta esquerda europeia aplaude os nazistas.Certa vez, disse à minha irmã (na época em que ela estava namorando um cara muito de direita) que suas opiniões políticas se deviam a má influência e desinformação (claramente de direita), mas que ela ainda era de esquerda sem saber. Porque amava a verdade, a dignidade das pessoas, a honestidade e toda uma gama de valores impossíveis para alguém de direita. Com o tempo, após deixar esse relacionamento, ela também se tornou canhota em sua opinião política. Bem, foi relatado como o melhor do mundo. Tem gente que é um de nós mesmo que não queira, porque valores e princípios marcam sua forma de viver, servir ou liderar.

Revolucionários de esquerda clamando por luta de classes, especialistas em ser rudes e citando os clássicos:

1. Passei a maior parte da minha vida na América Latina e vi como forças totalmente “revolucionárias, de esquerda e anti-imperialistas” que chegaram ao poder à custa de muitas vidas de nossos camaradas, da forma mais descarada, entregaram imediatamente seu super - programas revolucionários para o Ocidente, junto com a soberania de seus próprios países, em troca de serem tolerados no poder, junto com suas bandeiras vermelhas e cânticos do passado distante. Como eles, sem nunca corar, se tornaram a "mão esquerda" da direita, recebendo empréstimos, doações, acesso à imprensa e outros biscoitos como recompensa pelo politicamente correto.

2. Nem uma vez é dito que o governo de Putin deu à Rússia mais soberania e proteção social real para seu povo do que todos os "governos democráticos de esquerda" da América Latina juntos. E a corrupção intacta com os oligarcas nesses países também nunca incomodou ninguém no Ocidente. Não concordo com muitos dos pontos de vista de Putin e do modelo capitalista em geral, mas ao mesmo tempo vejo no capitalismo russo de hoje com sua economia mista muito mais socialismo do que qualquer governo latino-americano de pseudo-esquerda. Todas as minhas divergências com o presidente russo são irrelevantes, não somos obrigados a concordar com ninguém em tudo. Muito pode ser discutido, mas é mais correto de qualquer maneira outra vez.

3. A Rússia de hoje, com todos os seus problemas não resolvidos, é um país muito próspero (só quem já viveu em outros países pode apreciá-lo plenamente, e não como turista, de preferência não em um gueto para ricos, mas idealmente, fora de seu anel viário de Moscou). A Rússia é um país multinacional de várias religiões e especificidades locais, que há muito tenta abalá-lo por fora e explodi-lo por dentro. A preservação da paz civil é um grande mérito do atual governo da Rússia, que deve ser apreciado, assim como o grau de sua independência dos centros internacionais de poder. Este não é o estado natural do país, é uma grande obra dos cidadãos e das autoridades. Os russos têm algo a perder e, portanto, proteger.

4. Aqueles que querem aproveitar os problemas atuais e derrubar o atual governo da Rússia "para fins revolucionários" ainda não têm a menor ideia da complexidade de administrar um grande estado, não têm um projeto ou um plano claro, apenas um conjunto de dogmas com citações e slogans. A chegada ao poder deste povo seria uma catástrofe e a destruição do país para deleite do império neoliberal, incitando-o ao poder. Dado o estado atual da esquerda e especialmente das forças da pseudo-esquerda, o poder para eles na Rússia de hoje não seria um projeto construtivo, mas destrutivo. E neste ponto da história, é infinitamente perigoso e irresponsável.

5. Um verdadeiro projeto revolucionário de esquerda deve estar alicerçado na cultura, na educação e na responsabilidade política. Aqueles que amam as pessoas nunca as usarão como blocos de construção para experimentos sociais. Portanto, a transição da Rússia e de todo o espaço pós-soviético do capitalismo para um modelo mais avançado de sociedade deve ocorrer através do amadurecimento de uma verdadeira sociedade civil e de uma verdadeira democracia. Tudo isso deve ser aprendido e preparado.

Por esta razão, é tão importante hoje proteger o governo constitucional do país, não importa quantas questões tenhamos para isso.


Então, eu daria o título a esta postagem do Telegram de Oleg: “EL CHE, CHRISTIAN; PUTIN, COMUNISTA”
TXEMA SÁNCHEZ

ENTREVISTA PEDRO CESAR BATISTA * Percy Katari - ComuniSur

ENTREVISTA PEDRO CESAR BATISTA
COMUNISUR
Pedro César Batista analisa a  situação brasileira, a 26° reunião do Foro de São Paulo e a luta antiimperialista.

Situación Geo Política de América Latina * Percy Katari/Comunisur

Situación Geo Política de América Latina
*
PERCY KATRI/COMUNISUR

O NAVIO DE GUERRA POTEMKIN * Daniel Fernandez Abella - ES

O NAVIO DE GUERRA POTEMKIN
Hoje é o aniversário do motim dos marinheiros do encouraçado Potemkin. Eles denunciaram crimes de Estado e exigiram o fim da guerra.

A brutal repressão do Domingo Sangrento, que deixou centenas de mortos e feridos, foi a fagulha que acendeu uma onda de greves e motins liderados pelos sovietes (organizações ou conselhos de trabalhadores que atuavam nas fábricas e cidades). O exército também esteve envolvido em vários atos de protesto, como o levante liderado pelos marinheiros do encouraçado Potemkin.

Exaustos após a guerra japonesa e fartos de suportar as péssimas condições de vida a bordo do navio, no dia 14 de junho, durante manobras perto da ilha de Tendra, no mar Negro, os marinheiros do Potemkin se amotinaram por causa do péssimo estado do navio. os oficiais foram para o porto próximo de Odessa para apoiar os insurgentes que lutavam contra os cossacos e as tropas do czar há dias. Quando chegaram ao porto, o Potemkin entrou na luta e até disparou contra alguns prédios do governo, mas a Frota do Mar Negro havia recebido ordens de partir de Sebastopol com ordens de afundar o navio insurgente e o Potemkin fugiu para a Romênia. O governo de Bucareste os pegou de mau humor e devolveu o navio à marinha russa.
A revolução de 1905

A eclosão revolucionária de 1905 serviu de precedente e referência à de 1917. Foi fruto do mal-estar causado pela crise econômica que assolava a Rússia (crise de subsistência, desemprego), e do descontentamento causado pela derrota militar contra o Japão .

O evento que desencadeou o processo revolucionário ocorreu em 9 de janeiro de 1905, quando uma multidão (200.000 pessoas), desarmada, composta por operários, camponeses, mulheres e crianças, liderada pelo padre (sacerdote) Gapon, um possível delator da polícia e colaborador do regime, dirigiu-se ao Palácio de Inverno, residência do czar em São Petersburgo.

Pretendia enviar-lhe uma série de pedidos: convocação de uma assembléia constituinte, melhorias salariais, jornada de oito horas, liberdade de associação, etc.

Em resposta, obtiveram uma violenta repressão que resultou na morte de mais de mil manifestantes. Este evento entrou para a história como "Domingo Sangrento".

A reação dos habitantes de São Petersburgo materializou-se em uma onda de protestos, acompanhada da paralisação do sistema produtivo em decorrência de greves e motins. Em São Petersburgo e Moscou surgiram as primeiras associações de trabalhadores e camponeses, os "sovietes" (comitês de trabalhadores).
encouraçado Potemkin

Em junho de 1905, a tripulação do encouraçado Potemkin, ancorado no porto de Odessa (mar Negro), revoltou-se contra seus oficiais, iniciativa que se estendeu a outras unidades da marinha e do exército.

O Potemkin era um encouraçado (navio de guerra de grande tonelagem) da Frota Russa do Mar Negro. O navio também ficou famoso pela revolta de sua tripulação contra seus oficiais opressores em 27 de junho de 1905. Este evento foi visto mais tarde como um passo inicial para a revolução russa de 1917 e se tornou a base histórica para o filme mudo de Sergei Eisenstein "Battleship Potemkin". A faísca que desencadeou o motim foi iniciada pelo fuzileiro naval Ippolit Giliarovsky, que ameaçou retaliação contra vários tripulantes que se recusaram a comer a carne, que continha larvas, depois de ter sido despachada do barco torpedeiro N267, que estava agindo como um navio de ligação e correio. Giliarovsky supostamente reuniu esses marinheiros em uma área onde uma lona à prova d'água havia sido estendida no chão e onde fuzileiros navais armados estavam esperando. Os marinheiros presumiram que haveria uma execução em grupo e lançaram-se sobre as crianças, desencadeando assim o conflito armado entre oficiais e marinheiros de guerra. De um total de 800 homens a bordo, apenas 31 sobreviveram.

A faísca que iniciou o motim foi iniciada pelo segundo imediato, Ippolit Giliarovsky, que ameaçou retaliação contra vários tripulantes que se recusaram a comer borsch, uma sopa de beterraba feita de carne parcialmente podre infestada de larvas de moscas. A carne tinha sido trazida pelo barco torpedeiro "Ismail", que funcionava como navio de ligação e correio. Guiliarovsky aparentemente reuniu esses marinheiros em frente ao tombadilho em uma área onde fuzileiros navais armados esperavam. Os marinheiros presumiram que haveria uma execução em grupo e se lançaram sobre as crianças. Guiliarovsky foi assassinado depois de ter ferido mortalmente Grigori Vakulinchuk, um dos líderes dos amotinados. Os marinheiros assassinaram sete dos dezoito oficiais do navio, entre eles o capitão Yevgueni Gólikov. Eles então organizaram um comitê composto por vinte e cinco marinheiros e liderados por Afanasi Nikolayevich Matushenko para comandar o navio.

A comissão decidiu navegar para Odessa com bandeira vermelha, a cujo porto chegaram às 22h do mesmo dia. Uma greve geral havia sido declarada na cidade e alguns distúrbios estavam ocorrendo enquanto a polícia tentava acalmar os manifestantes. No dia seguinte, os amotinados Potemkin se recusaram a desembarcar marinheiros armados para ajudar os grevistas a tomar o controle da cidade, preferindo esperar a chegada de outros encouraçados da Frota do Mar Negro. Mais tarde, naquele mesmo dia, capturaram um transporte militar que havia chegado à cidade. Os tumultos em Odessa continuaram e grande parte do porto da cidade foi arrasada pelo fogo. Na noite de 29 de junho, o funeral de Grigori Vakulinchuk se transformou em uma manifestação política total e o exército tentou emboscar os marinheiros que compareceram ao funeral. Em retaliação a isso, o encouraçado disparou dois projéteis de 152 mm contra um teatro onde seria realizada uma reunião de soldados czaristas de alto escalão, mas nenhum deles atingiu o alvo.

Os amotinados Potemkin tomaram a decisão no final de 30 de junho de navegar até o porto romeno de Constanta, na Romênia, para estocar comida, água e carvão. Os romenos se recusaram a fornecer suprimentos, e o comitê de navios de guerra russos decidiu navegar para o porto de Feodosia, na Crimeia, onde esperavam conseguir o que precisavam. O Potemkin ancorou ali no dia 5 de julho, mas o governador da cidade apenas concordou em dar-lhes comida. Na manhã seguinte, os amotinados tentaram roubar várias barcaças de carvão, mas foram emboscados pela guarnição do porto, que matou vinte e dois dos trinta marinheiros envolvidos no roubo. O comitê Potemkin tomou a decisão naquela tarde de retornar a Constance.

O Potemkin chegou ao seu destino às 23h do dia 7 de julho, e os romenos concordaram em dar-lhes asilo se depusessem as armas e entregassem o encouraçado. Antes de desembarcar, Matushenko ordenou que as válvulas Kingston do Potemkin fossem abertas para afundá-lo no porto.

Depois de afundar o Potemkin Afanasi Matushenko, ele viveu no exílio na Romênia, Suíça, Estados Unidos e França. Em 28 de junho de 1907, Afanasy Matyushenko com passaporte em nome de Fedorchenko retornou à Rússia, pousando em Odessa. Em 3 de julho de 1907, Matyushenko foi preso em Nikolaev, Ucrânia, em uma investigação de roubo. Ele foi identificado na prisão de Odessa, onde foi identificado por um dos internos. Decidiu-se julgar o ex-líder da revolta de Potemkin por um tribunal militar em Sevastopol.

O julgamento foi breve e a sentença foi a pena de morte. Os advogados ficaram indignados quando o Manifesto do czar Nicolau II de 17 de outubro aboliu claramente as sentenças de morte em casos cometidos antes de 17 de outubro, incluindo o levante de Potemkin. Na madrugada de 20 de outubro de 1907, a sentença foi executada no pátio da prisão de Sebastopol.

Diante dessa enxurrada de protestos, o czar foi forçado a transigir e fez algumas concessões, que foram incluídas em um Manifesto Imperial emitido em outubro de 1905.

O encouraçado Potemkin foi facilmente levantado, mas a água salgada danificou seus motores e caldeiras. Foi rebocado para Sevastopol, onde chegou em 14 de julho. Em 12 de outubro de 1905, o encouraçado foi rebatizado de "Panteleimon" em homenagem a São Pantaleão. Antes de sua aposentadoria do serviço, ele recebeu os nomes "Potemkin-Tavrícheski" (13 de abril de 1917) e "Boréts za svoboduel" (Freedom Fighter) em 11 de maio de 1917.

O encouraçado foi colocado na reserva em março de 1918, mas foi capturado pelos alemães em Sevastopol em maio do mesmo ano. Foi entregue aos Aliados em dezembro de 1918, após a assinatura do armistício alemão. Os britânicos destruíram suas máquinas em 19 de abril de 1919, quando deixaram a Crimeia para impedir que os bolcheviques as usassem contra os russos brancos. Durante a Guerra Civil Russa (1917-23), o navio esteve nas mãos de ambos os lados, mas foi abandonado pelos "brancos" quando se retiraram da Crimeia em novembro de 1920. "Boréts za svobodu" foi desmantelado no início de 1923, embora não desapareceu da lista de navios da marinha russa até 21 de novembro de 1925.

Em 1955, foi renomeado de Primorsky Stairs para Potemkin Stairs em homenagem ao 50º aniversário da Revolta de Potemkin.
O legado da revolução de 1905

O governo russo se viu impotente para conter a onda de protestos, então o czar Nicolau II decidiu ceder em algumas questões, introduzindo uma série de reformas, contidas no que ficou conhecido como o Manifesto de Outubro. Ele concordou em conceder algumas liberdades políticas, uma lei eleitoral, a criação de uma assembléia mais ou menos representativa, a Duma, embora com poderes legislativos muito limitados, já que o czar poderia vetar suas leis, e uma série de medidas trabalhistas e sociais, como reconhecimento dos direitos sindicais ou da jornada de trabalho de dez horas. Ele também acelerou a paz com o Japão. Mas foram medidas muito tímidas em relação à situação explosiva que começava a existir na Rússia. Os sovietes continuaram a atuar, destacando-se o de São Petersburgo. Os soviéticos lideraram a revolta dos marinheiros na base naval de Kronstadt em novembro. O campo também continuou agitado.O czar declarou a lei marcial e colocou em movimento o aparato do estado para suprimir a oposição. No interior, os chamados Centenas Negras se destacaram nessa tarefa. Membros do soviete de São Petersburgo foram presos. Muitos líderes da oposição foram deportados para a Sibéria, enquanto outros fugiram para a Europa Ocidental.

A resposta do czar - o Manifesto de Outubro - consistiu em anunciar uma reforma política e a criação de uma assembléia representativa, a Duma. Algumas melhorias também foram feitas nas condições de vida e trabalho dos trabalhadores e camponeses.

A revolução de 1905 serviu de lição para a de 1917. Serviu para refinar e esclarecer a estratégia do movimento operário e especificamente dos bolcheviques. A figura do czar deteriorou-se em 1905. Na mentalidade popular começou a ruir um mito: o pequeno pai czar que zelava pela prosperidade dos seus súbditos, embora por vezes enganasse devido a um mau governo.
Eisensentein e o cinema

Em 22 de janeiro de 1898, nascia em Riga Sergei Eisenstein, o diretor russo que mudou a forma de entender o cinema. O artista assinou obras-primas do cinema 'O Encouraçado Potemkin', 'Outubro' e 'A Greve', todas com uma montagem inédita.

No Exército Vermelho entrou em contato com o teatro trabalhando como gerente de cenário e como diretor e intérprete de pequenos espetáculos para as tropas. Sua experiência como encenador no Teatro Obrero (1920) o levou a estudar direção teatral na escola estadual, onde desenvolveu uma concepção pessoal de arte dramática baseada na justaposição de imagens com forte conteúdo emocional.

Seu primeiro contato com o cinema foi a rodagem de um pequeno curta-metragem inserido na produção da peça O Sábio, intitulado Diário de Glomov . Começa a se interessar ativamente pelo novo meio artístico e roda o longa-metragem A Greve (1924), com uma famosa sequência em que usa a imagem de gado abatido no matadouro intercalada com outra de trabalhadores baleados por soldados czaristas.

O filme estreou em 21 de dezembro de 1925 no Teatro Bolshoi. Segundo depoimento do próprio diretor, a montagem foi finalizada momentos antes da projeção do filme e o último carretel foi emendado com a própria saliva.

O Encouraçado Potemkin (Bronenósets Potyomkin, 1925) não é apenas o filme mais importante de Eisenstein (foi seu segundo longa-metragem) e o mais representativo de todo o cinema revolucionário soviético, mas também se destaca como um dos mais notáveis ​​e influentes do cinema mudo e , na opinião de muitos historiadores, o melhor. Claro que é um dos filmes mais analisados ​​e comentados da história.

Nasceu como um dos oito episódios de um projeto sobre a fracassada revolução de 1905 mas já em Odessa o realizador letão reescreveu quase por completo o guião, que era bastante diferente do inicial, mais fiel aos acontecimentos históricos e focado neste episódio. As filmagens duraram pouco mais de uma semana e durante a mesma Eisenstein e seu operador Eduard Tissé experimentaram lentes, holofotes, plataformas para movimentar as câmeras, tomadas desfocadas... O filme fez grande sucesso no exterior, sendo proibido em alguns países acusados ​​de revolucionário

O desenvolvimento deste episódio revolucionário é, na verdade, uma metáfora da Revolução Russa com a representação das classes que apoiam o czarismo no navio (os militares aristocráticos e os oportunistas, o clero, os intelectuais que se curvam ao poder como o médico, os indiferentes e os covardes) e os grupos revolucionários (o povo mobilizado como marinheiros) e seus aliados (a pequena burguesia do porto, as mulheres, os oprimidos...).
Sergey Eisenstein

quarta-feira, 28 de junho de 2023

Resolução do I Encontro Estatal do Movimento Operário * PCPE/CNC

Resolução do I Encontro Estatal do Movimento Operário
PCPE/CNC/ESPANHA

Se as lutas não se inserem numa estratégia de conquista do poder político pela classe trabalhadora, desaparecem sem deixar rastro.

Reunidos trabalhadores e trabalhadoras de diferentes territórios do Estado espanhol, de diferentes sectores produtivos e de serviços públicos, afiliados a diversos sindicatos, todos e todas comprometidos com as lutas da classe trabalhadora, constatamos que:

1º A ofensiva da burguesia contra o proletariado (todos e todas que necessitamos vender nossa força de trabalho para poder viver) é brutal e em todas as frentes: paralisação, precariedade laboral, carestia da vida, despejos, destruição e privatização de serviços públicos. Principalmente o Sistema Público de Pensões que afeta mais de 9 milhões de reformados e pensionados. Responde à maior crise da história do capitalismo, uma crise estrutural sem solução e que pretende carregar essa crise sobre as nossas costas.

2º A guerra da NATO contra a Rússia, o belicismo feroz do imperialismo encabeçado pelos EUA e a pandemia Covid (e as novas que se anunciam), além de estarem a produzir uma maciça transferência de recursos públicos, do nosso dinheiro, para empresas privadas – armamentísticas e farmacêuticas – estão a ser utilizadas para incrementar os mecanismos de controle social, de repressão e de manipulação informativa, situando a classe trabalhadora e demais sectores populares num autêntico cenário de guerra.

3º Após as mobilizações populares de há 10 anos (15M e Marchas da Dignidade), que a burguesia soube canalizar eleitoralmente, a substituição da luta de classes pelo pacto social que desde há tempos vem propiciando o revisionismo e a social-democracia e a frustração de comprovar que aqueles que iam assaltar os céus pariram um rato, saldou-se na classe operária e demais sectores populares por um incremento da desmobilização e extensão de um sentimento de impotência. O incremento espetacular dos suicídios, do consumo de fármacos e o auge da extrema direita são boa amostra disso.

Frente a isso, os trabalhadores e as trabalhadoras conscientes devem saber que:São precisamente nas épocas de crises e de guerras que o capitalismo mostra sua debilidade e mais precisamente na crise atual, por tratar-se de uma profunda crise estrutural de um sistema em agonia que é incapaz de garantir as mais mínimas condições de vida à maioria da sociedade e só oferece miséria, repressão, destruição e guerra, afetando de forma especial à mulher e à juventude de origem operária.
As lutas operárias, tantas vezes heroicas, que se dão em muitos sectores, quando não são diretamente traídas pelos sindicatos do poder, surgem e decaem, sem deixar atrás de si um terreno para novas formas de organização; de modo que cada vez há que começar de novo. Além disso, em momentos de crise, a margem de manobra é muito pequena: o pouco que se consegue por um lado (subidas salariais que nunca chegam a superar a inflação) perde-se pelo outros (subida de alugueres, de hipotecas, carestia de vida, destruição de serviços públicos, etc), sendo o normal que se lute não já para conseguir algum êxito ou vantagem e sim para manter o que já se tinha: Convénios negociados em baixa, perda de direitos, etc...

Em definitivo, parece que corremos sem avançar ou que construímos na água. É necessário e urgente que, pelo menos os sectores mais conscientes da classe operária, não continuem a delapidar esforços inutilmente. As lutas que não se inserem numa estratégia afundam-se sem deixar rastro.

Por tudo isso nos propomos a:

1º Construir um instrumento de coordenação independente da afiliação sindical que sirva para o apoio, a comunicação e divulgação das lutas operárias que se verifiquem em cada território ou sector.

2º Lutar por impor em cada empresa o poder decisório da assembleia de trabalhadores, por cima inclusive dos próprios comités de empresa.

3º Trabalhar para constituir com os companheiros e companheiras mais conscientes e mais comprometidos comités ou conselhos cujas funções, mais políticas que sindicais, sejam: analisar os erros e os êxito de cada luta, garantindo a sua continuidade; elevar o nível de consciência e de organização para preparar a seguinte; informar os companheiros da lutas em outros lugares e reforçar a solidariedade com elas.

E, sobretudo, trabalhar para que os companheiros e companheiras sejam conscientes dos limites inevitáveis da luta sindical e que vejam a necessidade inescapável de organizar-se para a tomada do poder político pela classe trabalhadora.

27/Junho/2023

[*] Partido Comunista dos Povos de Espanha e Coordenação de Núcleos Comunistas
Este comunicado encontra-se em resistir.info
*

DESVENDANDO O IMPERIALISMO NA TEORIA MARXISTA * Rabisco da História

DESVENDANDO O IMPERIALISMO 
NA TEORIA MARXISTA

E aí, galera! Estão prontos para uma viagem ao mundo da teoria marxista? Hoje vamos falar sobre um tema muito importante e atual: o imperialismo. Você já ouviu falar sobre ele? Sabe o que significa na teoria de Karl Marx? Então, aperta os cintos e vem comigo, que eu vou te explicar tudo de forma divertida e descomplicada! Ah, e prepare-se para conhecer algumas histórias interessantes sobre a luta de classes e a dominação dos países periféricos pelos países centrais. Vamos lá!
Resumo de “Desvendando o Imperialismo na Teoria Marxista”:

O imperialismo é uma fase avançada do capitalismo, caracterizada pela exportação de capital e pela dominação de países menos desenvolvidos.
Essa dominação se dá por meio da exploração econômica, política e cultural desses países.
A teoria marxista aponta que o imperialismo é uma forma de manter a acumulação de capital em um momento de crise do sistema capitalista.
O imperialismo também é responsável por gerar contradições e conflitos entre as potências imperialistas, levando a guerras e conflitos internacionais.
A resistência e luta dos povos colonizados e oprimidos são fundamentais para a superação do imperialismo e construção de uma sociedade socialista.

O que é Imperialismo na visão de Marx?

Olá, pessoal! Hoje vamos falar sobre um tema muito importante na teoria marxista: o Imperialismo. Mas antes de entrarmos em detalhes, é preciso entender o que Marx pensava sobre esse conceito.

Para Marx, o Imperialismo é uma fase avançada do capitalismo, caracterizada pela concentração de capital e pelo controle dos países imperialistas sobre as economias periféricas. Ou seja, é um sistema que se baseia na exploração e na dominação de povos e nações.

Como funciona o processo de acumulação capitalista no Imperialismo?

No Imperialismo, a acumulação capitalista ocorre por meio da exportação de capitais dos países imperialistas para as economias periféricas. Esses capitais são investidos em setores estratégicos, como mineração e agricultura, gerando lucros exorbitantes para as empresas imperialistas.

Além disso, o Imperialismo também se baseia na exploração dos trabalhadores desses países periféricos, que são submetidos a condições precárias de trabalho e salários baixíssimos.

A relação entre Estado e Economia no Imperialismo

No Imperialismo, o Estado se torna um instrumento a serviço das grandes empresas e dos interesses imperialistas. Isso significa que as políticas econômicas são definidas de acordo com os interesses desses grupos, em detrimento das necessidades da população.

Além disso, os países imperialistas utilizam sua força militar para garantir a dominação sobre os países periféricos e proteger seus interesses econômicos.

As contradições da globalização neoliberal e o papel do Imperialismo

Com a globalização neoliberal, o Imperialismo se intensificou ainda mais. As empresas transnacionais passaram a ter um papel cada vez mais importante na economia mundial, impondo suas regras e interesses sobre os governos e as populações.

No entanto, essa lógica de acumulação capitalista gera contradições e crises, como a crise financeira de 2008. Além disso, a crescente desigualdade social e a degradação ambiental são consequências diretas do Imperialismo.

O impacto do Imperialismo sobre as economias periféricas

Para os países periféricos, o Imperialismo significa a submissão aos interesses dos países imperialistas. Isso se reflete em uma dependência econômica e tecnológica, além da exploração dos recursos naturais e dos trabalhadores desses países.

Além disso, as políticas econômicas impostas pelos países imperialistas muitas vezes levam à desindustrialização e à destruição das economias locais.

A luta anti-imperialista e a construção de uma sociedade livre e soberana

A luta anti-imperialista é fundamental para a construção de uma sociedade livre e soberana. Isso significa lutar contra a dominação dos países imperialistas e por uma distribuição justa das riquezas.

Além disso, é preciso construir alternativas ao modelo capitalista e imperialista, baseadas na solidariedade entre os povos e na preservação do meio ambiente.

Reflexões sobre a atual conjuntura do Imperialismo no mundo

Hoje, vivemos em um mundo cada vez mais marcado pelo Imperialismo e pela globalização neoliberal. A concentração de riquezas nas mãos de poucos grupos econômicos e a exploração dos trabalhadores e dos recursos naturais são problemas que afetam a todos nós.

Por isso, é fundamental que nos engajemos na luta contra o Imperialismo e por uma sociedade mais justa e igualitária. Juntos, podemos construir um mundo melhor para todos.
TABELA 1
TABELA 2
TABELA 3

1. O que é o imperialismo na teoria marxista?

O imperialismo, na teoria marxista, é um estágio avançado do capitalismo caracterizado pela expansão territorial e econômica dos países mais desenvolvidos sobre os países menos desenvolvidos.

2. Quais são as principais características do imperialismo?

As principais características do imperialismo são a concentração de capitais, a exportação de capitais, a formação de monopólios, a divisão internacional do trabalho e a partilha do mundo entre as potências imperialistas.

3. Qual é a relação entre o imperialismo e a luta de classes?

Na teoria marxista, o imperialismo é visto como uma forma de intensificar a luta de classes. Isso acontece porque os países imperialistas exploram os países menos desenvolvidos, o que leva à resistência e à luta por parte dos trabalhadores e das camadas populares desses países.

4. Como o imperialismo afeta a economia dos países menos desenvolvidos?

O imperialismo afeta negativamente a economia dos países menos desenvolvidos, pois esses países são explorados pelos países imperialistas, que extraem seus recursos naturais e mão de obra barata, deixando-os dependentes e subdesenvolvidos.

5. Quais são as principais críticas ao conceito de imperialismo na teoria marxista?

Algumas das principais críticas ao conceito de imperialismo na teoria marxista incluem a falta de atenção à diversidade de formas de dominação imperialista, a ênfase exagerada na economia e a ausência de consideração das mudanças históricas ocorridas desde que o conceito foi desenvolvido.

6. Como o imperialismo se relaciona com o neocolonialismo?

O imperialismo e o neocolonialismo estão intimamente relacionados, pois ambos envolvem a dominação dos países menos desenvolvidos pelos países mais desenvolvidos. O neocolonialismo é uma forma mais recente de dominação imperialista, que se manifesta através da influência política e cultural, além da exploração econômica.

7. Qual é a visão marxista sobre a globalização?

Na teoria marxista, a globalização é vista como uma forma de intensificar o imperialismo e a exploração dos países menos desenvolvidos pelos países mais desenvolvidos. A globalização é vista como uma forma de ampliar as desigualdades entre os países e de intensificar a luta de classes.

8. Como o imperialismo afeta as relações internacionais?

O imperialismo afeta as relações internacionais ao criar um sistema hierárquico entre os países, em que os mais desenvolvidos exercem poder sobre os menos desenvolvidos. Isso leva a conflitos e tensões entre os países, além de impactar negativamente a cooperação internacional.

9. Qual é a relação entre o imperialismo e o militarismo?

O imperialismo está intimamente ligado ao militarismo, pois as potências imperialistas utilizam a força militar para impor sua vontade sobre os países menos desenvolvidos. O militarismo é uma forma de manter o domínio imperialista sobre os países subdesenvolvidos e de garantir a continuidade da exploração.

10. Como o imperialismo se relaciona com a questão ambiental?

O imperialismo tem um impacto negativo sobre o meio ambiente, pois as potências imperialistas exploram os recursos naturais dos países menos desenvolvidos sem considerar os impactos ambientais. Isso leva à degradação ambiental e à intensificação das mudanças climáticas.

11. Qual é a relação entre o imperialismo e a cultura?

O imperialismo tem um impacto negativo sobre a cultura dos países menos desenvolvidos, pois as potências imperialistas impõem sua cultura sobre esses países, levando à perda de identidade cultural e à homogeneização cultural.

12. Como o imperialismo se relaciona com a questão da migração?

O imperialismo tem um impacto negativo sobre a questão da migração, pois os países menos desenvolvidos são obrigados a exportar mão de obra para os países mais desenvolvidos devido à exploração econômica. Isso leva à migração em massa e à exploração dos trabalhadores migrantes.

13. Qual é a visão marxista sobre a cooperação internacional?

Na teoria marxista, a cooperação internacional é vista como uma forma de resistência ao imperialismo e à exploração dos países menos desenvolvidos pelos países mais desenvolvidos. A cooperação internacional deve ser baseada na solidariedade entre os povos e na luta contra a dominação imperialista.

14. Qual é a relação entre o imperialismo e a questão da paz?

O imperialismo está intimamente ligado à questão da paz, pois as potências imperialistas utilizam a força militar para impor sua vontade sobre os países menos desenvolvidos. A luta contra o imperialismo é vista como uma forma de promover a paz e de evitar conflitos militares.

15. Como o imperialismo se relaciona com a questão dos direitos humanos?

O imperialismo tem um impacto negativo sobre os direitos humanos, pois as potências imperialistas violam os direitos dos povos dos países menos desenvolvidos ao explorá-los economicamente e politicamente. A luta contra o imperialismo é vista como uma forma de promover os direitos humanos e de garantir a dignidade dos povos subdesenvolvidos.
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TRIBUTO A HUGO BLANCO * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

TRIBUTO A HUGO BLANCO
De Hugo Blanco a José María Arguedas
O Frontão, 14 de novembro de 1969
Meu pai, José Maria:

Você quase me fez chorar, hoje, sabendo o que sua esposa me disse. Ele me disse: “Isso te envia (todos os sangues); Ele escreveu muito em quíchua e depois, “você pode ter vergonha de mim”, dizendo que se arrependeu e só colocou essas palavras concisas em espanhol”.

Quando ele me disse isso, fiquei muito magoado; quase chorou:

Como é possível, taytáy, que entre nós possamos nos envergonhar do que podemos dizer um ao outro em nossa língua tão doce? Quando pedimos ajuda, nunca o fazemos com palavras concisas em nosso idioma. Já ouvimos alguém dizer: “amanhã você tem que me ajudar a semear, porque eu te ajudei ontem”? Ahh! Que nojo! O que poderia ser isso! Apenas os gamonales costumam falar conosco dessa maneira. Nós, entre nosso povo, falamos uns com os outros dessa maneira? Com muita ternura dizemos a nós mesmos: “Meu Senhor, venho pedir-te que me valhas; não seja diferente; amanhã temos que semear na ravina abaixo; Ajude-me então, pequeno senhor, minha pomba, meu coração”. Com essas palavras geralmente começamos a pedir ajuda. E também quando nos encontramos nos caminhos das serras, mesmo sem nos conhecermos, nos cumprimentamos; convidamo-nos para uma bebida, pegamos um pouco de coca-cola; nos perguntamos para onde estamos indo; e geralmente conversamos um pouco.

E sendo assim, você acha que qualquer coisa que você tivesse escrito em nossa doce linguagem para mim poderia ter me machucado? Meu coração não se amolece quando leio como você traduziu nosso idioma para o espanhol para que todos o conheçam e possam aprender, mesmo que seja apenas uma parte do que esse idioma pode expressar? Talvez quando também traduzo algo que falamos em nosso idioma, não me lembre de você?

“Ele escreve como ele, dizendo, os mistis vão falar de mim (repito, só para mim, quando tento traduzir do quéchua); eles têm que repetir isso bem; eles têm que dizer a verdade; Não posso falar de outra forma; Eu digo exatamente o que vem do meu coração e da minha boca” dizendo isso, eu penso.

Não sei dizer o que me penetra quando leio você, por isso não leio o que você escreve como coisas comuns, nem tão constantemente, meu coração poderia partir.

Minhas punas começam a me atingir com todo seu silêncio, com sua dor que não chora, apertando meu peito, apertando. Ou quando você me lembra dos pequenos riachos, começo a ver os beija-flores, ouço como se as pequenas nascentes estivessem cantando. Quantas vezes pensei em você quando me senti com essas lembranças! Como você ficaria feliz em nos ver descer de todas as punas e entrar em Cusco, sem nos curvar, sem nos humilhar, e gritando rua por rua: “Morte a todos os gamonales! Viva os homens que trabalham!” Ao ouvir nosso grito, os “brancos”, como se tivessem visto fantasmas, foram para suas tocas, como papagaios. Da própria porta da Catedral, com um alto-falante, fizemos com que ouvissem tudo o que havia, a própria verdade, o que nunca tinham ouvido em espanhol; Dissemos a ele em quíchua. Os próprios maqt'as os fizeram ouvir, aqueles que não sabem ler, que não sabem escrever, mas sabem lutar e sabem trabalhar. E aqueles maqt'as ponched quase explodiram a Plaza de Armas. Mas o dia tem que voltar, taytáy, e não só como aquele de que te falo, mas maior. Dias melhores virão; você tem que vê-los. Eles são muito claramente anunciados. Aqui apenas concluo, taytáy, porque senão, nunca terminarei de escrever. Devo me ressentir se você não enviar o que escreveu para mim.

Até nos encontrarmos, tayta. Então não se esqueça de mim.

Hugo Branco

De José María Arguedas a Hugo Blanco

Irmão Hugo, querido, coração de pedra e de pomba:

Talvez você tenha lido meu romance The Deep Rivers. Lembre-se, irmão, o mais forte, lembre-se. Nesse livro, não falo apenas sobre como chorei lágrimas quentes; Com mais lágrimas e mais desabafos falo dos pongos, dos colonos das fazendas, da sua força escondida e imensa, da raiva que arde na semente dos seus corações, um fogo que não se apaga. Esses miseráveis, açoitados diariamente, obrigados a lamber o chão com a língua, homens desprezados pelas mesmas comunidades, esses, no romance, invadem a cidade de Abancay sem temer estilhaços e balas, derrotando-os. Assim forçaram o grande pregador da cidade, o padre que os olhava como se fossem pulgas; derrotando as balas, os criados obrigam o padre a dizer missa, a cantar na Igreja: impõem-no à força. No romance imaginei essa invasão com um pressentimento: os homens que estudam os tempos vindouros, os que entendem as lutas sociais e políticas, os que entendem o que significa esse levante para tomar a cidade que imaginei. Quanto mais sangue fervente não levantariam esses homens se não perseguissem apenas a morte da mãe da peste, o tifo, mas a dos gamonais, no dia em que conseguissem vencer o medo, o horror que deles têm! “Quem vai levá-los a derrotar esse terror formado e alimentado em séculos, quem? Em algum lugar do mundo está aquele homem que os ilumina e salva? Existe ou não existe, caramba!”, dizendo, como você, eu estava gritando fogo, esperando, sozinho. Os críticos literários, os altamente esclarecidos, não conseguiram descobrir a princípio a intenção final do romance, aquela que coloquei em seu cerne, bem no meio de sua corrente. Felizmente um, apenas um, o descobriu e o proclamou, com muita clareza.

E aí irmão? Não era você mesmo quem conduzia aqueles índios "doentes" das fazendas, o homem mais oprimido de nossa cidade; dos burros e cachorros o mais açoitado, o cuspido com o cuspe mais sujo? Transformando-os nos mais valentes dos bravos, não os fortaleceste, não aproximaste a sua alma? Levantando suas almas, a alma de pedra e de pomba que eles tinham, que esperava na semente mais pura dos corações daqueles homens, você não tirou Cusco como você me diz em sua carta, e da própria porta do Catedral?, clamando e apóstrofizando em quíchua, você não assustou os gamonales, você não os fez se esconder em seus buracos como se fossem papagaios muito doentes nas entranhas? Você fez aquelas crianças e protegidos fugirem do velho Cristo, do Cristo líder. Irmão, querido irmão, como eu, com o rosto levemente branco, com o mais intenso coração de índio, lágrimas, canções, danças, ódio.

Eu, irmão, só sei chorar lágrimas de fogo; mas com esse fogo purifiquei um pouco a cabeça e o coração de Lima, a grande cidade que negou, que não conheceu bem seu pai e sua mãe; Abri um pouco os olhos dele, os próprios olhos dos homens da nossa cidade, limpei-os um pouco para que nos vissem melhor. E nos povos que chamam de estrangeiros, creio que elevei a nossa verdadeira imagem, o seu valor, o seu verdadeiro valor, creio que o elevei bem alto e com luz suficiente para que nos estimem, para que saibam e possam esperar nossa empresa e força; para que tenham pena de nós como o mais órfão dos órfãos; para eles não terem vergonha da gente, ninguém.

Essas coisas, irmão, pelas quais os mais escarnecidos de nosso povo esperavam, essas coisas nós fizemos; tu um e eu o outro, irmão Hugo, homem de ferro que chora sem lágrimas; você, tão semelhante, tão igual a um plebeu, lágrima e aço. Eu vi seu retrato em uma livraria do Quartier Latin de Paris; Levantei-me de alegria ao vê-lo junto com Camilo Cienfuegos e “Che” Guevara. Escuta, vou confessar-te uma coisa em nome da nossa amizade pessoal que acaba de começar: escuta, irmão, só quando li a tua carta senti, soube que o teu coração era terno, é uma flor, tanto como a de um membro da comunidade de Puquio, meu parente mais próximo. Ontem recebi sua carta: passei a noite toda, primeiro caminhando, depois inquieto com a força da alegria e da revelação.

Não estou bem, não estou bem; minha força é escura Mas se eu morrer agora, morrerei mais fácil. Aquele lindo dia que virá e do qual você fala, aquele em que nossos povos nascerão de novo, ele vem, eu sinto, eu sinto sua aurora na menina dos meus olhos, naquela luz sua dor ardente caindo gota a gota gota, gota a gota sem acabar nunca. Temo que esta madrugada custe sangue, tanto sangue. Você sabe e é por isso que você apóstrofe, você grita da prisão, você aconselha, você cresce. Como no coração dos runas que cuidaram de mim quando eu era criança, que me criaram, há ódio e fogo em você contra os gamonales de todos os tipos; e para quem sofre, para quem não tem casa nem terreno, os wakchas, tens o baú de uma calandria; e como a água de algumas fontes puríssimas, o amor que fortalece até que os céus se regozijem. E todo o seu sangue soube chorar, irmão. Quem não sabe chorar, e mais nos nossos tempos, não sabe do amor, não o sabe. Seu sangue já está no meu, como o sangue de Don Victo Pusa, de Don Felipe Maywa, Don Victo e Don Felipe falam comigo dia e noite, sem cessar eles choram dentro da minha alma, eles me repreendem em sua língua, com seus grandes sabedoria., com seu pranto que chega a distâncias que não podemos calcular, que vai além da luz do sol. Eles, escuta Hugo, me criaram, me amando muito, porque vendo que eu era filho de misti, viram que me tratavam com desprezo, como um índio. Em nome deles, lembrando-os na minha própria carne, escrevi o que escrevi, aprendi tudo o que aprendi e fiz, superando barreiras que por vezes pareciam invencíveis. Eu conhecia o mundo. E tu também, creio que em nome de runas semelhantes a essas duas, sabes ser irmão daquele que sabe ser irmão, semelhante ao teu semelhante, aquele que sabe amar.

Até quando e até onde devo escrever para você? Não poderás mais me esquecer, ainda que a morte me pegue, ei, homem peruano, forte como nossas montanhas onde a neve não derrete, que a prisão fortalece como pedra e como pomba. Eis que vos escrevi, feliz, no meio da grande sombra das minhas doenças mortais. A tristeza dos mistis, dos egoístas, não nos atinge; Chega até nós a forte tristeza das pessoas, do mundo, de quem conhece e sente a aurora. Assim, morte e tristeza não são nem morte nem sofrimento. Não é verdade irmão?

Receba meu coração.
José Maria
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INFORME 355 (27/06/23) GUERRA ANTIMPERIALISTA CONTRA OTAN. IÑAKI GIL/DANNY SHAW/HENRY BOISROLIN

INFORME 355 (27/06/23) GUERRA ANTIMPERIALISTA CONTRA OTAN

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terça-feira, 27 de junho de 2023

Entrevista Especial Prof. Danny Shaw.TVES * María Fernanda Barreto.VE

Entrevista Especial  Prof. Danny Shaw.TVES
COMUNISUR
María Fernanda Barreto.Colômbia

UCRÂNIA SEPULCRO DO IMPERIALISMO * Marcelo Colussi/Pela Nossa América/Guatemala

 UCRÂNIA SEPULCRO DO IMPERIALISMO

Marcelo Colussi/Pela Nossa América/Guatemala

“É profundamente imoral o que estamos fazendo como o Ocidente coletivo [na Ucrânia].”

Zoran Milanović, presidente dos croatas.


Quando termina a guerra na Ucrânia?


Se esta guerra, vista da OTAN, tinha o objetivo de atolar Moscou, preparando assim as condições para depois passar por cima da China, isso não está sendo plenamente cumprido. A Rússia até agora mostrou ter uma enorme capacidade de guerra, e não pode ser derrotada no campo de batalha.


É extremamente difícil, se não impossível, prever como a guerra continuará. Aqui pretendemos fazer uma análise com ferramentas científicas e não apenas emitir uma opinião; Por esta razão, está totalmente fora de sua perspectiva dar um resultado final do conflito em curso. Em todo caso, com os elementos de análise acessíveis –lembremos que na guerra sempre "a primeira vítima é a verdade"–, elementos que não são muitos, diga-se de passagem, percebe-se uma tendência, ainda não muito claro, mas isso já começa a ser prefigurado.

 

A guerra esgota seus contendores, naturalmente. Nesse caso, quem mais sofreu foi a Ucrânia, em todos os sentidos. O país foi praticamente destruído, com um número de mortos pelo menos dez vezes maior que o de soldados russos. Segundo as primeiras estimativas, sua reconstrução não poderia custar menos de 350 bilhões de dólares (alguns cálculos chegam a um trilhão). Já ficou bem claro que o conflito está sendo travado entre os Estados Unidos/OTAN e a Federação Russa, sendo a república ucraniana quem coloca o corpo. Para Washington, que na realidade representa basicamente os interesses de seu poderoso complexo militar-industrial, qualquer conflito é um bom negócio, pois permite a venda de armas no atacado. Os países europeus da OTAN, por exemplo, aumentaram suas importações de armas em 65% em relação aos cinco anos anteriores. Alguém embolsa todo esse dinheiro, naturalmente. A guerra é sempre um bom negócio... para alguns.

 

Se esta guerra, vista da OTAN, tinha o objetivo de atolar Moscou, preparando assim as condições para depois passar por cima da China, isso não está sendo plenamente cumprido. A Rússia até agora mostrou ter uma enorme capacidade de guerra, e não pode ser derrotada no campo de batalha.

 

Embora seja verdade que não tem conseguido vencer abertamente o confronto, e esteja custando grandes esforços para manter as áreas recuperadas no sul e leste da Ucrânia, esperando neste momento uma contra-ofensiva anunciada que tentaria recuperar esses territórios para Kiev, nem poderia ter sido derrotado pela OTAN. O plano de Washington, em princípio, não foi executado militarmente com sucesso, mas também está obtendo enormes ganhos econômicos.

 

O Inspetor Geral das Forças Armadas Alemãs, General Eberhard Zorn, foi demitido no dia 14 de março, notícia que não teve muito significado nem em termos políticos nem midiáticos. O motivo de sua demissão foram declarações feitas há muito tempo, em 14 de setembro de 2022: “A Ucrânia está realizando contra-ataques para recuperar locais ou áreas específicas da linha de frente, mas não será capaz de empurrar a Rússia para trás em uma frente ampla”. Isso obviamente vai contra toda a parafernália da mídia anti-russa. Segundo a imprensa corporativa ocidental, a Ucrânia está a um passo de vencer o conflito. A realidade, pelo que pudemos perceber – nós, mortais comuns, não temos acesso real a notícias reais, apenas fragmentos – não é exatamente assim. O presidente croata, Zoran Milanović, permitiu-se dizer em um impressionante ato de honestidade: “Qual é o objetivo desta guerra? Derrotar uma superpotência nuclear lutando em suas fronteiras? Tal estado pode ser derrotado com armas convencionais? Os russos têm vantagem em munição, artilharia, têm números ilimitados. (...) Ocidentais que ontem eram pacifistas e pacifistas agora querem beber o sangue dos outros. É profundamente imoral o que estamos fazendo como o Ocidente coletivo."

 

Nas guerras, apenas alguns vencem; as grandes massas populares, certamente não. Eles listam os mortos e feridos, seja de que lado for. Quem também sai perdendo com tudo isso é a União Européia que, forçada por Washington, teve que abrir mão das fontes de energia russas, muito mais baratas, para se tornar uma cliente forçada do gás liquefeito, muito mais caro, fornecido pelos Estados Unidos. Estados. Para o capital americano o negócio é fabuloso, já que a reconstrução da Ucrânia estará a cargo deles; A Europa participará disso como sócio júnior. O chamado "Velho Mundo" sem dúvida perdeu sua posição de governante geohegemônico dos séculos passados, tornando-se agora um vassalo de Washington. E até o país americano, no momento o grande gigante internacional, também começa a ver sua queda, por isso está fazendo o impossível para evitá-la.

 

Bruxelas muito timidamente, ou em alguns casos países com alguma dignidade, como a França, começaram a pressionar para que a guerra chegasse ao fim, uma vez que a situação europeia começa a ser altamente preocupante economicamente, com a sua estagnação já perto da crise, com inflação em alta e muita indústria em situação de paralisação, diante do preço da energia. Se isso não é amplamente divulgado, é, como disse acima, porque na guerra tudo é engano, manipulação, mentira apresentada como afirmação. Os recentes protestos generalizados na França, como outros em países europeus, mostram o grau de profundo descontentamento entre as populações. Os pobres em todos os lugares - russos, ucranianos, europeus, africanos ou latino-americanos - nada ganham com os conflitos. Tomadores de decisão – alguns membros das elites – sim.

 

Tudo indica que Moscou não imaginava que o conflito duraria tanto. Logo que começou, procurou chegar a negociações para não prolongar a campanha militar. O que ele buscava não era ocupar a Ucrânia, mas frear o avanço da OTAN, mostrando assim sua musculatura militar, tornando-se um pólo inevitável da potência mundial. É por isso que em 28 de fevereiro de 2022 em Gomel, a fronteira entre a Ucrânia e a Bielo-Rússia, começaram as negociações de paz. Em 5 de março, o principal negociador ucraniano que havia participado dessas reuniões, Denis Kireev, foi "misteriosamente" assassinado e as negociações foram interrompidas. Dias depois, em Istambul, na Turquia, as partes russa e ucraniana pareciam chegar a um acordo; imediatamente se seguiu ao massacre de Bucha, apresentado pela imprensa ocidental como um crime contra a humanidade por parte de Moscou, e como uma armação vil dos serviços secretos britânicos e americanos segundo a versão do Kremlin (teriam sido cobrados 25 dólares por cada "morte" dela Ação). Mais uma vez as negociações foram suspensas. De fato, depois daqueles primeiros gaguejos que buscavam acabar com o confronto, Kiev – certamente por ordem de Washington – promulgou uma lei que proíbe terminantemente a realização de negociações de paz com a Rússia. Mas agora a situação parece estar mudando. Mais de um ano de guerra e um esgotamento que já se faz sentir abrem novos cenários. O presidente Zelensky acabou buscando apoio da China para mediar o conflito. Pequim, que sem dúvida está crescendo em todos os aspectos, inclusive em sua presença geopolítica, apresentou um Plano de Paz que ambas as partes em disputa parecem conseguir manter.

 

Embora nada oficial, segundo vazamentos, os preparativos para uma negociação para encerrar os combates podem estar em andamento, com contatos não oficiais entre a Rússia e funcionários da CIA. Washington, embora não tenha conseguido deter a presença militar russa – e a contra-ofensiva que se aproxima não teria sucesso segundo os documentos secretos do Pentágono “misteriosamente” vazados recentemente – não deixou de obter enormes lucros com a venda de armas, com o gás liquefeito negociado com a Europa e com as tarefas faraônicas de reconstruir a Ucrânia destruída. Alguém tem de pagar por tudo isto: o gás americano é pago pelos europeus, as armas e a reconstrução: o povo ucraniano, seguramente tendo de ceder boa parte do seu património ao controlo do capital americano (imensas terras aráveis ​​e recursos mineiros como o gás e óleo). . E a estagnação da própria economia dos Estados Unidos, sua grande massa populacional, que vê como, a cada dia, seu padrão de vida está caindo.

 

A grande preocupação da Casa Branca continua sendo o avanço chinês. É por isso que as provocações de Taiwan não param. Ninguém sabe ao certo como isso vai continuar. O que está claro é que, por enquanto e no andamento das coisas, apesar de todos os esforços, o dólar iniciou sua contagem regressiva. Para o campo popular, para as grandes maiorias populares de todo o planeta, uma nova arquitetura global com poderes um tanto mais equilibrados (o eixo China-Rússia como novo polo de poder diante da hegemonia de Washington) não augura automaticamente um mundo de maiores benefícios. A multipolaridade não é a revolução operária camponesa que fomenta o poder popular e a economia, não deve ser esquecida.

 

É muito provável que em nenhum centro de decisão exista um projeto concreto de guerra nuclear – embora essa possibilidade não possa ser totalmente descartada. É por isso que é mais provável que estejamos caminhando para o fim do conflito ucraniano por meio de negociações. A história, sem dúvida, não acabou, porque o declínio do poder americano não parou, nem a ascensão do poder chinês. A dinâmica da sociedade global continua, como sempre, muitas vezes nos surpreendendo, com a luta de classes dinamizando a história e, lembrando Marx, tendo “a violência como sua parteira”. Ao contrário do que Francis Fukuyama disse como um grito de guerra triunfante quando o Muro de Berlim caiu, é mais do que evidente que a história não acabou, e ninguém sabe exatamente como ela continuará. A possibilidade da extinção da espécie humana ainda é muito presente. O socialismo, como esperança de um mundo mais justo e equilibrado, por enquanto parece que continuará esperando.

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VENEZUELA NA GEOPOLÍTICA GLOBAL
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