quarta-feira, 28 de junho de 2023

Resolução do I Encontro Estatal do Movimento Operário * PCPE/CNC

Resolução do I Encontro Estatal do Movimento Operário
PCPE/CNC/ESPANHA

Se as lutas não se inserem numa estratégia de conquista do poder político pela classe trabalhadora, desaparecem sem deixar rastro.

Reunidos trabalhadores e trabalhadoras de diferentes territórios do Estado espanhol, de diferentes sectores produtivos e de serviços públicos, afiliados a diversos sindicatos, todos e todas comprometidos com as lutas da classe trabalhadora, constatamos que:

1º A ofensiva da burguesia contra o proletariado (todos e todas que necessitamos vender nossa força de trabalho para poder viver) é brutal e em todas as frentes: paralisação, precariedade laboral, carestia da vida, despejos, destruição e privatização de serviços públicos. Principalmente o Sistema Público de Pensões que afeta mais de 9 milhões de reformados e pensionados. Responde à maior crise da história do capitalismo, uma crise estrutural sem solução e que pretende carregar essa crise sobre as nossas costas.

2º A guerra da NATO contra a Rússia, o belicismo feroz do imperialismo encabeçado pelos EUA e a pandemia Covid (e as novas que se anunciam), além de estarem a produzir uma maciça transferência de recursos públicos, do nosso dinheiro, para empresas privadas – armamentísticas e farmacêuticas – estão a ser utilizadas para incrementar os mecanismos de controle social, de repressão e de manipulação informativa, situando a classe trabalhadora e demais sectores populares num autêntico cenário de guerra.

3º Após as mobilizações populares de há 10 anos (15M e Marchas da Dignidade), que a burguesia soube canalizar eleitoralmente, a substituição da luta de classes pelo pacto social que desde há tempos vem propiciando o revisionismo e a social-democracia e a frustração de comprovar que aqueles que iam assaltar os céus pariram um rato, saldou-se na classe operária e demais sectores populares por um incremento da desmobilização e extensão de um sentimento de impotência. O incremento espetacular dos suicídios, do consumo de fármacos e o auge da extrema direita são boa amostra disso.

Frente a isso, os trabalhadores e as trabalhadoras conscientes devem saber que:São precisamente nas épocas de crises e de guerras que o capitalismo mostra sua debilidade e mais precisamente na crise atual, por tratar-se de uma profunda crise estrutural de um sistema em agonia que é incapaz de garantir as mais mínimas condições de vida à maioria da sociedade e só oferece miséria, repressão, destruição e guerra, afetando de forma especial à mulher e à juventude de origem operária.
As lutas operárias, tantas vezes heroicas, que se dão em muitos sectores, quando não são diretamente traídas pelos sindicatos do poder, surgem e decaem, sem deixar atrás de si um terreno para novas formas de organização; de modo que cada vez há que começar de novo. Além disso, em momentos de crise, a margem de manobra é muito pequena: o pouco que se consegue por um lado (subidas salariais que nunca chegam a superar a inflação) perde-se pelo outros (subida de alugueres, de hipotecas, carestia de vida, destruição de serviços públicos, etc), sendo o normal que se lute não já para conseguir algum êxito ou vantagem e sim para manter o que já se tinha: Convénios negociados em baixa, perda de direitos, etc...

Em definitivo, parece que corremos sem avançar ou que construímos na água. É necessário e urgente que, pelo menos os sectores mais conscientes da classe operária, não continuem a delapidar esforços inutilmente. As lutas que não se inserem numa estratégia afundam-se sem deixar rastro.

Por tudo isso nos propomos a:

1º Construir um instrumento de coordenação independente da afiliação sindical que sirva para o apoio, a comunicação e divulgação das lutas operárias que se verifiquem em cada território ou sector.

2º Lutar por impor em cada empresa o poder decisório da assembleia de trabalhadores, por cima inclusive dos próprios comités de empresa.

3º Trabalhar para constituir com os companheiros e companheiras mais conscientes e mais comprometidos comités ou conselhos cujas funções, mais políticas que sindicais, sejam: analisar os erros e os êxito de cada luta, garantindo a sua continuidade; elevar o nível de consciência e de organização para preparar a seguinte; informar os companheiros da lutas em outros lugares e reforçar a solidariedade com elas.

E, sobretudo, trabalhar para que os companheiros e companheiras sejam conscientes dos limites inevitáveis da luta sindical e que vejam a necessidade inescapável de organizar-se para a tomada do poder político pela classe trabalhadora.

27/Junho/2023

[*] Partido Comunista dos Povos de Espanha e Coordenação de Núcleos Comunistas
Este comunicado encontra-se em resistir.info
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