terça-feira, 31 de outubro de 2023

GAZA RETRATO 1 TROVÕES NA NOITE * Luiz Checchia Teatro-SP

GAZA RETRATO 1 TROVÕES NA NOITE
Luiz Checchia Teatro-SP

Olá, camaradas, sou Luiz Carlos Checchia, dramaturgo e diretor teatral. O portal Contrapoder acabou de publicar *Gaza, Retrato 1: Trovões na noite*, uma dramaturgia-curta que escrevi sobre Gaza. A ideia é fazer uma série desses textos. E o objetivo é sensibilizar as pessoas que ainda não se deram conta do que está acontecendo. Enfim, sou artista, é o que consigo fazer.

Te envio e peço para que, se achar pertinente, é claro, publicar no blog e em outros que achar importante.

Obrigado.

Saudações revolucionárias.
https://contrapoder.net/colunas/gaza-retrato-1-trovoes-na-noite/
Luiz Checchia Teatro-SP

AVANÇA A CRISE DO IMPERIALISMO NO ORIENTE MÉDIO E NO MUNDO * PCTB/FRT * BRASIL

AVANÇA A CRISE DO IMPERIALISMO 
NO ORIENTE MÉDIO E NO MUNDO
-Existem quatro opções diante do soldado israelense que entra em Gaza por terra: ele será eliminado, capturado, incapacitado ou fugirá e ficará com uma doença psicológica para o resto da vida. Abu Ubaida, porta-voz da resistência em Gaza.-

*A crise do colonialismo imperialista
Los niños de Palestina se dirigen a Putin:
"Estimado presidente Vladimir Vladimirovich.
Nosotros, los niños de Palestina de la devastada Gaza, donde se libra la guerra, por favor detengamos esto.
Todos nos dejaron. En nombre de Dios, detén esta sangrienta guerra. Os hablamos desde nuestros hogares destrozados".


O aprofundamento da limpeza étnica, misturada com genocídio, cometida pelo Estado sionista de Israel se radicaliza. Desde o dia 08 de outubro as forças militares sionistas tem atacado indiscriminadamente a Faixa de Gaza tendo como alvo principais hospitais e a infraestrutura da região. Bombardeios intensos atingiram covardemente comboios de palestinos que se deslocavam de suas regiões sob ordens dos próprios militares israelenses. Num dos ataques mais criminosos e repugnantes, as forças militares do sionismo atingiram um hospital batista, matando mais de 500 pessoas, incluindo grande quantidade de mulheres, crianças e idosos.

Até o momento, segundo dados da ONU, quase 10 mil palestinos já foram brutalmente assassinados pelas bombas de Israel, destes, mais da metade estão entre mulheres e crianças. Tal fato, se somarmos as mulheres grávidas que não terão condições de terem um parto seguro e minimamente viável, além do bloqueio que o governo fascista israelense impôs em relação a ítens básicos de caráter humanitário como comida, água, medicamentos e insumos hospitalares; combustível, internet, etc., significa uma forma de ampliação do genocídio sistemático cometido por Israel, que impossibilita de forma deliberada as próprias condições de reprodução do povo palestino, expressão macabra de mais um novo episódio da limpeza étnica que se mistura ao genocídio de um povo. Dessa forma, os sionistas calculam ocupar por completo a Faixa de Gaza e ampliar seu domínio sobre o que resta de território palestino, uma necessidade imperiosa para o caráter da colonização expansionista do sionismo.

*Esmagar o sionismo na Palestina, no oriente médio e no mundo!
IRÃ SE MANIFESTA


A imprensa mercenária mundial da burguesia são mais do que cúmplices dessa barbárie; na verdade, a grande mídia capitalista é um agente direto da política colonialista e genocida de Israel e dos Estados Unidos. O papel cumprido pelos escribas de aluguel da burguesia, é de promoverem e acentuarem a propaganda de guerra, promover um clima psicológico adequado a ofensiva destrutiva do sionismo com as bençãos do imperialismo ianque e demais países imperialistas europeus. A imprensa burguesa é o elemento por excelência da guerra psicológica e promotores da campanha guerreirista generalizado, portanto, agentes diretos da barbárie.

*Fortalecer a ofensiva internacional dos povos contra Israel e seu patrão imperialista!
-Cenas da União das Brigadas Mujahideen de al-Qassam em confronto contra as forças invasoras a oeste de "Erez" no domingo, 29 de outubro.-


O ataque que o Hamas levou adiante dentro das próprias fortalezas da pátria sionista, foi um dos mais ousados atos cometidos pela resistência palestina desde 1948. Tal iniciativa da resistência palestina provocou uma grave crise, não só no interior do governo fascista de Benjamín Netanyahu, mas também internacionalmente, promovendo um abalo em toda a geopolítica mundial.

A questão Palestina, tão desprezada nos últimos anos voltou à tona. O regime do Apartheid israelense passa pela mais grave crise em sua história e Israel encontra-se completamente desmoralizado e desmascarado internacionalmente. Organismos do imperialismo como a ONU, entrou em completa falência e as burguesias europeias, estadunidense e árabes, estão sendo pressionadas por seus povos a romperem relações econômicas e diplomáticas com Israel.

*Fortalecer a resistência Militar e civil contra o terrorismo de Israel
TODOS POR PALESTINA


Grandes mobilizações tomam conta da Europa, Estados Unidos e Ásia Ocidental. Na América latina, os povos também começam a sair às ruas contra a barbárie sionista e exigem de seus governos, total rompimento com Israel.

A resistência palestina impôs dessa forma, duro revés não somente a Israel , mas também ao imperialismo, que enfrenta fortes mobilizações no interior da pátria ianque. A conjugação do avanço da crise geral do capitalismo mundial, do genocídio cometido por Israel e sua consequente desmoralização mundial, somado ao crescimento da mobilização popular, pode significar abalos de caráter tectônico na geopolítica imperialista, que está neste momento, sofrendo humilhante derrota na Ucrânia. Estamos na iminência do recrudescimento geral das lutas dos povos em todo o mundo.

*Viva a resistência militar palestina!
AJUDA HUMANITÁRIA DO MST


Nestas condições, é preciso o fortalecimento de vanguardas revolucionárias que saibam se inserir no movimento de massas e canaliza-los para a via da revolução socialista, que destrua o Estado burguês e implemente as bases de uma economia planificada internacionalmente.

A resistência heróica do povo palestino é hoje, a grande expressão e maior epicentro da luta mundial da classe operária e das massas populares contra o imperialismo e o capitalismo em crise estrutural. Uma derrota contundente dos genocidas sionistas será o mais duro golpe no monstro imperialista e em toda a burguesia mundial. Portanto, defender a resistência palestina, armada e civil/popular, é defender a luta mundial contra o imperialismo e o regime capitalista mundial.

Para tanto, é preciso cobrir de solidariedade militante o Hamas e demais forças da resistência armada palestina, principais combatentes contra o Estado sionista. É preciso unificar as forças dos grupos armados árabes, sobretudo o Hezbollah, Hamas, etc., contra as forças militares covardes do sionismo; também, é necessário a combinação de um levante generalizado dos povos árabes, junto de uma forte mobilização dos trabalhadores em todo o mundo, contra o Estado assassino de Israel.

No Brasil, crescem os atos de rua em apoio ao povo palestino. Mas é preciso que seja articulado em nosso país, uma forte campanha militante e popular contra Israel. É necessário a coordenação de um tal movimento em âmbito nacional.

Exigimos da parte do presidente Lula a completa ruptura econômica e diplomática com Israel e que seu embaixador e consulares sejam expulsos do Brasil.

*Solidariedade incondicional ao Hamas e demais grupos da resistência!

Também defendemos o imediato cessar fogo por parte de Israel, sabendo que não basta para a resolução dos interesses imediatos e históricos do povo palestino, pilhados e assassinados de forma continua desde a criação artificial do Estado sionista e racista colonial. Dessa forma, defendemos a retomada de um Estado palestino laico e democrático, com total restauração das fronteiras e direito efetivo do povo originário às suas terras no espaço geográfico anterior a 1948. As demandas históricas do povo palestino somente podem vir a luz e tornar-se realidade concreta, com o fim do Estado supremacista, colonial, racista e de Apartheid, que é Israel, sustentado pelo imperialismo estadunidense e europeu, por se tratar de um enclave geopolítico na região estratégica, devido suas fontes energéticas e localização geográfica precisa.

*Abaixo o Estado genocida de Israel!

A proposta sionista-imperialista dos dois Estados definitivamente ruiu desde o fracassado Acordo de Oslo. O progressivo avanço dos assentamentos judaicos na região da Cisjordânia, o recrudescimento da política racista e supremacista oficial por parte de Israel, são exemplos do caráter expansionista do próprio modo capitalista de ser e estrutura do Estado sionista. Somente a luta dos trabalhadores do mundo e dos povos árabes em particular, podem impor uma derrota histórica e inviabilizar o projeto imperialista que é o sionismo.

Por uma campanha mundial de solidariedade dos povos em defesa do povo palestino!

PARTIDO COMUNISTA DOS TRABALHADORES BRASILEIROS/PCTB

FRENTE REVOLUCIONÁRIA DOS TRABALHADORES/FRT https://frenterevolucionariadostrabalhadores.blogspot.com 
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COMUNICADO DE IMPRENSA * Organização para Libertação da Palestina/OLP

COMUNICADO DE IMPRENSA
ORGANIZAÇÃO PARA LIBERTAÇÃO DA PALESTINA
OLP 

Os palestinos não são números, são seres humanos, pare com o genocídio contra o povo palestino, mulheres e crianças.

As Forças Ocupantes Israelenses, com o total apoio de alguns países ocidentais, à frente dos quais os EUA, estão cometendo genocídio e limpeza étnica contra o povo palestino, especialmente contra mulheres e crianças da Faixa de Gaza.

Até agora, 7.700 civis foram mortos pelas forças israelitas em Gaza, mais de 60% deles são crianças e mulheres. Crianças mortas avaliadas em torno de 40%, e as mulheres mortas representaram mais de 22% do número total de civis visados e mortos. Além disso, existem mais de 1.500 pessoas que foram enterradas sob escombros de edifícios e casas.

Hospitais e locais religiosos também foram alvo e destruídos pelas forças de ocupação de Israel. Além disso, 1.400.000 pessoas deslocadas estão desabrigada e há cerca de 20.000 pessoas gravemente feridas e morrendo devido a corte no fornecimento de água, electricidade e medicamentos, configurando enormes crimes bárbaros de guerra por parte dos israelenses, que violam todos os direitos humanos e as Convenções de Genebra

A sua voz deve ser ouvida em apoio ao povo palestino e seus direitos humanos. Vamos unir esforços, continuar seu apoio e lançar uma campanha global de união para pressionar a ocupação israelense e os países ocidentais apoiados pelos Estados Unidos da América, França, Alemanha e Reino Unido, para parar imediatamente os crimes de guerra israelenses contra os palestinos em Gaza e em todo o território palestino, parar o genocídio contra crianças e mulheres, levantar todas as restrições na fronteira de Gaza e permitir a entrada de apoio humanitário na Faixa de Gaza

Falemos mais alto, continuando a organizar manifestações e marchas, formando frentes, organizado grupos de influência, pressionando pelo respeito ao direito internacional e que as autoridades que tomam decisões sejam responsáveis perante a comunidade internacional e as convenções. Vamos permanecer unidos na defesa da humanidade e da libertação da Palestina da ocupação.

FONTE
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segunda-feira, 30 de outubro de 2023

IRÃ-RÚSSIA: UMA ARMADILHA OCIDENTAL NA PALESTINA * Pepe Escobar / Fundação Cultura Estratégica

IRÃ-RÚSSIA: 
UMA ARMADILHA OCIDENTAL NA PALESTINA

A parceria estratégica Rússia-Irão – com a China nos bastidores – está a preparar uma armadilha elaborada, com o toque de Sun Tzu, para o Hegemon na Ásia Ocidental.

Além de Israel, não há nenhuma entidade no planeta capaz de desviar o foco, num piscar de olhos, do espectacular desastre do Ocidente na Ucrânia.

Os fomentadores da guerra encarregados da política externa dos EUA, e não propriamente os partidários bismarckianos, acreditam que se o Projecto Ucrânia for inatingível, o Projecto Solução Final na Palestina poderá, em vez disso, ser uma moleza – de limpeza étnica.

Um cenário mais plausível, porém, é que o Irão-Rússia – e o novo “eixo do mal” Rússia-China-Irão – tenham tudo o que é necessário para arrastar o Hegemon para um segundo atoleiro. É tudo uma questão de usar as oscilações desconcertantes do próprio inimigo para desequilibrá-lo e desorientá-lo até o esquecimento.

A ilusão da Casa Branca de que as Guerras Eternas na Ucrânia e em Israel estão inscritas no mesmo impulso elevado de “democracia” e são essenciais para os interesses nacionais dos EUA, já saiu pela culatra – mesmo entre a opinião pública americana.

Isso não impede que gritos e sussurros ao longo de Beltway revelem que os neoconservadores dos EUA, aliados de Israel, estão a aumentar o ritmo para provocar o Irão – através de uma proverbial bandeira falsa que levaria a um ataque americano. Esse cenário do Armagedão enquadra-se perfeitamente na psicopatia bíblica do primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu .

Os vassalos seriam forçados a obedecer humildemente. Os chefes de Estado da OTAN foram directos a visitar Israel para demonstrar o seu apoio incondicional a Tel Aviv - incluindo o grego Kyriakos Mitsotakis, a italiana Giorgia Meloni, o britânico Rishi Sunak, o alemão Olaf Scholz, o inquilino senil na Casa Branca, e o francês Emmanuel Macron.

Vingando o “século de humilhação” árabe

Até agora, o movimento de resistência libanês Hezbollah tem demonstrado uma moderação extraordinária ao não morder qualquer isco. O Hezbollah apoia a resistência palestiniana no seu conjunto – e até há alguns anos atrás, tinha sérios problemas com o Hamas, com quem entrou em confronto na Síria. O Hamas, aliás, embora parcialmente financiado pelo Irão, não é dirigido pelo Irão. Por mais que Teerão apoie a causa palestiniana, os grupos de resistência palestinianos tomam as suas próprias decisões.

A grande notícia é que todas essas questões estão agora se dissolvendo. Tanto o Hamas quanto a Jihad Islâmica Palestina (PIJ) foram ao Líbano para visitar pessoalmente o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, esta semana. Isto significa unidade de propósito – ou o que o Eixo de Resistência da região chama de “Unidade de Frentes”.

Ainda mais reveladora foi a visita do Hamas a Moscovo esta semana, que foi recebida com a fúria impotente de Israel. A delegação do Hamas foi chefiada por um membro do seu Politburo, Abu Marzouk. O vice-ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Bagheri, veio especialmente de Teerã e se encontrou com dois dos principais deputados do ministro das Relações Exteriores da Rússia, Lavrov, Sergei Ryabkov e Mikhail Galuzin.

Isto significa que o Hamas, o Irão e a Rússia negociam na mesma mesa.

O Hamas apelou aos milhões de palestinianos da diáspora, bem como a todo o mundo árabe e a todas as terras do Islão, para se unirem. Lenta mas seguramente, um padrão pode ser discernido: poderia o mundo árabe – e grandes áreas do Islão – estar prestes a unir-se significativamente para vingar o seu próprio “século de humilhação” – tal como fizeram os chineses após a Segunda Guerra Mundial com Mao Zedong e Deng? Xiaoping ?

Pequim, através da sua diplomacia sofisticada, está certamente a insinuar isso aos principais intervenientes, mesmo antes de a aproximação pioneira entre o Irão e a Arábia Saudita, mediada pela Rússia e a China, ter sido alcançada no início deste ano.

Isso por si só não irá frustrar a obsessão perpétua dos neoconservadores dos EUA em bombardear infra-estruturas críticas no Irão. Com valor inferior a zero quando se trata de ciência militar, estes neoconservadores ignoram como a retaliação iraniana atingiria - com precisão - cada uma das bases dos EUA no Iraque e na Síria, sendo o Golfo Pérsico um caso aberto.

O inigualável analista militar russo Andrei Martyanov mostrou o que poderia acontecer àquelas caras banheiras de ferro americanas no Mediterrâneo Oriental no caso de um ataque ao Irão ameaçado por Israel.

Além disso, há pelo menos 1.000 soldados dos EUA no norte da Síria a roubar o petróleo do país – o que também se tornaria um alvo imediato.

Ali Fadavi , vice-comandante-em-chefe do IRGC, foi direto ao ponto: “Temos tecnologias no campo militar que ninguém conhece, e os americanos saberão delas quando as usarmos”.

Sugestão para os mísseis hipersônicos Fattah Iranianos – primos do Khinzal e do DF-27 – viajando a Mach 15 e capazes de atingir qualquer alvo em Israel em 400 segundos.

E acrescente a isso a sofisticada guerra eletrônica russa (EW). Tal como confirmado em Moscovo há seis meses, no que diz respeito à interligação militar, os iranianos disseram aos russos na mesma mesa: “o que precisarem, basta pedir”. O mesmo se aplica vice-versa, porque o inimigo mútuo é o mesmo.

É tudo sobre o Estreito de Ormuz

O cerne da questão em qualquer estratégia Rússia-Irão é o Estreito de Ormuz, através do qual transitam pelo menos 20% do petróleo mundial (quase 17 milhões de barris por dia) mais 18% do gás natural liquefeito (GNL), o que equivale a pelo menos 3,5 bilhões de pés cúbicos por dia.

O Irã consegue bloquear o Estreito de Ormuz num piscar de olhos. Para começar, isso seria uma espécie de retribuição poética e justa a Israel que pretende devorar, ilegalmente, todo o gás natural multibilionário descoberto ao largo de Gaza : esta é, aliás, uma das razões absolutamente chave para a limpeza étnica da Palestina.

No entanto, o verdadeiro negócio será derrubar a estrutura de derivados de 618 biliões de dólares concebida pela Wall Street , como confirmado durante anos por analistas da Goldman Sachs e JP Morgan, bem como por comerciantes independentes de energia do Golfo Pérsico.

Assim, quando a pressão chega - e muito além da defesa da Palestina e num cenário de Guerra Total - não apenas a Rússia-Irão, mas os principais intervenientes do mundo árabe prestes a tornarem-se membros do BRICS 11 - como a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos - têm o que é preciso para derrubar o sistema financeiro dos EUA sempre que quiserem.

Como sublinha um antigo Estado Profundo, agora em atividade na Europa Central:

“As nações islâmicas têm a vantagem económica. Podem explodir o sistema financeiro internacional cortando o petróleo. Eles não precisam disparar um único tiro. O Irão e a Arábia Saudita estão aliados. A crise de 2008 exigiu 29 biliões de dólares para ser resolvida, mas esta, caso acontecesse, não poderia ser resolvida nem com 100 biliões de dólares em instrumentos fiduciários.”

Tal como me disseram os comerciantes do Golfo Pérsico, um cenário possível é a OPEP começar a sancionar a Europa, primeiro a partir do Kuwait e depois espalhando-se de um país da OPEP para outro e para todos os países que tratam o mundo muçulmano como inimigos e alimento de guerra.

O primeiro-ministro iraquiano, Mohammed Shia al-Sudani, já alertou que o petróleo para os mercados ocidentais poderia ser adiado devido ao que Israel está a perpetrar em Gaza. O Ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amir-Abdollahian, já apelou, oficialmente, a um embargo total de petróleo e gás por parte dos países islâmicos contra nações – essencialmente vassalos da NATO – que apoiam Israel.

Assim, os sionistas cristãos nos EUA, aliados ao activo neoconservador Netanyahu que ameaça atacar o Irão, têm o potencial de derrubar todo o sistema financeiro mundial.

Guerra Eterna na Síria, remixado

Sob o actual vulcão, a parceria estratégica Rússia-China tem sido extremamente cautelosa. Para o mundo exterior, a sua posição oficial mútua é recusar ficar do lado da Palestina ou de Israel; apelar a um cessar-fogo por razões humanitárias; apelar a uma solução de dois Estados; e respeitar o direito internacional. Todas as suas iniciativas na ONU foram devidamente sabotadas pelo Hegemon.

Tal como está, Washington recusou a luz verde para a invasão terrestre israelita de Gaza. A principal razão é a prioridade imediata dos EUA: ganhar algum tempo para expandir a guerra à Síria, “acusada” de ser o principal ponto de trânsito de armas iranianas para o Hezbollah. Isso também significa reabrir a mesma velha frente de guerra contra a Rússia.

Não há ilusões em Moscou. O aparelho de inteligência sabe bem que agentes israelitas da Mossad têm aconselhado Kiev enquanto Tel Aviv fornecia armas à Ucrânia sob séria pressão dos EUA. Isso enfureceu os siloviki e pode ter constituído um erro fatal israelita.

Os neoconservadores, por sua vez, nunca param. Estão a avançar uma ameaça paralela: se o Hezbollah atacar Israel com algo mais do que alguns foguetes esparsos – e isso simplesmente não vai acontecer – a Base Aérea Russa de Hmeimim em Latakia será “eliminada” como um “aviso” ao Irão.

Isto nem sequer se qualifica como crianças brincando na caixa de areia. Após os ataques em série israelitas aos aeroportos civis de Damasco e Aleppo, Moscovo nem sequer piscou antes de oferecer as suas instalações em Hmeimim à Síria – completas com autorização para voos de carga do Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irão (IRGC), segundo algumas fontes da inteligência russa. Netanyahu não nutrirá exactamente um desejo de morte bombardeando uma Base Aérea Russa totalmente A2/AD (anti-acesso/negação de área).

Moscovo também vê claramente o que aquelas caras banheiras de ferro americanas no Mediterrâneo Oriental podem estar a fazer. A resposta foi rápida: os MiG-31K estão patrulhando o espaço aéreo neutro sobre o Mar Negro 24 horas por dia, 7 dias por semana, equipados com Khinzals hipersônicos, o que levaria apenas seis minutos para visitar o Mediterrâneo.

No meio de toda esta loucura encharcada de neoconservadores, com o Pentágono a implantar um conjunto formidável de armamento e activos “não revelados” no Mediterrâneo Oriental, quer o alvo seja o Hezbollah, a Síria, o Irão, a Rússia, ou todos os anteriores, tanto a China como a Coreia do Norte – parte do novo “eixo do mal” inventado pelos EUA – indicaram que não serão meros espectadores.

A Marinha Chinesa está, para todos os efeitos práticos, protegendo o Irão à distância. No entanto, ainda mais contundente foi a declaração do primeiro-ministro Li Qiang – algo invulgarmente contundente e raro na diplomacia chinesa:

"A China continuará a apoiar firmemente o Irão na salvaguarda da sua soberania nacional, integridade territorial e dignidade nacional, e opor-se-á fortemente a quaisquer forças externas que interfiram nos assuntos internos do Irão."

Nunca se esqueça que a China e o Irão estão ligados por uma parceria estratégica abrangente. Entretanto, o primeiro-ministro russo, Mikhail Mishustin, reforçou a parceria estratégica Rússia-Irão numa reunião com o primeiro vice-presidente do Irão, Mohammad Mokhber.

Lembre-se daqueles comedores de arroz da Coreia

As milícias pró-Irão em todo o Eixo da Resistência mantêm um grau de confronto cuidadosamente moderado contra Israel, próximo do atropelamento e fuga da guerrilha. Eles não estarão envolvidos em ataques massivos ainda. Mas todas as apostas serão canceladas se Israel invadir Gaza. É evidente que o mundo árabe, apesar de todas as suas enormes contradições internas, simplesmente não tolerará o massacre de civis.

Sem rodeios, na actual conjuntura incendiária, o Hegemon encontrou a humilhação do seu Projecto Ucrânia. Eles acreditam erroneamente que a mesma velha Guerra Eterna reacendida na Ásia Ocidental pode ser “modulada” à vontade. E se duas guerras se transformarem num imenso albatroz político, como acontecerá, o que mais há de novo? Eles simplesmente começarão uma nova guerra no “Indo-Pacífico”.

Nada disso engana a Rússia-Irão e a sua monitorização fria da Hegemonia em constante movimento a cada passo do caminho. É esclarecedor lembrar o que Malcolm X já previa em 1964 :

“Alguns comedores de arroz o expulsaram da Coreia. Sim, eles o expulsaram da Coreia. Comedores de arroz com nada além de tênis de ginástica, um rifle e uma tigela de arroz pegaram ele e seus tanques e seu napalm, e todas aquelas outras ações que ele deveria ter e o levaram através do Yalu. Por que? Porque o dia em que ele poderia vencer no chão já passou.”
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OTAN NA AMÉRICA DO SUL * NOTIFE.COM

OTAN NA AMÉRICA DO SUL


Os Estados Unidos e a NATO têm 50 bases militares em dez países, presença nas Malvinas, interesses na Antártida, na Amazónia e no Aquífero Guarani, em petróleo, ouro, cobre e lítio.

Nestes tempos, tornou-se comum falar da expansão da NATO “em direcção à Europa de Leste” o que, se eficaz, é um conceito reducionista. A verdade é que desde o fim do mundo bipolar, os Estados Unidos, sentindo-se donos do planeta, têm utilizado a NATO para se expandirem pelo globo. Prova disso é a assinatura do Tratado AUKUS (Austrália, Reino Unido e Estados Unidos), a criação do Diálogo Quadrilateral de Segurança (QUAD) formado por Austrália, Índia, Japão e Estados Unidos e a Aliança de Inteligência dos Cinco Olhos ( (Estados Unidos), Reino Unido, Canadá, Nova Zelândia e Austrália) como instrumentos da expansão militar da OTAN na Ásia e na Oceânia.

O mesmo está a acontecer na América Latina e nas Caraíbas, onde os Estados Unidos iniciam um agressivo plano de expansão em todas as latitudes e longitudes da região. Em três partes, queremos fornecer alguns dados que nos permitam confirmar a afirmação anterior.

No final do ano passado os Estados Unidos tinham 12 bases militares instaladas no Panamá, 12 em Porto Rico, 9 na Colômbia, 8 no Peru, 3 em Honduras, 2 no Paraguai, também existem instalações deste tipo em Aruba, Costa Rica , El Salvador, Cuba (Guantánamo) e Peru entre outros países, ao mesmo tempo que direciona sua busca pela cobertura total da superfície terrestre e marítima da região.

Nas águas territoriais argentinas e nas Ilhas Malvinas, usurpadas pelo Reino Unido, existe uma presença da NATO integrada num sistema composto por bases nas ilhas da Ascensão, Santa Helena e Tristão da Acuña que “protege” todo o Atlântico do norte até a zona antártica.

Segundo um relatório do Departamento de Defesa dos Estados Unidos citado pelo portal venezuelano Misión Verdad, desde maio de 2022, o Reino Unido forma um “triângulo de controle estratégico” do extremo sul da América do Sul. Ao sul das Malvinas, operam submarinos nucleares. Além disso, que “a França e os Estados Unidos organizam regularmente manobras militares conjuntas na região”.

Durante os últimos anos, e especialmente após a chegada da General Laura Richardson à liderança do Comando Sul das forças armadas dos Estados Unidos em Outubro de 2021, os níveis de agressividade intervencionista de Washington na região aumentaram significativamente. Isto coincidiu com a chegada ao poder de Joe Biden, que tem implementado uma política activa de substituição do tradicional (e natural) papel do Departamento de Estado na actividade diplomática que passou a ser ocupada pelo Pentágono, pelo Conselho de Segurança Nacional e até pelo CIA. O número de funcionários destes organismos que ocupam cargos de embaixador na América Latina e no Caribe está aumentando.

A estratégia dos Estados Unidos visa reforçar a sua presença na região. Em perspectiva, o Atlântico Sul ganhou especial importância dada a sua proximidade com a Antártica, que é regulamentada por um tratado que expira em 2041, com a Amazônia, principal reserva de oxigênio e biodiversidade do planeta, e com a tríplice fronteira onde se encontra o aquífero Guarani. localizado, o maior reservatório de água do mundo.

É isto que dá sentido às tentativas dos Estados Unidos de restabelecer a guerra fria na região, desta vez contra a China e a Rússia. Esta lógica explica a decisão de instar seis países latino-americanos a doarem o seu equipamento militar russo à Ucrânia, excluindo - é claro - Cuba, Nicarágua e Venezuela deste pedido. Richardson alertou que, depois da China, a Rússia é o segundo adversário dos Estados Unidos na região, enfatizando o seu grande valor estratégico para o seu país.

O general dos EUA chamou a China de “ator estatal do mal” depois de 21 dos 31 países da região terem aderido à iniciativa chinesa do Cinturão e Rota, enquanto o investimento de Pequim em infraestruturas aumentou em áreas críticas como portos de águas profundas, investigação espacial ou telecomunicações, com redes 5G e a empresa Huawei.

Richardson destacou o papel “protetor” que os Estados Unidos desempenharão na região porque ser bons vizinhos envolve “cuidar uns dos outros”, o que “obriga” Washington a se encarregar de combater as redes do crime organizado que se dedicam ao tráfico de seres humanos. , contrabando de drogas, exploração madeireira não regulamentada e mineração ilegal e especialmente “por ser uma região rica em recursos e terras raras, sendo o chamado Triângulo do Lítio que possui 60% das reservas mundiais (na Argentina, Bolívia e Chile) um recurso muito necessário metal para tecnologia.”

Da mesma forma, Richardson afirmou que os Estados Unidos estão interessados ​​no petróleo (dadas as grandes reservas encontradas na Guiana e as maiores do mundo na Venezuela), bem como no cobre e no ouro da região. Estados Unidos, que o oxigênio e 31% da água doce da Terra são encontrados na Amazônia. Por tudo isso, segundo ela, a China, que se tornou o principal parceiro comercial de vários países da região, deve ser mantida afastada.

Esta lógica está inserida na Estratégia de “dissuasão integrada” dos Estados Unidos, modalidade renovada da Doutrina de Segurança Nacional que propõe agrupar sob a liderança do Pentágono “todas as capacidades civis e militares de governos, empresas, sociedade civil e academia dos Estados Unidos e de todos os seus aliados.”

Na XV Conferência de Ministros da Defesa das Américas, realizada no Brasil em julho de 2022, o Secretário de Defesa Lloyd Austin apresentou esta estratégia aos seus pares na região. Dois meses depois, em setembro, Richardson insistiu nisso diante de 14 líderes militares na Conferência Sul-Americana de Defesa.

O interesse dos Estados Unidos tem uma perspectiva regional que se baseia na necessidade do seu controle desde há 200 anos, quando foi enunciada a Doutrina Monroe. Mas numa perspectiva global, as forças armadas latino-americanas constituem um potencial combativo que não pode ser subestimado. Em 2018, o Brasil contava com 334 mil militares ativos, a Colômbia com 200 mil e a Argentina com 51 mil. A OTAN tem 3,5 milhões de militares e civis activos. Segundo o centro de estudos CELAG, apenas o Brasil e a Colômbia contribuiriam com mais ativos para a OTAN do que os membros europeus anexados na década de 1990. Nesse sentido, vale a pena fazer a comparação, considerando que, por exemplo, a Argentina possui ativos semelhantes aos de Bulgária (24.800) e República Checa (25.000) juntas.

Para melhor compreender toda esta situação e conhecer a intensa actividade imperial para controlar o espaço latino-americano e caribenho, vale a pena rever a forma como a intervenção dos Estados Unidos e da NATO se materializou em alguns países da região.

PARAGUAI

O Plano Diretor de Navegabilidade do Rio Paraguai é uma iniciativa do governo daquele país para “maximizar o uso dessa hidrovia navegável”, mas foi o embaixador dos Estados Unidos, Marc Ostfield, quem fez o anúncio. A obra está sendo apoiada por capitais dos Estados Unidos e será realizada graças aos serviços do Corpo de Engenheiros do Exército Norte-Americano, o que gerou grande preocupação na Argentina , que considera que tal decisão significará o controle do território por forças estrangeiras. Nem é preciso dizer a relevância da área que faz parte da Bacia do Prata, quinta reserva de água doce mais importante do mundo em área.

Da mesma forma, Washington não desiste das suas intenções de longa data de instalar uma base militar na Tríplice Fronteira (Argentina-Paraguai-Brasil), com a desculpa de combater o terrorismo internacional e o tráfico de drogas. Neste quadro, as tentativas de militarizar a região e mudar as “regras do jogo” para que os Estados Unidos possam estabelecer territórios sob o seu controlo permanente são consideradas na Argentina extremamente perigosas. Da mesma forma, alguns líderes políticos locais expressaram preocupação pelo facto de a sua região estar atolada numa lógica de confronto entre os Estados Unidos e a China.

Embora o governo paraguaio tenha afirmado que o projeto inclui "cooperação com especialistas dos Estados Unidos" que incluirá o estudo dos rios, mas que não contempla cooperação de natureza militar, a subordinação total de Assunção aos Estados Unidos lança dúvida sobre essa afirmação. Em termos geopolíticos, considera-se também o fato de o Paraguai ser o único país da América do Sul que não mantém relações com a China.

ARGENTINA

Na perspectiva argentina, a decisão de Assunção de atrair as forças armadas dos Estados Unidos para avançar na navegabilidade do rio Paraguai está hoje relacionada ao crescente comércio de alimentos, que, no contexto da guerra na Ucrânia, tornou-se estratégico.

O objetivo da hidrovia é permitir a navegação de navios de grande calado e grandes volumes de carga durante os 365 dias do ano, retificando a rota e eliminando ilhas e outros obstáculos. A presença de especialistas do Exército dos Estados Unidos confere ao projeto um caráter bem diferente do que foi originalmente apresentado como uma obra civil.

Por outro lado, os Estados Unidos têm demonstrado preocupação porque o Estado argentino pretende realizar uma nova licitação para a dragagem do rio Paraná (que recebe água do Paraguai) e algumas das empresas que tentarão vencê-la são de origem chinesa .

Para os Estados Unidos, a Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai é de primordial importância.O Comando Sul afirmou ter identificado fontes de financiamento para “organizações terroristas” baseadas na Ásia Ocidental, mencionando o Hezbollah libanês e o Hamas palestino. Para combater esta suposta ameaça, foi criado um mecanismo multilateral denominado 3+1 com os três países sul-americanos e os Estados Unidos.

Washington também manifestou grande interesse pela Patagônia Argentina . Neste contexto, no dia 8 de agosto, o embaixador dos Estados Unidos no país participou numa reunião na cidade de Neuquén (localizada a cerca de 1140 km a sudoeste de Buenos Aires) com representantes das mais poderosas corporações petrolíferas do mundo .

Quatro anos antes, em 2018, foi anunciada a construção de diversas instalações em propriedade pública sob a direção e financiamento do Comando Sul dos Estados Unidos . Embora a sua embaixada na Argentina tenha sido rápida em informar que as obras faziam parte de um projeto de “ajuda humanitária” cujo objetivo era melhorar a capacidade de resposta de Neuquén face aos desastres naturais, a sociedade civil de Neuquén rejeitou tal ideia , uma vez que o caracterizado pelo sigilo, pela falta de informação e pela ausência de comunicação sobre o que a Argentina obteve em troca da transferência do referido território em uma área considerada de alto valor estratégico .

O projecto caracterizado como “base militar camuflada”, segundo reportagem do jornalista Ariel Noyola Rodríguez publicada no portal RT, insere-se numa estratégia de âmbito continental que se tem caracterizado como uma nova forma de intervenção militar na região: a 'Assistência "Programa Respostas Humanitárias e a Desastres Naturais", patrocinado pelo Comando Sul dos Estados Unidos,

Por outro lado, não se pode ignorar nesta análise que parte do território argentino está ocupado por forças da OTAN. Entre 1.500 e 2.000 militares britânicos estão estacionados nas Malvinas, alguns permanentemente, bem como caças-bombardeiros de última geração.

FONTE
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domingo, 29 de outubro de 2023

RALPH SCHOENMAN MITOS EM QUEDA * Stylianos Tsirakis / Teoria e Debate

RALPH SCHOENMAN MITOS EM QUEDA
O escritor e diretor da Campanha Palestina pede o fim de toda a ajuda ao Estado de Israel e acusa: "A liderança sionista colaborou com os piores perseguidores dos judeus durante o século XIX e o século XX, incluindo os nazistas"

Ralph Schoenman foi diretor-executivo da Fundação pela Paz Bertrand Russel, papel por meio do qual conduziu negociações com inúmeros chefes de Estado. Com seu trabalho assegurou a libertação de prisioneiros políticos em muitos países e fundou o Tribunal Internacional dos Crimes de Guerra dos Estados Unidos na Indochina, organização da qual foi secretário-geral. Velho militante na vida política, fundou o Comitê dos 100, que organizou a desobediência civil massiva contra as armas nucleares e as bases americanas na Grã-Bretanha. Foi também fundador e diretor da Campanha de Solidariedade ao Vietnã e diretor do Comitê "Quem Matou Kennedy?".

Tem sido líder do Comitê por Liberdade Artística e Intelectual no Irã e co-diretor do Comitê em Defesa dos Povos Palestino e Libanês e do Movimento de Solidariedade de Trabalhadores e Artistas Americanos. Atualmente é diretor executivo da Campanha Palestina, que clama pelo fim de toda ajuda a Israel e por uma Palestina laica e democrática.

Em seu livro The Hidden History of Zionism (A História Oculta do Sionismo), você descreve quatro mitos sobre a história do sionismo. Nós gostaríamos que você explicasse um pouco seu livro.

O meu trabalho na Fundação Bertrand Russel foi importante por me dar a chance de documentar fatos da formação do Estado sionista de Israel. Em cursos e palestras que proferi em mais de uma centena de universidades americanas e européias, pude constatar que as pessoas não sabiam, não tinham conhecimento da história do movimento sionista, dos seus objetivos e de vários fatos. Nessas ocasiões deparei-me com concepções equivocadas sobre a natureza do Estado de Israel e foi isso que impulsionou o meu trabalho de escrever o livro, The Hidden History of Zionism, no qual eu abordo o que chamo de os quatro mitos que têm moldado a consciência nos Estados Unidos e na Europa sobre o sionismo e o Estado de Israel.

Quais são esses quatro mitos?

O primeiro mito é o da "terra sem povo para um povo sem terra". Os primeiros teóricos sionistas, como Theodor Herzl e outros, apresentaram para o mundo a Palestina como uma terra vazia, visitada ocasionalmente por beduínos nômades; simplesmente, uma terra vazia, esperando para ser tomada, ocupada. E os judeus eram um povo sem terra, que se originaram historicamente na Palestina; portanto, os judeus deveriam ocupar essa terra. Desde o começo, os primeiros núcleos de colonos, promovidos pelo movimento sionista, foram caracterizados pela remoção, pela expulsão armada da população palestina nativa do local onde essa população vivia e onde essa população trabalhava.

Quais os outros três mitos?

Segundo mito que o livro pretende discutir é o mito da democracia israelense. A propaganda sionista, desde o início da formação do Estado de Israel, tem insistido em caracterizar Israel como um Estado democrático no estilo ocidental, cercado por países árabes feudais, atrasados e autoritários. Apresentam então Israel como um bastião dos direitos democráticos no Oriente Médio. Nada poderia estar mais longe da verdade. Entre a divisão da Palestina e a formação do Estado de Israel, num período de seis meses, brigadas armadas israelenses ocuparam 75% da terra palestina e expulsaram mais de 800 mil palestinos, de um total de 950 mil. Eles os expulsaram por meio de sucessivos massacres. Várias cidades foram arrasadas, forçando assim a população palestina a refugiar-se nos países vizinhos, em campos de concentração e de refugiados. Naquele tempo, no período da formação do Estado de Israel, havia 475 cidades e vilas palestinas, que caíram sob o controle israelita. Dessas 475 cidades e vilas, 385 foram simplesmente arrasadas, deixadas em escombros, no chão, apagadas do mapa. Nas 90 cidades e vilas remanescentes, os judeus confiscaram toda a terra, sem nenhuma indenização. Hoje, o Estado de Israel e seus organismos governamentais, tais como o da Organização da Terra, controlam cerca de 95% da terra palestina. Pela legislação existente em Israel, é necessário provar, por critérios religiosos ortodoxos judeus, a ascendência judaica por linhagem materna até a quarta geração, para poder possuir terra, trabalhar na terra ou mesmo sublocar terra. Como eu digo sempre, nas palestras em que apresento meus pontos de vista, em qualquer país do mundo (seja Brasil, EUA, onde for), se fosse necessário preencher requisitos parecidos com esses, ninguém duvidaria do caráter racista de tal Estado; seria notória a existência de um regime fascista.

A Suprema Corte em Israel tem ratificado que Israel é o Estado do povo judeu e que, para participar da vida política israelense, organizar um partido político, por exemplo, ou ter uma organização política, ou mesmo um clube público, é necessário afirmar que se aceita o caráter exclusivamente judeu do Estado de Israel. É um Estado colonial racista, no qual os direitos são limitados à população colonizadora, na base de critérios raciais. O terceiro mito do qual falo em meu livro é aquele criado para justificativa da política de Israel, que se diz baseada em critérios de segurança nacional. A verdade é que Israel é a quarta potência militar do mundo. Desde 1948, os EUA deram a Israel US$ 92 bilhões em ajuda direta. A magnitude dessa soma pode ser avaliada quando observamos que a população israelense variou entre 2 a 3 milhões nesse período. Se o governo americano dá algum dinheiro para países como Taiwan, Brasil, Argentina, e a aplicação desse dinheiro tiver alguma relação com fins militares, a condição é que as compras desse material têm que ser feitas dos EUA. Mas há uma exceção: as compras de material bélico podem ser feitas também de Israel. Israel é tratado pelos EUA como parte de seu território, em todos os assuntos comerciais. O que motivaria uma potência imperialista a subsidiar tanto um Estado colonial? A verdade é que Israel não pode mesmo existir sem a ajuda americana, sem os US$ 10 bilhões anuais. Israel é, portanto, a extensão do imperialismo na região do Oriente Médio. Israel é o instrumento por meio do qual a revolução árabe é mantida sob controle. É, portanto, o instrumento através do qual as ricas reservas do Oriente Médio são mantidas sob o controle do imperialismo americano. É também um meio pelo qual os regimes sanguinários dos países árabes são mantidos no governo, graças ao clima de tensão gerado por uma possível invasão israelense. O quarto mito a que me refiro no livro, que tem influenciado a opinião pública mundial, refere-se à origem do sionismo, à origem do Estado de Israel. O sionismo tem sido apresentado como o legado moral do holocausto, das vítimas do holocausto. O movimento sionista tem como que se "alimentado" da mortandade coletiva dos 6 milhões de vítimas da exterminação nazista na Europa. Esta é uma terrível e selvagem ironia. A verdade é bem o oposto disso. A liderança sionista colaborou com os piores perseguidores dos judeus durante os séculos XIX e XX, incluindo os nazistas. Quando alguém tenta explicar isso para as pessoas, elas geralmente ficam chocadas, e perguntam: o que poderia motivar tal colaboração? Os judeus foram perseguidos e oprimidos por séculos na Europa e, como todo povo oprimido, foram empurrados, impelidos a desafiar o establishment, o status quo. Os judeus eram críticos, eram dissidentes. Eles foram impelidos a questionar a ordem que os perseguia. Então, o melhor das mentes da inteligência judia foi impelido para movimentos que lutavam por mudanças sociais, ameaçando os governos estabelecidos. Os sionistas exploraram esse fato a ponto de dizer para vários governos reacionários, como o dos mares na Rússia, que o movimento sionista iria ajudá-los a remover esses judeus de seus países. O movimento sionista fez o mesmo apelo ao kaiser na Alemanha, obtendo dele dinheiro e armas. Eles se reivindicavam como a melhor garantia dos interesses imperialistas no Oriente Médio, inclusive para os fascistas e os nazistas.

Como se deu essa colaboração dos sionistas com os nazistas?
Em 1941, o partido político de Itzhak Shamir (conhecido hoje como Likud) concluiu um pacto militar com o 3º Reich alemão. O acordo consistia em lutar ao lado dos nazistas e fundar um Estado autoritário colonial, sob a direção do 3º Reich. Outro aspecto da colaboração entre os sionistas e governos e Estados perseguidores dos judeus é o fato de que o movimento sionista lutou ativamente para mudar as leis de imigração nos EUA, na Inglaterra e em outros países, tornando mais difícil a emigração de judeus perseguidos na Europa para esses países. Os sionistas sabiam que, podendo, os judeus perseguidos na Europa tentariam emigrar para os EUA, a Grã- Bretanha, o Canadá. Eles não eram sionistas, não tinham interesse em emigrar para uma terra remota como a Palestina. Em 1944, o movimento sionista refez um novo acordo com Adolf Eichmann. David Ben Gurion, do movimento sionista, mandou um enviado, de nome Rudolph Kastner, para se encontrar com Eichmann na Hungria e concluir um acordo pelo qual os sionistas concordaram em manter silêncio sobre os planos de exterminação de 800 mil judeus húngaros e mesmo evitar resistências, em troca de ter 600 líderes sionistas libertados do controle nazista e enviados para a Palestina. Portanto, o mito de que o sionismo e o Estado de Israel são o legado moral do holocausto tem um particular aspecto irônico, porque o que o movimento sionista fez quando os judeus na Europa tinham a sua existência ameaçada foi fazer acordos, e colaborar com os nazistas.

Stylianos Tsirakis é arquiteto.

O livro chega ao Brasil

Em 1989, The Hidden History of Zionism (A História Oculta do Sionismo), de Schoenman será lançada em português

Fato inusitado, o sr. Fernando Henrique Cardoso, senador da (Nova) República, terminou sua coluna na Folha de S. Paulo saindo em defesa do Estado de Israel. Ele, ou os interesses que representa, reagia assim a um ato público, realizado dias antes em defesa do povo palestino. Promovido pelo Sindicato dos Médicos, presentes a CUT, o PT, o PCB e o PCdoB, além da representação da OLP (Organização para a Libertação da Palestina), o ato contou corri a presença especial de Ralph Schoenman, vindo dos EUA para a ocasião. Repercutia entre nós a campanha internacional, lançada nos EUA, "Pelo Fim de Toda Ajuda ao Israel-Apartheid, por uma Palestina Laica e Democrática".

Desde o início, a campanha tivera a adesão de importantes intelectuais brasileiros, como Raimundo Faoro, Paulo Freire, Florestan Fernandes e Francisco Weffort. Agora ela ganhava adesões nos meios sindicais e políticos (no Brasil, Schoenman encontrou-se com diferentes lideranças em São Paulo, Rio e Brasília). Isso parece ter constrangido o sr. Fernando Henrique Cardoso.

Mas o incômodo deve crescer. É que em 1989 será lançada no Brasil A História Oculta do Sionismo, de Schoenman. Publicada este ano nos EUA (Veritas Press, Santa Bárbara, Califórnia), a obra vem encontrando importante repercussão, tendo já ganhado traduções francesa e espanhola. Não por acaso. Ralph, que nos anos 60 foi secretário do Tribunal Internacional Bertrand Russel sobre os Crimes de Guerra Americanos na Indochina, desmonta neste livro as mentiras da "história" oficial do sionismo. Não sobra nem o chamado "sionismo de esquerda".

Por trás dos mitos

Apoiando-se em farta documentação histórica e sociológica, Schoenman mostra a falsidade dos mitos em torno dos quais o sionismo procura justificar-se:

1º "Uma terra sem povo para um povo sem terra." Procura-se apresentar a Palestina pré-lsrael como um deserto vazio, civilizado e ocupado pela imigração sionista; tenta-se esconder assim a rica tradição cultural dos palestinos para negar-lhes o direito histórico a reclamar o território, negar enfim sua identidade como nação.

Schoenman mostra a guerra traída pelas milícias sionistas para expulsar a população, destruir as aldeias em seguidos massacres, "despopulacionar" o território, como diziam líderes sionistas.

2º "Israel, única democracia do Oriente Médio." O mito visa esconder a natureza desse Estado democrático, baseado na exclusão étnica, praticamente tão democrático para os judeus quanto o Estado-apartheid da África do Sul para os brancos. Um lugar onde, para ser proprietário de um pedaço de terra, é preciso provar a ancestralidade judaica – "filho de ventre judeu", segundo o preceito bíblico – por três gerações!

O livro traz uma ampla documentação sobre a legislação ultra-repressiva, sobre o emprego sistemático da tortura, os campos de prisioneiros e os métodos de prisão em massa contra o movimento nacional palestino.

3º "A segurança de Israel é o móvel de sua política externa". É o mito em que se esteia a quarta potência militar do mundo. O que se demonstra, na realidade, é uma estratégia de conquista, de dividir para reinar, apoiando-se nos frágeis, corruptos e opressivos regimes árabes da região.

O ideal do expansionismo, que vem dos fundadores do sionismo, é sustentado hoje pelo imperialismo norte-americano. De 1949 a 1983, Israel recebeu subvenção dos governos norte-americanos, no valor de 92 bilhões e 200 milhões de dólares. A dissolução do Líbano, por exemplo, foi proposta em 1919, planificada e 1936, lançada em 1954 e realizada 1982.

4º "O sionismo é o legatário moral das vítimas do holocausto." O mais cruel dos mitos, ao menos para os judeus. Pois o sionismo, corrente historicamente minoritária na comunidade judaica, só se consolida nos pós-guerras graças ao nazismo. Para isso colaborou ativamente com o fascismo - cujos ritos e concepções copiou nos anos 30, inclusive obtendo instrução militar - e com o próprio nazismo. Está ricamente documentado no livro o abandono dos judeus alemães e húngaros pelos sionistas ao nazismo, durante a guerra Além disso, a organização Sionista Mundial quebrou o boicote judeu ao comércio com a Alemanha nazista, distribuindo suas mercadorias. Seus dirigentes felicitaram-se publicamente pela expulsão dos judeus da Europa pelo nazi-fascismo, porque assim a população judaica suplantaria os árabes na Palestina.

Reacionário, o sionismo nunca respondeu às aspirações da comunidade judaica de viver sem discriminações ou perseguições; sua capitulação ao nazismo o demonstra. O sionismo não pode, por isso, pretender reivindicar as ricas tradições democráticas do povo judeu.

Palestina democrática e laica

Em Israel como na África do Sul, diz Schoenman, a simples justiça exige o desmantelamento do Estado-apartheid, substituído por uma Palestina laica e democrática, onde os direitos de cidadania não sejam determinados por critérios étnicos.

Os defensores do direito à autodeterminação para os negros na África do Sul nunca propuseram a criação de dois Estados - um dos afrikaaners (os europeus que lá vivem há décadas) e outro dos negros africanos. Afinal, como na Argélia ou em Zimbabwe, a supremacia dos colonos brancos nunca justificou um "Estado de colonos", usurpando o território a um povo oprimido.

Por que então os palestinos teriam que aceitar o reconhecimento do Estado Israel? O argumento "de esquerda" a autodeterminação dos "dois" serve, na verdade, para mascarar a anistia para o Estado de Israel E a "tática" de aceitar como "etapa" um mini-Estado ao lado de Israel - verdadeiro Bantustão palestino - só servia para desmoralizar os lutadores palestinos e justificar Israel para o futuro.

Concordamos com Schoenman, na OLP uma direção política que retome o programa lançado originalmente pela AL Fatah (a organização de Arafat), 1968, e depois abandonado. Esse programa apontava para a Palestina como uma nação "onde judeus e palestinos viveriam iguais e sem discriminação".

FONTE
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A ESTRATÉGIA PALESTINA * Cezar Xavier / Vermelho

A ESTRATÉGIA PALESTINA
A reunião inesperada do segundo general da Jihad Islâmica da Palestina, Ziad Al-Nakhalah, e Saleh al-Arouri, vice-presidente do Hamas, com Seyyed Hassan Nasrallah, o segundo general do Hezbollah libanês, para acompanhar a evolução diária e permanente [do conflito].

Hezbollah, Hamas e Jihad Islâmica discutem estratégia sobre conflito na Palestina

NASRALLAH

Autoridades das frentes de defensa da Palestina se reuniram em local não divulgado para fortalecer sua aliança para “alcançar uma vitória total” sobre Israel.

Nesta quarta-feira (25), o chefe do Hezbollah, Sayyed Hassan Nasrallah, reuniu-se com vice-chefe do Hamas, Saleh al-Arouri, e o chefe da Jihad Islâmica, Ziad al-Nakhala para traçar estratégias sobre como “parar o ataque brutal ao povo oprimido de Gaza e da Cisjordânia”, informou o grupo libanês, segundo a mídia estatal libanesa Al-Manar.

“Os líderes abordaram os últimos desenvolvimentos desde o início da operação Dilúvio de Al-Aqsa [os atentados de 7 de outubro] e os eventos que se seguiram em todas as frentes, incluindo os confrontos através da fronteira entre o Líbano e a Palestina ocupada. Sayyed Nasrallah avaliou com Nakhale e al-Arouri as posições internacionais e regionais, bem como as medidas a serem tomadas pelo Eixo da Resistência nesta fase crítica, a fim de alcançar uma vitória total e parar o ataque brutal ao povo oprimido de Gaza e da Cisjordânia”, disse o comunicado do Hezbollah citado pela mídia.

Desde o ataque de 7 de outubro, o Hezbollah tem mantido trocas de tiros quase diárias com as forças israelitas ao longo da fronteira israelo-libanesa. O grupo anunciou hoje (25) que mais dois dos seus combatentes foram mortos, aumentando o número de militantes mortos para 40 desde o início do conflito.

Irradiação do conflito

Em entrevista ao Portal Vermelho, o dirigente de Organização do Partido Comunista Libanês, Firas Al-Masry, disse que o Hezbollah, estabeleceu duas “linhas vermelhas” para seu envolvimento: o deslocamento forçado do povo palestino de suas terras e uma invasão terrestre israelense que ameace a resistência palestina. O líder do Partido Comunista Libanês enfatizou que a resistência está pronta para intervir caso essas linhas vermelhas sejam cruzadas, acreditando que este é o momento para forças da resistência regional fazerem a diferença em apoio à causa palestina.

O dirigente comunista descreveu uma resposta heróica e profissional da resistência, causando perdas significativas ao exército israelense. O confronto ocorreu dentro das fronteiras do Líbano, com baixas no lado israelense. O libanês lamentou a falta de cobertura midiática internacional sobre esses eventos. Segundo ele, esta resistência “heróica” ocorre, apesar da instabilidade econômica e política no país, que encontra-se desgovernado por um sistema político sectário e “desastroso”, e uma inflação que deteriorou profundamente a vida dos trabalhadores libaneses.

Em meio a temores de que o conflito possa se espalhar por todo o Oriente Médio, os militares de Israel disseram que seus jatos também atingiram a infraestrutura do exército sírio em resposta a foguetes lançados do país vizinho. A agência de notícias da Síria (SANA) citou uma fonte militar, ao informaque que o ataque israelense matou oito soldados e feriu sete outros perto da cidade de Deraa, no sudoeste.

Ontem (24), o Ministério da Saúde disse que 704 palestinos, incluindo 305 crianças, foram mortos enquanto Israel intensifica a sua agressão contra o enclave. Até o momento, o embate entre Israel e Hamas matou 1.400 israelenses e 6.500 palestinos.

O Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA, na sigla em inglês) disse que o número de mortos de terça-feira (24) foi o mais alto relatado em um único dia desde o início do conflito.

Ao mesmo tempo, autoridades israelenses têm alertado o Hezbollah sobre a escalada. Segundo Tzachi Hanegbi, conselheiro de Segurança Nacional do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, Tel Aviv “passou mensagens” para o Hezbollah para desencorajar o grupo de se juntar ao Hamas em uma guerra contra o Estado judeu.

“Nosso objetivo é não sermos arrastados para uma guerra em duas frentes. Achamos que o Hezbollah não vai convidar à destruição do Líbano, porque não será menos do que isso se houver uma guerra lá”, disse Hanegbi, conforme noticiado.

Hezbollah
Sayyed Hashem Safieddine, alto funcionário do Hezbollah, fala enquanto apoiadores do grupo baseado no Líbano participam de um comício para expressar solidariedade aos palestinos

O Hezbollah, que significa “Partido de Deus”, é um grupo armado e político xiita apoiado pelo Irã e que foi formado em 1982 para combater a ocupação israelense do sul do Líbano. Os grupos palestinos no Líbano incluem ainda o Hamas, o partido secular Fatah e a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP).

Surgiu dos grupos armados formados pelo Corpo da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, na sequência da invasão do Líbano por Israel em 1982. O grupo, que encontra o seu apoio entre os muçulmanos xiitas, é um dos maiores inimigos de Israel na região.

Em 2021, o líder Hassan Nasrallah afirmou que o Hezbollah tinha 100.000 combatentes. O grupo possui foguetes de precisão e afirma que podem atingir todas as partes de Israel. Os Estados Unidos estimam que o Irã atribuiu centenas de milhões de dólares anualmente ao Hezbollah.

O grupo, liderado por Nasrallah desde 1992, é um dos blocos mais influentes no sistema político sectário do Líbano, contando com o apoio de uma grande parte da população xiita. O grupo é frequentemente apelidado de “um estado dentro do estado” devido à sua vasta rede de forças políticas e militares instaladas num país dividido por linhas sectárias.

As forças israelenses retiraram-se unilateralmente do sul do Líbano em 2000, após quase 20 anos de combates mortais, o que levou o Hezbollah a proclamar-se o primeiro exército árabe a forçar Israel a ceder o controle do território.

Hamas
Combatentes palestinos no norte da Faixa de Gaza dirigem um veículo militar israelense que foi apreendido depois que o Hamas entrou em áreas do sul de Israel em 7 de outubro de 2023

O Hezbollah e o Hamas são entidades separadas, mas partilham o objetivo comum de resistência armada contra Israel. Enquanto o Hezbollah é uma organização libanesa, o Hamas é um grupo palestino que foi formado em Gaza em 1987, após o início da primeira Intifada, uma revolta contra a ocupação dos territórios palestinos por Israel. O Hamas controla politicamente a Faixa de Gaza depois de vencer as eleições em 2006.

O último conflito colocou em destaque o bloqueio de 16 anos de Israel à Faixa de Gaza e a sua política de expansão dos colonatos na Cisjordânia ocupada e em Jerusalém Oriental.

Os líderes do Hezbollah e do Hamas se reuniram em 2020 para discutir a normalização da relação entre Israel e os países árabes. Num comunicado, o Hezbollah explicitou que o ataque do Hamas foi uma “resposta decisiva à contínua ocupação de Israel e uma mensagem para aqueles que procuram a normalização com Israel ”, referindo-se aos países árabes que procuram normalizar os laços com Israel.

Hamas significa Movimento de Resistência Islâmica e em árabe significa “zelo”. O grupo controla politicamente a Faixa de Gaza, um território de cerca de 365 quilômetros quadrados que abriga mais de dois milhões de pessoas, mas que está bloqueado por Israel.

O Hamas está no poder na Faixa de Gaza desde 2007, após uma breve guerra contra as forças do Fatah leais ao presidente Mahmoud Abbas, chefe da Autoridade Palestina e da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

O movimento Hamas foi fundado em Gaza em 1987 por um imã, o xeque Ahmed Yasin, e o seu assessor Abdul Aziz al-Rantissi, pouco depois do início da primeira Intifada, uma revolta contra a ocupação dos territórios palestinianos por Israel.

O movimento começou como uma ramificação da Irmandade Muçulmana no Egipto e criou um braço militar, as Brigadas Izz al-Din al-Qassam, para prosseguir uma luta armada contra Israel com o objetivo de libertar a Palestina histórica.

Ao contrário da OLP, o Hamas não reconhece a condição de Estado de Israel, mas aceita um Estado palestino nas fronteiras de 1967. “Não renunciaremos a um centímetro do território palestiniano, independentemente das pressões recentes e da duração da ocupação”, disse Khaled Meshaal, o líder no exílio do grupo palestiniano, em 2017.

O Hamas opõe-se violentamente aos acordos de paz de Oslo negociados por Israel e pela OLP em meados da década de 1990.

O Hamas faz parte de uma aliança regional que também inclui o Irã, a Síria e o grupo Hezbollah no Líbano, que se opõem às políticas dos EUA em relação ao Oriente Médio e a Israel.

O Hamas e a Jihad Islâmica, o segundo maior grupo armado da região, estão frequentemente unidos contra Israel e são os membros mais importantes da sala de operações conjuntas que coordena a atividade militar entre os vários grupos armados em Gaza. Às vezes se desentendem sobre a tática.

O Hamas alega que não estava atacando civis no 7 de outubro, mas colonos. “Não estamos alvejando civis de propósito. Declaramos que os colonos fazem parte da ocupação e fazem parte da força armada israelense. Eles não são civis”, acrescentou. Os colonatos judeus avançam sobre territórios palestinos e expulsam os moradores originais com violência e apoio militar e geralmente são formados por setores mais ortodoxos judaicos com forte ideologia sionista.

Jihad Islâmica
Ainda em agosto de 2022, Israel lançou repetidamente ataques aéreos na Faixa de Gaza, matando pelo menos 15 pessoas, incluindo um comandante do movimento Jihad Islâmica Palestina.

Ainda em agosto de 2022, Israel lançou repetidamente ataques aéreos na Faixa de Gaza, matando pelo menos 15 pessoas, incluindo um comandante do movimento Jihad Islâmica Palestina.

Depois de bombardear Gaza, o primeiro-ministro israelita, Yair Lapid, descreveu a Jihad Islâmica Palestina (PIJ) como “um representante iraniano que quer destruir o Estado de Israel”.

Embora não possua foguetes de longo alcance como o Hamas – o grupo que governa Gaza, o PIJ possui um arsenal significativo de armas ligeiras, morteiros, foguetes e mísseis antitanque, e um braço armado ativo denominado Brigadas al-Quds.

A Jihad Islâmica é conhecida por se opor ao processo de paz e à abordagem de negociação com Israel. Adota uma luta armada contra a ocupação israelense, mas ao contrário do Hamas, o PIJ recusa-se a participar nas eleições e parece não ter qualquer ambição de formar um governo em Gaza ou na Cisjordânia. A Jihad Islâmica é um aliado muito próximo do Irã, governo com quem suas lideranças já se reuniram publicamente.

A Jihad Islâmica Palestina foi fundada em 1981 por estudantes palestinos no Egito com o objetivo de estabelecer um Estado palestino na Cisjordânia ocupada, em Gaza e em outras áreas do que hoje é Israel. A Jihad Islâmica é o menor dos dois principais grupos palestinos na Faixa de Gaza e é amplamente superado em número pelo grupo governante Hamas.

O Irã fornece à Jihad Islâmica formação, conhecimentos especializados e financiamento, mas a maior parte das armas do grupo é produzida localmente. Embora a sua base seja Gaza, a Jihad Islâmica também tem liderança no Líbano e na Síria, onde mantém laços estreitos com autoridades iranianas.

Tanto o Hamas, que travou seis guerras com Israel desde 2009, o Hezbollah, como o PIJ são listados como “organizações terroristas” pelos EUA e Europa. Há nuances de tolerância de alguns países, como o braço político do Hezbollah no governo do Líbano, mas até países como a Rússia têm restrições a estes grupos.

FONTE
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