sexta-feira, 29 de outubro de 2021

PARA NÃO ESQUECER – 23 DE OUTUBRO DE 1970 MORRE JOAQUIM CÂMARA FERREIRA, O “TOLEDO” * Ernesto Germano Parés/RJ

 PARA NÃO ESQUECER – 23 DE OUTUBRO DE 1970 MORRE JOAQUIM CÂMARA FERREIRA, O “TOLEDO”

Ernesto Germano Parés/RJ

Quem foi o “Velho” ou “Toledo”? Figura importante na nossa história de resistência, mas pouco conhecido pelas novas gerações.
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Joaquim Câmara Ferreira nasceu em Jaboticabal (SP), no dia 5 de setembro de 1913. Foi um militante e dirigente comunista brasileiro, integrante do Partido Comunista Brasileiro (PCB). Comandante Ação Libertadora Nacional (ALN), atuou na luta armada contra a ditadura militar brasileira, instalada no país em 1964.
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Ficou muito conhecido, na época, por ser um dos líderes do sequestro do embaixador estadunidense no Brasil, Charles Burke Elbrick, resultando na libertação de 15 presos políticos em troca do diplomata. Mas sua história começa muito antes, em 1923, quando entra para o PCB com 20 anos. Era jornalista e dirigiu vários jornais do Partido. Em 1937, depois do golpe de Getúlio Vargas, passou para a clandestinidade e foi preso durante o Estado Novo. Durante as torturas, foi submetido ao “pau de arara”, “palmatória” e “afogamentos”. Por fim, arrancaram todas as unhas das duas mãos.
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Em 1946 o Brasil volta à normalidade democrática e Câmara Ferreira elege-se vereador em sua cidade natal, Jaboticabal. Mas, já no governo Dutra, o PCB foi cassado e ele perde o seu mandato.
Novamente na clandestinidade, em 1948 viaja para a União Soviética para aprofundar seus estudos sobre o marxismo.
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Em 1964 está de volta ao Brasil, mas é preso depois de realizar palestra para operários em São Bernardo do Campo, sendo solto pouco tempo depois, quando voltou à clandestinidade. Foi condenado à revelia a dois anos de prisão. Em 1967, junto com Carlos Marighella, deixou o PCB por discordar da linha de ação pacífica do Partido e ambos fundaram a Ação Libertadora Nacional, organização extremista destinada a combater a ditadura militar de armas na mão.
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Com a morte de Marighella, assumiu o comando da ALN. Atraído para uma emboscada pela equipe do delegado Sérgio Paranhos Fleury, foi levado a um sítio clandestino nas proximidades da cidade de São Paulo.
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Foi preso na noite de 23 de outubro de 1970, na avenida Lavandisca, no bairro de Indianopolis, na capital paulistana. Os responsáveis pela sua prisão foram os membros da equipe do delegado Sérgio Fleury. Dali foi levado a um sítio, sugestivamente chamado “31 de março”. No local, que ficava nas proximidades da cidade, foi torturado e acabou não resistindo às condições que foi submetido, morrendo na mesma noite. Joaquim foi enterrado pela família no Cemitério da Consolação, em São Paulo. Em sua homenagem, seu nome hoje batiza ruas e avenidas em São Paulo, Recife e Rio de Janeiro.
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Maria de Lourdes Rego Melo, presa política, é testemunha de que Joaquim Câmara Ferreira estava vivo quando foi preso e que morreu em decorrência das torturas sofridas.[3]
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Joaquim Câmara Ferreira foi anistiado em outubro de 2010, durante evento da Caravana da Anistia, realizado no antigo prédio do DOPS-SP (Departamento de Ordem Política e Social), hoje transformado em Memorial da Resistência. A Comissão de Anistia o declarou como “o jornalista e combatente herói do povo brasileiro”. A Câmara de Vereadores de São Paulo também se pronunciou, concedendo ao militante o título de cidadão paulistano “in memoriam”.
Deixou dois filhos, Denise Fraenkel-Kose e Roberto Cardieri Câmara Ferreira, que receberam o “Diploma de Gratidão” e a “Medalha Anchieta” em nome do pai.
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VIVA JOAQUIM CÂMARA FERREIRA, O “VELHO”.
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O “COMANDANTE TOLEDO” NÃO SERÁ ESQUECIDO POR NÓS!
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