quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Urge o debate à esquerda * Luiz Eduardo Mergulhão Ruas / RJ

 URGE O DEBATE À ESQUERDA

Pontos para reflexão, resumidamente, para iniciar o debate. Em relação a importantíssima vitória das forças populares chilenas, salientamos o seguinte:


1- A derrota do candidato fascista foi fundamental para inibir a força da extrema direita que se articulam em todo o mundo;


2- A vitória de Boric mostra que é real a reaglutinação das forças de esquerda e a dificuldade dos governos de direita justamente pela tragédia social provocada pelo neoliberalismo;


3- Essa reaglutinação das forças de esquerda é muito diferenciado de país para país. Em que pese todas as alternativas de se darem no campo eleitoral institucional, varia o grau de organização e radicalização dos movimentos populares de país para país;


4-  As vitórias eleitorais foram alcançadas com base na unidade dos setores de esquerda com base em programas mais amplos que aglutinaram outros setores políticos e sociais . Não são programas , portanto , anticapitalistas. A ressaltar que onde essa unidade não aconteceu fomos derrotados , como no Equador;


 5- A capacidade política dos grupos mais à esquerda e setores populares na construção de medidas capazes de comprometer esses novos governos com a transformação social é central . Essa tem sido a maior dificuldade nas experiências populares da América Latina;


6- Dentre tantas explicações , certamente essa dificuldade em ultrapassar dialeticamente essa fase do processo revolucionário tem relação com as características do capitalismo atual e a crise de estratégia das forças de esquerda;


7- A tarefa central das forças de esquerda está na organização dos movimentos sociais e populares realizando também de forma unitária uma profunda discussão sobre a questão estratégica , ou seja, como superar o capitalismo e sua lógica nos dias de hoje , e que caminhos os governos populares devem seguir nesse sentido;


8- A organização popular é também fundamental para sustentar esses governos mais á esquerda e determinantes para as suas ações . Comparemos , nesse sentido , Bolívia e Peru, esse último sem contar com uma experiência de organização e radicalidade que acaba enfraquecendo o presidente Castilho;


 9- Tendo em vista essa caracterização , a nossa situação talvez seja uma das piores do continente . Sofremos uma sequência de duras derrotas com reações pontuais dos movimentos populares que não foram capazes de criar um novo patamar em termos de consciência popular  e  um projeto mais à esquerda;


10- Diante desse quadro de recuo não há outra alternativa que apoiar a candidatura Lula porque o nível de organização dos movimentos e consciência das massas não permite algo mais radicalizado . Que transformemos esse apoio a uma candidatura de coligações muito amplas e programa certamente mais tímido que em 2002 em campanha de massa capaz de organizar o povo , construir um programa alternativo , capaz de levar Lula  a vitória mas também superar o lulismo.


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