domingo, 31 de julho de 2022

A contraproducente construção do comunismo como inimigo dos Estados Unidos e da liberdade * Rolando Prudencio Briancon/Advogado/Bolívia

 A contraproducente construção do comunismo como inimigo dos Estados Unidos e da liberdade


Um dos erros capitais da potência capitalista do Norte (EUA), foi jogar sozinho após a queda da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), assumindo que este fato foi o triunfo final e inapelável dos EUA, como um farol de liberdade e democracia para a humanidade.


E é que esse "triunfo" se baseou inicialmente na bastardia desse truque de permitir que os EUA se estabelecessem como vencedores da Segunda Guerra Mundial, quando era a ex-URSS, a nação que pagou pela vida de mais de 20 milhões! Os soldados não reivindicaram nenhum prêmio para si.


Por outro lado, os Estados Unidos, além de cometerem essa desonesta distorção histórica, quando a ex-URSS desmoronou na década de 1990, os Estados Unidos anunciaram altivamente o "fim da história", em que seu ideólogo Francis Fukuyama expôs a tese de que: " A história, como luta de ideologias, terminou, com um mundo final baseado em uma democracia liberal que se impôs após o fim da Guerra Fria."


Depois desse acontecimento, os EUA atacaram com toda a animosidade contra o seu adversário antagónico, como se em primeiro lugar a ex-URSS, como qualquer outra nação do mundo, fosse negada; e quando seu direito à livre autodeterminação de optar soberanamente pelo sistema político que julgava conveniente, como o comunismo, foi censurado. Uma censura semelhante à que hoje, e há 63 anos, é exercida contra Cuba pelos Estados Unidos, repetiu mais uma vez o mesmo vício visceral contra o comunismo.


Mas não contente em competir contra ambas as nações durante a Guerra Fria, o punho de ferro contra qualquer outra nação que ousasse seguir os passos de Cuba, ou a ex-URSS à margem do que considerava e ainda considera seu quintal, dignificar viver para se arrepender.


Foi assim que desencadeou a sangrenta cruzada continental do Plano Condor em vários países sul-americanos através de golpes militares executados para acertar a mão dos comunistas vermelhos.


É assim que atesta o ex-chefe da CIA James Woosley, ao ser questionado por um jornalista americano se: "Já interferimos em eleições estrangeiras? Provavelmente sim, mas por um bom propósito, para que os comunistas não cheguem ao poder", assegurou.


Isso quer dizer que os EUA agiram com base em quê; mais do que como realidade tornaram-se uma ameaça, um espectro do comunismo, e que apesar do colapso da ex-URSS, bem como do mais infame bloqueio contra Cuba, promovido desproporcionalmente pelo poder do norte, como todos os anos A ONU demonstra a desobediência do resto dos países -exceto Israel- às sanções anacrônicas e inadequadas contra Cuba, a "ameaça" do comunismo nunca se materializou.


Esses casos já deveriam ter sido motivo para os governantes dos EUA perceberem que essa fixação anticomunista não passava de uma ficção febril, e que contraproducentemente os fazia perder de vista o fato de que outras potências, e que não são comunistas, mas anti-imperialistas, foram ganhando mais protagonismo e gravitação como tal, na medida em que essa unipolaridade como potência dos EUA, vem reconfigurando as relações entre as potências em direção à multipolaridade da Ordem Mundial.


Assim, hoje essa construção do comunismo como inimigo da liberdade e da democracia permaneceu mais como um discurso vazio e vazio do que como uma realidade, pois nem a Rússia, nem a China, nem o Irã, nem a Índia, nem qualquer outra potência do mundo não precisamente comunistas hoje estão no mesmo nível que os poderes. Certamente a única nação que nem sequer é comunista, mas sim socialista, é Cuba, e esse é um inimigo ao qual os Estados Unidos dedicaram inteiramente sua fobia comunista, quando outros países, sem serem nem remotamente comunistas, hoje lhe disputam na condição de potência.


Rolando Prudencio Briancon/Advogado/Bolívia

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