sábado, 11 de março de 2023

Colômbia: Conspiração em andamento? * Alvaro Ruiz Rodriguez/Colombia

 Colômbia: Conspiração em andamento?


*Golpe brando em andamento?*

 *Dadas as circunstâncias específicas vividas atualmente na Colômbia, ouvem-se vozes de um golpe brando em andamento.*


 *Por: Alvaro Ruiz Rodriguez/*


Um *golpe de estado suave* ou golpe não tradicional é o conjunto de técnicas não frontais e principalmente não violentas de natureza conspiratória, implementadas com o objetivo de desestabilizar um governo e causar sua queda, sem aparentar ter sido uma consequência da ação de outro poder.


A expressão foi atribuída ao sociólogo e cientista político americano *Gene Sharp.* que escreveu o Manual de técnicas para uma revolução sem violência. *O soft coup d'état* está relacionado ao chamado lawfare (guerra legal ou guerra judicial), quando a desestabilização ou derrubada do governo é realizada por meio de mecanismos aparentemente legais.


 *Carlos María Ciappina,* professor argentino de história contemporânea da América Latina, destaca que o *golpe de estado brando* é utilizado como alternativa ao *golpe de estado militar* amplamente utilizado até a década de 1990, mas substituído por outros técnicas daquela década devido à rejeição internacional.


Naturalmente, a possibilidade de um *golpe de estado brando* implica que os atores detenham poder econômico e apoio em setores do poder político e do judiciário. O papel da mídia é fundamental porque ela é usada para manipular a opinião pública, enviesando a informação na direção que convém aos golpistas.


 *A caracterização de golpe brando* faz alusão à estratégia pela qual se realiza o impeachment ou a renúncia de um presidente eleito pelo voto popular.


 *Gene Sharp descreve 198 métodos de derrubar governos por "golpes brandos",* ele considera que a estratégia pode ser executada em cinco etapas:


 *A primeira etapa é promover ações não violentas* para gerar e promover um clima de desconforto na sociedade, destacando-se entre elas denúncias de corrupção, promoção de intrigas ou disseminação de boatos falsos.


 *A segunda etapa* consiste em desenvolver intensas campanhas em "defesa da liberdade de imprensa e dos direitos humanos", acompanhadas de denúncias de totalitarismo contra o governo no poder.


 *A terceira fase* centra-se na luta ativa por reivindicações políticas e sociais e na manipulação do coletivo para realizar manifestações e protestos violentos, ameaçando as instituições.


 *A quarta etapa* envolve a execução de guerra psicológica e operações de desestabilização do governo, criando um clima de "ingovernabilidade".


 *A quinta e última etapa* pretende forçar a renúncia do atual presidente, por meio de *motins de rua para controlar as instituições*, mantendo a pressão nas ruas. Ao mesmo tempo, prepara-se o terreno para uma *intervenção militar*, enquanto se desenvolve uma prolongada guerra civil e se consegue o isolamento internacional do país.


Simultaneamente à implementação das diferentes *etapas, a estratégia do “golpe brando”* consiste em escalar os conflitos e promover o descontentamento e os fatores de desconforto (escassez, custo de vida, inflação, criminalidade, medo, manipulação do dólar, denúncias de corrupção - real ou fictício-, pânico econômico, lockout patronal...), e em geral tudo o que contribui para o caos que permite dar aparência de legalidade que, com apoio do judiciário e da ação midiática, busca convencer a sociedade civil e sociedade internacional que o governo que surgiu desse golpe será legítimo. A operação será possível quando governos estrangeiros alinhados ao governo que saiu do golpe apoiarem a tomada do poder político.


As circunstâncias reais pelas quais passou este governo de *Gustavo Petro* em seus primeiros seis meses de vigência, têm uma semelhança impressionante com o que é descrito no manual para conseguir um *golpe de estado brando.* Todas as etapas são evidentes e as estratégias descritas por *Gene Sharp.*


Então se entende o motivo pelo qual *o Centro Democrático promove moção de censura no Congresso* contra a ministra de Minas e Energia, acusando-a também de pânico econômico. Por falta de argumentos objetivos, a *primeira tentativa não prosperou*, razão pela qual se prepara uma *segunda moção.* Evidentemente, no fundo o que a *oposição busca é desestabilizar o governo e gerar ingovernabilidade,* para o que a tentativa de armadilha e manipulação da opinião pública estará na ordem do dia.


Intervenções de *guildas como Andi* são frequentes, fazendo anúncios econômicos negativos, quando na verdade os números mostram o contrário. Dada a volatilidade da moeda local em relação ao dólar, entre outras razões externas, *a oposição faz muito barulho* quando ela é desvalorizada e se cala quando é revalorizada.


 *A oposição tudo engrandece* ou ignora ao seu bel-prazer, amparada pela *grande mídia com a qual “joga no muro”,* já que faz parte do mesmo poder econômico afetado pelas reformas das políticas públicas deste governo.


Viemos de mais de trinta anos de governos neoliberais nos quais conseguiram cooptar quase todas as instituições estatais e concentrar o poder econômico em pouquíssimas mãos. Os mais notórios em suas ações preconceituosas são os órgãos de controle como *Ministério Público, Controladoria de Justiça, Procuradoria Geral da República, Ouvidoria, Cartório, CNE* (sem contar o *cartel da toga*).


Graças a essas *políticas neoliberais, o país caiu na corrupção generalizada* e em uma das maiores desigualdades sociais do mundo, apesar de registrar crescimento positivo constante em termos de PIB, no mesmo período.


 *Monopólios e oligopólios* vêm gerindo políticas públicas apoiados por políticos corruptos do Legislativo e do Executivo, nas costas da maioria da população.


Por todas estas razões não é difícil concluir que o *poder económico com o seu enquadramento* entrincheirado nas entidades de controlo constitui a oposição e é o que as motiva a defender o seu status quo a qualquer custo, razão pela qual estão todos em conluio levando a cabo os papéis que lhes correspondem dentro do mesmo roteiro para conseguir um golpe brando.


Recentemente *A Controladoria suspendeu por três meses o diretor da SAE, Daniel Rojas,* por tentar impedir a venda das ações triple A, transação realizada no governo anterior por um valor aproximado de 25% de seu valor real.


 *O CNE está conduzindo uma investigação sobre a violação dos limites eleitorais do Pacto Histórico* que pode trazer sérias consequências para seus representantes (incluindo o presidente e vice-presidente). *parte do mesmo roteiro?*


 *Só agora aparece o escândalo de Nicolás Petro*, que seguramente tem o aporte complementar que a *CNE requer para terminar sua tarefa de imputar encargos e especificar sanções.*


 *Não há dúvida de que há um trabalho coordenado da oposição e cada um está cumprindo seu papel correspondente. Do lado da grande imprensa, destacam-se Semana e Caracol.*


Naturalmente, o presidente está ciente dos riscos que pairam sobre sua estabilidade e governabilidade pela magnitude dos interesses econômicos envolvidos.


Por isso, na manifestação de 14 de fevereiro, o presidente enviou um recado à população que o elegeu, indicando que era necessária a presença e mobilização pacífica da população para concretizar as Reformas que prometeu na campanha.

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