sábado, 7 de outubro de 2023

Quem controla a economia brasileira * Eduardo M. Rodrigues e Ladislau Dowbor/OUTRASPALAVRAS

Quem controla a economia brasileira
Eduardo M. Rodrigues e Ladislau Dowbor

Estudo pioneiro mapeia os grupos que acumularam riqueza e poder, enquanto o país regredia. Quais são. Como se favoreceram com as políticas neoliberais, a ponto de chantagear Estado e sociedade para impor seus interesses.

O que aqui nos cabe tentar mostrar é o enorme nível de controle privado sobre a coisa pública, dificultando sobremaneira e cada vez mais, a condução da sociedade pelo Estado. Em outros termos, a economia brasileira, uma das maiores do mundo, é dominada por pouquíssimos atores individuais e privados cujas metas e estratégias, por óbvio, respondem somente aos próprios interesses particulares. Ao fazermos uma comparação simples entre alguns dos principais números das grandes empresas, como lucro e patrimônio, com, por exemplo, PIB e orçamento público federal, observamos que o poder corporativo privado se equivale ou supera, ao menos quantitativamente, as somas governamentais. Há, portanto, uma forte intuição, o que nos habilita à formulação de uma hipótese, de que as corporações não são meramente agentes econômicos em um contexto de liberdade de mercado, mas que constituem um poder efetivo de determinação social e política. Nosso objetivo é refinarmos a compreensão do controle corporativo privado exibindo-o a partir da dissecação dos vínculos acionários entre as principais empresas que atuam no território brasileiro. Chegamos à conclusão, baseados na metodologia da Análise de Redes Sociais, de que uma ínfima quantidade de empresas privadas e pessoas controlam a maior parte da economia brasileira com destaque para os setores de energia, finanças e saúde; além das pessoas físicas de Jorge Paulo Lemann, Carlos Alberto da Veiga Sicupira e Marcel Herrmann Telles, notórias também por despontarem como os maiores bilionários do país, bem como por possuírem, entre outras marcas famosas, as empresas atualmente mais poderosas que atuam em território nacional: a Eletrobrás, a Ambev e as Lojas Americanas. Esta última, como se sabe, sacrificada por um desfalque de mais de R$ 48 bilhões.

CONTINUA
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