sábado, 20 de abril de 2024

Israel armou e treinou ditadura no banho de sangue de 250 mil guatemaltecos * Leonardo Wexell Severo/CorreiodaCidadania

Israel armou e treinou ditadura no banho de sangue de 250 mil guatemaltecos
A Ca­te­dral Me­tro­po­li­tana da Gua­te­mala e sua lista de ví­timas de mas­sa­cres: ter­ro­rismo de Es­tado (Joka Ma­druga/Co­mu­ni­caSul)

*Leonardo Wexell Severo/Correio da Cidadania


A par­ti­ci­pação si­o­nista chegou a tal ponto que, em 1977, quando os EUA cor­taram parte da ajuda à di­ta­dura gua­te­mal­teca, “em questão de meses” Is­rael passou a ser o seu prin­cipal for­ne­cedor de ar­ma­mento e tec­no­logia mi­litar, en­vi­ando ao país centro-ame­ri­cano aviões, carros blin­dados, fuzis de ar­ti­lharia, sub­me­tra­lha­doras Uzi e fuzis de as­salto Galil, assim como téc­nicos e ins­tru­tores que trei­naram os Es­qua­drões da Morte

A par­ti­ci­pação de­ci­siva do go­verno dos Es­tados Unidos na der­ru­bada do pre­si­dente na­ci­o­na­lista Ja­cobo Ár­benz na Gua­te­mala, em 1954, e a ação de Is­rael na sus­ten­tação ter­ro­rista dos go­vernos en­tre­guistas que se se­guiram estão far­ta­mente do­cu­men­tadas em 80 mi­lhões de pá­ginas.

A me­mória do crime, aban­do­nada para ser de­com­posta pela umi­dade e pelo tempo em um velho paiol aban­do­nado no centro da ca­pital gua­te­mal­teca, foi de­po­si­tada em pi­lhas de mais de três me­tros de al­tura, nos cinco edi­fí­cios antes per­ten­centes à Po­lícia (anti)Na­ci­onal. A rica tra­je­tória da re­sis­tência po­pular dei­xada para ser roída.

O que era para ser a in­ves­ti­gação de uma de­núncia sobre “ex­plo­sivos mal ar­ma­ze­nados”, trans­formou-se no dia 5 de julho de 2005 na maior des­co­berta sobre a po­lí­tica de ter­ro­rismo de Es­tado pra­ti­cada pela oli­gar­quia, com apoio da CIA e de Is­rael.

A lem­brança es­con­dida pela prin­cipal “seção” das “forças de se­gu­rança” du­rante as mais de três dé­cadas de guerra suja (1960-1996) é que foram re­gimes tí­teres, cuja san­grenta ma­nu­tenção custou a vida de 250 mil mortos e de­sa­pa­re­cidos, con­forme apu­raram as or­ga­ni­za­ções de di­reitos hu­manos. Há quem aponte 400 mil as ví­timas de ma­tanças, tor­turas, es­tu­pros em massa e mu­ti­la­ções.

Re­tratos de um país con­ver­tido “numa imensa se­pul­tura sem nome”, nas pa­la­vras do di­retor do pro­jeto de Do­cu­men­tação da Gua­te­mala, Kate Doyle. Parte da lista de “Ví­timas dos mas­sa­cres” está la­pi­dada na Ca­te­dral Me­tro­po­li­tana da Gua­te­mala.
“Eram ar­má­rios in­teiros clas­si­fi­cados se­gundo o tema: As­sas­si­natos, De­sa­pa­re­cidos e Ho­mi­cí­dios. Havia fo­to­grafia de corpos e presos, listas de in­for­mantes, com nome e foto, fitas de ví­deos e dis­quetes de com­pu­ta­dores”, ad­mite a ar­qui­vista-chefe e con­se­lheira do Ar­quivo de Se­gu­rança Na­ci­onal dos EUA, Trudy Hus­kamp.

E mais, listas com nomes de fi­lhos de guer­ri­lheiros mortos e das fa­mí­lias que os ado­taram como seus ou sim­ples­mente para servi-los. Em meu livro “A CIA contra a Gua­te­mala – Mo­vi­mentos so­ciais, mídia e de­sin­for­mação” (Edi­tora Pa­piro, Maio de 2015), pre­fa­ciado pelo amigo Paulo Can­na­brava Filho, re­cordo as vi­tó­rias ob­tidas pela re­vo­lução gua­te­mal­teca (1944-1954) e de­nuncio seus ini­migos.

Foram avanços his­tó­ricos, aponto, re­sul­tado de um pro­cesso ini­ciado em 1945 pelo pre­si­dente Juan José Aré­valo com a im­plan­tação do Có­digo do Tra­balho e da Se­gu­ri­dade So­cial, e apro­fun­dado ra­di­cal­mente pelo seu su­cessor, Ja­cobo Ár­benz, com as na­ci­o­na­li­za­ções, os in­ves­ti­mentos na in­fra­es­tru­tura e na re­forma agrária.

O que foi um marco para o con­ti­nente, imor­ta­li­zado na po­esia do chi­leno Pablo Ne­ruda e nos mu­rais do me­xi­cano Diego Ri­vera, in­fe­liz­mente virou um apagão ino­cu­lado na des­me­mória co­le­tiva pelo La­ti­fúndio mi­diota (nome de outro livro de minha au­toria).

A po­pu­la­ri­dade e o êxito das me­didas, nas barbas do Tio Sam, in­co­mo­davam os es­ta­du­ni­denses que em seu vi­ciado mo­delo bi­par­ti­da­rista atuou em favor do golpe, mo­bi­li­zando tí­teres como So­moza (Ni­ca­rágua) e Tru­jillo (Re­pú­blica Do­mi­ni­cana) para dar o apoio lo­gís­tico aos seus ma­ta­dores de alu­guel.

Mas era pre­ciso ali­mentar mais do que com ração e em­prés­timos o ter­ro­rismo de Es­tado. Foi aí que en­traram os nazi-is­ra­e­lenses com os seus “es­pe­ci­a­listas” e ar­ma­mentos como o fuzil Galil, a sub­me­tra­lha­dora Uzi e os aviões Aravá, es­sen­ciais para sus­tentar a di­ta­dura. Até uma fá­brica de armas foi er­guida para fazer frente à re­volta dos pa­tri­otas.

“Por meio de Is­rael, o Es­tado gua­te­mal­teco tinha o aporte do re­gime ra­cista dos ge­ne­rais sul-afri­canos”, re­cordou a his­to­ri­a­dora es­ta­du­ni­dense Cindy Foster, de­nun­ci­ando que “a po­lícia is­ra­e­lense, do­tada de uma longa ex­pe­ri­ência em re­pressão à po­pu­lação pa­les­tina nos ter­ri­tó­rios ocu­pados, treinou a Po­lícia (anti)Na­ci­onal e os grupos pa­ra­po­li­ciais, como o Mão Branca e o Es­qua­drão da Morte”.

“O terror se trans­formou num es­pe­tá­culo”

Como des­creve Greg Grandin no livro “A re­vo­lução gua­te­mal­teca”, (Edi­tora UNESP, 2004), os mo­vi­mentos de re­sis­tência da nação maia foram cru­el­mente com­ba­tidos, prin­ci­pal­mente nos anos 70 e 80. “Na Gua­te­mala, o terror se trans­formou num es­pe­tá­culo: sol­dados, co­mis­si­o­nados e pa­tru­lheiros civis es­tu­pravam as mu­lheres di­ante dos ma­ridos e dos fi­lhos. O zelo an­ti­co­mu­nista e o ódio ra­cista se dis­se­mi­naram no de­sem­penho da con­train­sur­gência. As ma­tanças eram in­con­ce­bi­vel­mente bru­tais. Os sol­dados ma­tavam cri­anças, lan­çando-as contra ro­chas na pre­sença dos pais. Ex­traíam ór­gãos e fetos, am­pu­tavam a ge­ni­tália e os mem­bros per­pe­travam es­tu­pros múl­ti­plos e em massa e quei­mavam vivas al­gumas ví­timas”, apurou.

Muros exortam “Me­mória” e de­nun­ciam ge­no­cídio per­pe­trado du­rante dé­cadas por go­vernos en­tre­guistas (Joka Ma­druga/Co­mu­ni­caSul)

Vale lem­brar, des­tacou o autor, que “as prá­ticas en­sai­adas na Gua­te­mala – como as de­ses­ta­bi­li­za­ções e os es­qua­drões da morte di­ri­gidos por agên­cias de in­te­li­gência pro­fis­si­o­na­li­zadas – pro­pa­garam-se por toda a re­gião nas dé­cadas sub­se­quentes”.

O fato destas “em­presas” es­tarem entre as prin­ci­pais do­a­doras das bi­li­o­ná­rias cam­pa­nhas elei­to­rais es­ta­du­ni­denses não é um mero de­talhe. Assim como o fato do se­cre­tário de Es­tado norte-ame­ri­cano Foster Dulles, ad­vo­gado/aci­o­nista da United Fruit Com­pany, ter co­man­dado a cam­panha – ao lado de seu irmão Allen Dulles, chefe da CIA – pela der­ru­bada de Ár­benz, con­su­mada em 28 de junho de 1954. O motor do golpe que levou ao poder o co­ronel Cas­tillo Armas foi a na­ci­o­na­li­zação de terras da “Fru­tera” e sua dis­tri­buição a cam­po­neses po­bres e a in­dí­genas.

Pro­pa­ganda de guerra

No mo­mento em que o Im­pério re­toma a pro­pa­ganda de guerra contra o povo russo e seu go­verno, é es­sen­cial re­fle­tirmos sobre os pa­drões da ma­ni­pu­lação. Uma “am­nésia ofi­cial” pa­tro­ci­nada pelos grandes con­glo­me­rados pri­vados de co­mu­ni­cação para dis­sipar a res­pon­sa­bi­li­dade es­ta­du­ni­dense na de­po­sição de go­vernos na­ci­o­na­listas como o de Ár­benz, bem como a par­ceria nazi-is­ra­e­lense.

Nos EUA, lembra Grandin, “a CIA se serviu de prá­ticas to­madas de em­prés­timo à psi­co­logia so­cial, a Hollywood e à in­dús­tria pu­bli­ci­tária para erodir a le­al­dade” e gerar aver­sões, numa “cam­panha de de­sin­for­mação con­cer­tada” em favor da United Fruit, grande la­ti­fun­diária e também pro­pri­e­tária das ro­do­vias, fer­ro­vias e portos do país.

Com ri­queza de dados e ci­ta­ções, se des­nuda os me­an­dros da par­ti­ci­pação de Is­rael como co­ringa ianque ao longo da agressão, desde o co­meço dos anos 70, até o pe­ríodo “mais cruel da re­pressão”, entre 1982 e 1983, com a che­gada ao poder do ge­neral Efrain Ríos Montt.

É neste mo­mento, re­corda o autor, “quando os mas­sa­cres se tor­naram si­mul­ta­ne­a­mente mais pre­cisos e mais hor­rendos”. Na vi­sita à Gua­te­mala pu­demos ouvir tes­te­mu­nhos elo­quentes sobre tais se­ví­cias.

Como não com­parar com a prá­tica nazi-is­ra­e­lense dos ven­tres abertos à ponta de bai­o­neta, quando lem­bramos os 30 anos do mas­sacre do campo de re­fu­gi­ados pa­les­tinos de Sabra e Cha­tila? Como es­quecer dos sol­dados si­o­nistas, em pleno sé­culo 21, pra­ti­cando tiro ao alvo nos olhos das cri­anças pa­les­tinas, va­zados pelas balas de aço re­ves­tidas com bor­racha? Como calar di­ante do ge­no­cídio pra­ti­cado atu­al­mente pelas tropas de Ben­jamin Ne­tanyahu na Faixa de Gaza, com mais de 33 mil mortos e 76 mil fe­ridos – mi­lhares deles mu­ti­lados? E das mais de oito mil ví­timas civis, prin­ci­pal­mente mu­lheres e cri­anças, que se en­con­tram so­ter­radas sob os es­com­bros?

Es­tu­pros co­le­tivos

Em maio de 2013, no jul­ga­mento em que Ríos Montt foi con­de­nado por “ge­no­cídio” pelas atro­ci­dades co­me­tidas, a juíza Jazmín Bar­rios pos­si­bi­litou que 149 mu­lheres da etnia ixil re­me­mo­rassem o horror dos “es­tu­pros co­le­tivos” pra­ti­cados contra suas al­deias há três dé­cadas. “O pri­meiro que per­gun­taram foi se dá­vamos co­mida aos guer­ri­lheiros. Res­pondi que se­quer os co­nhecia. Na casa es­tava minha filha, de uns 17 anos, e dois dos seus ir­mãos pe­quenos. Os sol­dados ar­ran­caram sua roupa, se­pa­raram suas pernas com força e co­me­çaram a es­tuprá-la em frente às cri­anças, que cho­ravam de medo”.

A con­tun­dência da nar­ra­tiva de se­nhoras de 50 a 60 anos am­pli­ficou a de­núncia que trans­borda dos in­formes da Re­cu­pe­ração da Me­mória His­tó­rica (Remhi) da Con­fe­rência Epis­copal Gua­te­mal­teca (CEG), e da Co­missão de Es­cla­re­ci­mento His­tó­rico, pa­tro­ci­nada pelas Na­ções Unidas. “Os es­tu­pros foram uti­li­zados como ins­tru­mento de tor­tura e es­cra­vidão se­xual, com a vi­o­lação rei­te­rada da ví­tima”.

“Se tens ma­rido, então te es­tu­pram entre cinco e dez sol­dados. Se és sol­teira são 15 ou 20”. “Meu tio ia por um ca­minho com sua filha e uma neta, quando uma pa­trulha mi­litar con­se­guiu agarrar as me­ninas. A cri­ança de sete anos ma­taram, porque foram tantos os sol­dados que pas­saram sobre ela…”. “Al­guns sol­dados es­tavam do­entes de sí­filis ou de go­nor­reia. A ordem foi que estes pas­sassem por úl­timo, quando os sãos já ti­vessem es­tu­prado”.

Soam ri­dí­culas as ale­ga­ções de que tantos e tão fla­grantes abusos te­nham sido ações in­di­vi­duais e é ri­sível o em­penho das agên­cias in­ter­na­ci­o­nais de no­tícia – as mesmas que blin­daram os crimes per­pe­trados – para que seja es­que­cido o en­tra­nhado en­vol­vi­mento dos EUA e de Is­rael no pas­sado que não passou.

“Foi um ser­viço com­pleto, com pla­ne­ja­mento até o úl­timo de­talhe”, re­lata Hector Gra­majo, líder mi­litar gua­te­mal­teco, lem­brando que as zonas de re­sis­tência po­pular à en­trega do país ao es­tran­geiro eram apon­tadas como “ver­me­lhas”. Nelas, a luta de­veria ser “sem quartel: todos de­ve­riam ser exe­cu­tados e as al­deias ar­ra­sadas”. (Schirmer, J. The Gua­te­malan mi­li­tary Pro­ject: a vi­o­lence called de­mo­cracy. Phi­la­delphia: Uni­ver­sity of Pensyl­vania, Press, 1998).

As men­tiras de Re­agan

Foi du­rante a ad­mi­nis­tração do pre­si­dente es­ta­du­ni­dense Ro­nald Re­agan, lembra Greg Grandin, que “o go­verno da Gua­te­mala co­meteu suas pi­ores atro­ci­dades”. “Com a as­censão de Ríos Montt ao poder e o início da cam­panha de terra ar­ra­sada, o go­verno Re­agan passou a fazer um vi­go­roso lobby pela re­to­mada da ajuda mi­litar”, des­taca o autor, con­quanto um do­cu­mento li­be­rado da CIA deixe claro que, já em fe­ve­reiro de 1982, os ana­listas norte-ame­ri­canos es­tavam “ci­entes das cres­centes vi­o­la­ções dos di­reitos hu­manos”. Em de­zembro do mesmo ano, no “auge da san­gui­no­lência”, o pre­si­dente cowboy en­con­trou-se em Hon­duras com Ríos Montt, “o ge­neral do Exér­cito que, na qua­li­dade de chefe do Es­tado, pre­sidia a pior fase do ge­no­cídio” e de­clarou que este era “in­jus­ti­çado” pelos crí­ticos e es­tava “to­tal­mente com­pro­me­tido com a de­mo­cracia” (The New York Times, 5.12.1982).

Apesar do forte blo­queio, as in­for­ma­ções sobre os crimes co­me­çaram a fugir do con­trole. Mesmo dentro dos EUA, a opi­nião pú­blica passou a pres­si­onar contra o apoio ao re­gime fas­cista. Então, a par­ti­ci­pação is­ra­e­lense como “testa-de-ferro” na Gua­te­mala caiu como uma luva para “con­tornar a proi­bição” vo­tada pelo Con­gresso.

“Ope­ração mi­litar is­ra­e­lense-gua­te­mal­teca”

De uma ou de outra forma, “a ope­ração mi­litar is­ra­e­lense-gua­te­mal­teca ini­ciou ple­na­mente em 1974, quando os dois países fir­maram um acordo sobre armas”. (Ru­ben­berg, C. A. Is­rael and Gua­te­mala: arms, ad­vice anda coun­te­rin­sur­gency, Middle East Re­port, May-June, 1986)

Assim, “em questão de meses”, che­garam ao país aviões, carros blin­dados, fuzis de ar­ti­lharia, sub­me­tra­lha­doras Uzi e fuzis de as­salto Galil, assim como téc­nicos e ins­tru­tores mi­li­tares is­ra­e­lenses. Quando os EUA cor­taram parte da ajuda em 1977, Is­rael passou a ser o prin­cipal for­ne­cedor de ar­ma­mento e tec­no­logia mi­litar da Gua­te­mala (Lu­sane, C. Is­raeli Arms in Cen­tral Ame­rica, Co­vert Ac­tion, winter, 1984).

“A partir de 1977, Is­rael mandou para a Gua­te­mala onze aviões de trans­porte Arava, dez tan­ques, 120 mil to­ne­ladas de mu­nição, três barcos pa­tru­lheiros Tair, um novo sis­tema tá­tico de rádio e um grande car­re­ga­mento de mor­teiros de 81 mi­lí­me­tros, ba­zucas, gra­nadas e sub­me­tra­lha­doras Uzi. E, em 1982, as tropas gua­te­mal­tecas re­ce­beram, em Pu­erto Bar­rios, dez tan­ques no valor de 34 mi­lhões de dó­lares. A CIA e o Pen­tá­gono pro­vi­den­ci­aram para que a carga che­gasse da Bél­gica, pas­sando pela Re­pú­blica Do­mi­ni­cana” (Nairn, A, The Gua­te­mala con­nec­tion, The Pro­gres­sive, maio 1986).

Também nessa dé­cada, aponta Greg Grandin, o go­verno is­ra­e­lense ajudou a ins­talar a In­dús­tria Mi­litar Gua­te­mal­teca, em Alta Ve­rapaz, para fa­bricar mu­ni­ções para os fuzis Galil – que já mo­no­po­li­zavam o país – e as sub­me­tra­lha­doras Uzi. Em 1979, téc­nicos da Ta­diran Is­rael Ele­tro­nics ins­ta­laram um centro de com­pu­tação na ca­pital do país, que se in­te­grou ao Centro Re­gi­onal de Te­le­co­mu­ni­ca­ções e co­meçou a fun­ci­onar em 1980. Em 1981, foi aberta a Es­cola de Trans­mis­sões e Ele­trô­nica do Exér­cito, “cons­truída e fi­nan­ciada por Is­rael e do­tada de pes­soal is­ra­e­lense, para treinar mi­li­tares em tec­no­logia de con­train­sur­gência”.

Nesta toada, em 1992, havia pelo menos 300 pe­ritos em in­te­li­gência is­ra­e­lense no país centro-ame­ri­cano, entre “es­pe­ci­a­listas em se­gu­rança e co­mu­ni­ca­ções e pes­soal de trei­na­mento mi­litar”. (The New York Times, 17.4.1982).

O re­sul­tado da par­ceria EUA-Is­rael na Gua­e­mala não po­deria ser outro senão o “terror em es­cala in­dus­trial”. Na prá­tica, mais do que em la­bo­ra­tório, con­clui o autor, o país foi con­ver­tido em “campo de ex­ter­mínio da Guerra Fria”.

Le­o­nardo We­xell Se­vero é jor­na­lista.
***

Nenhum comentário:

Postar um comentário