quarta-feira, 1 de maio de 2024

POESIA PALESTINA DA HORA PRESENTE II * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

POESIA PALESTINA DA HORA PRESENTE II

Fátima detém o solo da pátria, "Um punhado de terra, da terra das laranjas tristes, leve para aqueles tolos apaixonados pela América. Talvez se sentirem o cheiro deste solo, eles voltem a si." #NajisAgosto‌‌
Os agricultores (fellaheen) usam uma AK-47 para arar a terra seca incrustada com Estrelas de David, semeando-a com sementes de amor. (Abril de 1987) #NajisAugust‌‌
A Palestina é escrita com um coração e uma bala. “Todo o solo da pátria.” é repetido em segundo plano. #NajisAgosto‌‌
24 HORAS DE TRÉGUA
(um desabafo do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu)


24 horas de trégua
Para contar os nossos poucos mortos e feridos
Pra saber do numero crescente de palestinos assassinados
Cem, quinhentos, mil?

24 horas de trégua
Para poupar em Gaza
Centos de vidas inocentes
Bem, nem tão inocentes
São palestinos
No seu covil

24 horas de trégua
Para entenderem
Quem é que manda aqui
E que responderemos a cada intifada
A cada pedra, estilingue, ou cusparada
Com uma saraivada de tanques, misseis, aviões e balas

24 horas de trégua
Para recolherem seus trambolhos
Sua resistência
Sua dignidade
Sua poeira
E deixar o campo livre
- a Palestina livre! -
Para os nossos colonos

24 horas de trégua
Para entenderem
Que isto não é uma guerra
-tal vez nossa vingança nos mais fracos
Dos horrores sofridos no Holocausto?-

24 horas de trégua
Para refletir
Que isto também não é um conflito
Por se algum desavisado
Ainda se iludir com a nossa resposta
- bombardeios em massa! -
A um míssil vindo do deserto
Do Hamas
De um teto de lata
Ou de uma simples cama
24 horas de trégua
Para que o mundo entenda de uma vez por todas
Que não queremos uma simples guerra
O que queremos finalmente
É um genocídio
Terrível, quotidiano e contundente!

Carlos Pronzato
Domingo 27 de julho de 2014, durante a trégua...

*Gaza*
(Ou: eles não podem continuar nascendo)
_Pedro Tierra*_

30 mil mortos.
Essa informação cabe num verso?
Metade dos mortos nessa guerra são crianças.
Com que material será escrita a poesia desse tempo?

Gaza:
70% dos corpos identificados são mulheres.
Contando as grávidas.

Move-se uma guerra contra o ventre
das mulheres palestinas.

Elas não podem continuar nascendo...
Elas não podem continuar nascendo...
Elas não podem continuar nascendo
em Gaza.

Elas não podem continuar nascendo
em Ramallah.

Eles (os palestinos)
não podem continuar nascendo.

Oitenta e quatro anos depois de Auschwitz,
move-se diante dos meus olhos de espanto
uma guerra de extermínio
contra mulheres e crianças.

Move-se diante dos meus olhos gastos
pela contemplação dolorosa da saga
em busca da ressurreição possível
uma guerra contra mulheres e crianças
sobre as areias de Gaza.

_“Em Ramá se ouviu uma voz,_
_muito choro e gemido._
_É Raquel que chora_
_os filhos assassinados_
_e não quer ser consolada_
_porque os perdeu para sempre”_ (Mt.12,18)

(Não serei a voz,
desde o conforto da sombra
que me abriga,
nesse ocaso da vida,
que direi aos escravos enfurecidos
como sacudir dos ombros
a opressão que os esmaga.)

Acender a memória
da explosão do Hotel King David,
22 de julho de 1946 às 12:37.
Jerusalém foi sacudida:
91 mortos. 45 feridos.
Que nome dar a esse ato?
Perguntem a Menachen Beguin.

Hoje, é preciso desenterrar
os deslocados para lugar nenhum.
Os que já não podem retornar
dos escombros, das areias,
das cinzas, do vento que sopra
sobre a memória de Gaza.

Por onde andará Islam Hamed?

É preciso reacender sobre sua ausência
a luz do sol bombardeada
na tarde de ontem.
E perguntar ao coração das bombas:
que destino aguarda um milhão e meio
de palestinos acantonados em Rafah?

Escombros nas ruas.
Escombros de corpos.
Escombros nas almas.

_“Ficou muito irado e mandou massacrar,_
_em Belém e nos seus arredores,_
_todos os meninos de dois anos para baixo,_
_conforme o tempo exato_
_que havia indagado aos Magos._ (Mt,12-16)

Não há luz no Hospital Al-Shifa
que permita fazer uma sutura
nos corpos destroçados
pelos bombardeios.

Uma sutura no corpo da Palestina:
haverá uma geração de mutilados
condenados a mirar sem ternura
na dor aguda dessa perna que falta,
na pele que já não protege
a carne exposta,
as digitais de Benjamin Netanyahu.

Recolho o espanto e me afasto
enquanto ouço a voz rouca
que emerge do sul e parte em pedaços
os espelhos cegos da indiferença do mundo...

*_*Pedro Tierra é poeta. Ex-presidente da Fundação Perseu Abramo._*

Os sausans palestinos acompanham a sua dignidade alta e “ondulante” nestes traços que reverenciam a sua origem, que prestam homenagem ao seu sofrimento e indispensável povo palestino, esperança da humanidade.

Garota acenando
José Antonio Martín Acosta
(Extrair)

Em que cela os assassinos do seu país o colocaram?
Em que atoleiro?
Em que escuridão?
Menina de imensa coragem
Garota de paixão inevitável
Garota lutadora
dando um tapa no diabo
Atirando pedras nos tanques
Agitando a bandeira impossível do seu país
Garota atirando
Garota de sangue em palavras
Garota armada com entusiasmo
garota enorme
garota alada
Da sua cela inóspita
A luz da esperança entra pela janela
Outras garotas como você
Eles sairão para o pátio que resta
para sua terra natal
Eles vão dar um tapa nos soldados
Eles perderão o medo de serem alvos
E por seu sangue e sua voz
E por sua vida e sua palavra
Palestina estará livre
Algum dia
Talvez
De manhã. Yolanda Delgado (cantora, musicista, poetisa, cartunista, antropóloga da palavra, amiga solidária)

Quem é o terrorista?
Eu sou o terrorista?
Como posso ser um terrorista quando você tomou minha terra?
Quem é o terrorista?
Você é o terrorista!
Você tomou tudo o que possuo enquanto vivo em minha pátria
Você está nos matando como matou nossos ancestrais
Você quer que eu vá à Lei?
Para quê? Você é a Testemunha, o Advogado e o Juiz!
Se você é meu Juiz
Serei condenado à morte!
Você quer que sejamos a minoria?
Acabar sendo a maioria no cemitério?
Em seus sonhos!
Você é a democracia?
Na verdade, é mais como os nazistas!
Seu incontável estupro da alma dos árabes
Finalmente a engravidou
Deu à luz seu filho
Seu nome: Bomba Suicida
E então você o chama de terrorista?
Você me ataca, mas ainda grita
Quando lembro que foi você quem me atacou
Você me silencia e grita!
"Mas você deixa crianças pequenas atirarem pedras"
"Eles não têm pais para mantê-los em casa?"
O quê?
Você deve ter esquecido que enterrou nossos pais
Sob os escombros de nossas casas!
E agora minha agonia é tão imensa
Você me chama de terrorista?
Quem é o terrorista?
Eu sou o terrorista?
Como posso ser um terrorista quando você tomou minha terra?
Eu sou o terrorista?!
Você é o terrorista!
Você tomou tudo o que possuo enquanto vivo em minha pátria
Por que terrorista?
Porque meu sangue não está calmo
Está fervendo
Porque mantenho minha cabeça erguida pela minha Pátria!
Você matou meus entes queridos
Agora estou sozinho
Meus pais foram expulsos
Mas continuarei a gritar
Não sou contra a paz
A paz está contra mim
Vai me destruir
Apagar minha cultura
Você não ouve nossas vozes
Você nos silencia e nos degrada
E quem é você?
E quando você se tornou governante?
Veja quantos você matou
E quantos órfãos você criou
Nossas mães estão chorando
Nossos pais estão angustiados
Nossa terra está desaparecendo
E eu vou dizer quem você é!
Você cresceu mimado, nós crescemos na pobreza
Quem cresceu com liberdade?
E quem cresceu em confinamento?
Lutamos por nossa liberdade, mas você transformou isso em crime
E você, o terrorista, me chama de terrorista?!
Quem é o terrorista?
Eu sou o terrorista?!
Como posso ser um terrorista quando você tomou minha terra?
Eu sou o terrorista?!
Você é o terrorista!
Você tomou tudo o que possuo enquanto vivo em minha pátria
Então quando deixarei de ser terrorista?
Quando você me bater, vou virar a outra face
Como espera que eu agradeça aquele que me prejudicou?
Eu te digo o quê
Como você quer que eu seja?
De joelhos com as mãos amarradas
Meus olhos no chão cercados por corpos
Casas destruídas
Famílias expulsas
Nossas crianças órfãs, nossa liberdade acorrentada
Você oprime, Você mata, Nós enterramos
Continuaremos pacientes, suprimiremos nossa dor
Mais importante, você se sente seguro
Apenas relaxe e deixe-nos toda a dor
Você vê, nosso sangue é como o dos cachorros
Nem mesmo!
Quando os cachorros morrem, eles recebem simpatia
Então nosso sangue não é tão valioso quanto o dos cachorros?!
Não! Meu sangue é valioso!
E continuarei a me defender
Mesmo que você me chame de Terrorista!


¡LIBERTAD PARA GAZA!

Es de noche, el mundo duerme plácidamente...
En Gaza, se vive el desconcierto de las horas, la muerte se pasea como un espectro silencioso, mientras los gritos desgarradores de una madre anuncian al mundo que su hijo le ha sido arrebatado por una bomba mortal...

Los edificios arden como una tea, el humo oculta la luz de la madrugada.
Gaza llora, el mundo adormece su conciencia.
¡En el nombre de Alá, el único, el misericordioso...que cese la guerra! Clama una madre herida...
Humo y silencio, soledad, cuerpos mutilados y pena,
¡Alá sea bendito y no nos abandone y nos otorgue paciencia!
La tristeza, hace emerger mis versos,
mi voz se ha hecho lúgubre, gutural, liturgia, de un sufrir antiguo, recuerdos crueles de esos ayeres vividos en mi Patria, cuando el genocidio también fue patrocinado por el aguila imperial...

Sigue iluminándose el cielo con los bombardeos inhumanos...
¿Cómo no involucrarnos si en cada bomba se vomita sangre?
¿Cómo no condolernos si cada vez en Gaza se vive en el umbral del averno?
Asombrada veo como se ha perdido la esencia de lo humano, la tinta de mi pluma se ha esparcido más allá de este mundo timorato, que intercambia papeles, selfies con tu kufiya, pomposos discursos en las tribunas, rasgándose las ropas, agitando tu bandera, ¡Pero no es suficiente! En Gaza los cuerpos mutilados ya se cuentan por miles, resultado de esos chacales sionistas que no se detienen con su aquelarre de maldad...

¡Alá bendito y misericordioso, ten piedad!
Siembra de esperanzas los trigales, que la llama de tu justicia crezca, se enmudezca el grito y se sequen las lágrimas...
Anuncia está prohibido se siga paseando por el valle, en los olivares, la parca,
¡Ten misericordia, detén el genocidio, concede se libere Gaza!
Sus niños, merecen reir, trinar como golondrinas, volar libres y felices como mariposas, sin miedo a la muerte, sin horror y tristezas, los niños de Palestina merecen su tierra y su identidad...

Silvia Elena Maya Vega/Nicarágua

Um flash ofuscante de luz branca
Iluminou o céu sobre Gaza esta noite
Pessoas correndo para se proteger
Não saber se estão vivos ou mortos

Eles vieram com seus tanques e seus aviões
Com chamas ardentes devastadoras
E não resta mais nada
Apenas uma voz subindo na névoa esfumaçada

Nós não vamos desistir
À noite sem lutar
Você pode queimar nossas mesquitas, nossas casas e nossas escolas
Mas nosso espírito nunca morrerá
Nós não vamos desistir
Em Gaza esta noite

Mulheres e crianças
Assassinado e massacrado noite após noite
Enquanto os chamados líderes dos países distantes
Debatido sobre quem está certo ou errado

Mas suas palavras impotentes foram em vão
E as bombas caíram como chuva ácida
Mas através das lágrimas, do sangue e da dor
Você ainda pode ouvir aquela voz através da névoa esfumaçada

Nós não vamos desistir
À noite sem lutar
Você pode queimar nossas mesquitas, nossas casas e nossas escolas
Mas nosso espírito nunca morrerá
Nós não vamos desistir
Em Gaza esta noite

AUTORIA DESCONHECIDA
Um selo postal da União Soviética de 1983. Nele aparece um homem palestino segurando a bandeira da Palestina, em apoio ao povo árabe, e o sol representando a liberdade que um dia virá.

Impressão: gravura. Papel: revestido. Tipo de perfuração: emoldurada. Entalhe: 11 ½.

Artista: Y. Kosorukov.
*

Nenhum comentário:

Postar um comentário