terça-feira, 24 de setembro de 2024

Manifesto nacional de estudantes: Basta de genocídio em Gaza! Rompimentos dos acordos acadêmicos e militares com Israel * RENEA PALESTINA

Manifesto nacional de estudantes: Basta de genocídio em Gaza! Rompimentos dos acordos acadêmicos e militares com Israel.

Nós, estudantes universitários, pós-graduandos e secundaristas, nos dirigimos ao Excelentíssimo Senhor Presidente Luís Inácio Lula da Silva, aos representantes do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e aos gestores universitários e escolares do Brasil.

Mais de 40 mil pessoas foram assassinadas, dentre elas, milhares de civis, onde mulheres e crianças representam a vasta maioria. Já são mais de 15 mil crianças assassinadas em Gaza. Um processo de limpeza étnica com o maior número de civis mortos por dia do século XXI inteiro. Considerada a maior prisão a céu aberto, Gaza abriga 2,2 milhões de palestinos em 365 km do território, com pouco ou nenhum direito de entrada e saída. Neste espaço, 47% da população é formada por crianças e adolescentes menores de 18 anos, com altas taxas de transtornos traumáticos, suicídio e depressão em decorrência da violência militar sionista. O genocídio completa um ano. Em meio aos bombardeios, milhares de palestinos segregados em Gaza se encontram feridos, adoecidos, desaparecidos entre os escombros e milhões estão privados de acesso à água potável, energia, medicações básicas e comida através do bloqueio terrestre, aéreo e marinho que Israel impõe à Faixa de Gaza desde 2007, e com seu agravamento em 2023. Enquanto estudantes, entendemos ser essencial denunciar a destruição quase que total da infraestrutura de educação em Gaza, em particular as universidades – que foram todas demolidas pelos bombardeios, enquanto as escolas, só restam 15%. Até abril de 2024, a ONU contabilizou a morte de 5.479 estudantes, 261 professores de educação básica e 95 professores universitários em Gaza, além de mais de 9 mil professores e alunos feridos. Fora as perseguições aos professores e estudantes que se manifestam no mundo inteiro contra o genocídio dentro das instituições universitárias, inclusive aqui. A USP moveu processos administrativos internos contra alguns estudantes que defendem a libertação da Palestina contra o colonialismo israelense, alegando antissemitismo. Ainda, destacamos que a invasão sobre Rafah, maior campo de refugiados do mundo, aumenta a urgência de medidas concretas contra o genocídio do povo palestino, como adotou a Colômbia ao cortar relações com Israel.

Nesse cenário, o repúdio e denúncia do Presidente Lula assim como de outros chefes de Estado da América Latina do genocídio perpetrado pelo exército de Israel ao povo palestino em Gaza e na Cisjordânia, representa um passo em direção a uma pressão política e econômica internacional capaz de desmobilizar o sionismo israelense. No entanto, apesar do correto repúdio público a Israel, o Brasil, por meio de verbas dos governos federal e estaduais, e por recursos de diferentes universidades, ainda mantém acordos de cooperação acadêmica e militar com empresas israelenses de armamentos. A Universidade Federal de Santa Maria em fevereiro de 2024 fechou um acordo com a AEL Sistemas para aprimorar a localização geográfica de drones. A AEL Sistemas é subsidiária da empresa Elbit Systems, a maior empresa privada de armamentos de Israel. São R$2,5 milhões que serão gastos neste projeto com recursos do Ministério de Ciência e Tecnologia. É inaceitável que o Brasil ajude a desenvolver drones para uma empresa de equipamento militar israelense que, neste exato momento, testa o uso e o aprimoramento destas tecnologias através do massacre de milhares de crianças, homens e mulheres civis na Palestina.

Infelizmente, este não se trata de um caso isolado. O Brasil é um dos maiores compradores de armas e tecnologia militar israelense. O Ministério da Defesa, universidades públicas e órgãos de desenvolvimento científico financiam diversos projetos de desenvolvimento de tecnologia militar com empresas israelenses. A UFRGS, por exemplo, tem uma parceria ampla com a AEL Sistemas. A EMBRAPII (Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial), que recebe vultosos recursos do BNDES e do Governo Federal, já ajudou a AEL Sistema a produzir um sistema de mira a laser para armas. Em janeiro deste ano a AEL Sistemas assinou um acordo para participar do Parque Tecnológico Aeroespacial na Bahia, que será financiado com recursos do governo federal e estadual. É a inteligência e a mão-de-obra de estudantes brasileiros, paga com dinheiro público, a serviço do massacre contínuo na região.

O presidente Lula agiu corretamente em pedir o retorno ao Brasil do embaixador brasileiro em Tel Aviv. Agora, é necessário ir além e romper as relações diplomáticas com Israel.

Por tudo isso defendemos:

● Ruptura dos convênios e cooperações acadêmicas com Israel.

● Boicote de pesquisas científicas com empresas de armas israelenses.

● Rompimento dos contratos de compra ou venda de armas com empresas israelenses.

● Rompimento dos acordos de cooperação militar entre Brasil-Israel.

● Fim da Cooperação entre Brasil e Israel em Cibersegurança;

● Aumento da ajuda humanitária brasileira à Gaza.

● Atuação direta e incessante do Brasil em defesa dos direitos de autodeterminação e soberania do povo palestino nas arenas internacionais.
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