quinta-feira, 19 de setembro de 2024

NICARÁGUA SANDINO VITÓRIA * Partido Comunista dos Trabalhadores Brasileiros/PCTB

NICARÁGUA SANDINO VITÓRIA

"44º Aniversário da Execução do General Anastacio Somoza Debayle, o Último Fuzileiro Naval Gringo na Nicarágua.

*Como foi a execução de Somoza?*

1980. O taxista não a conhecia, principalmente por ela ser estrangeira. A única coisa que os dois tinham em comum no Paraguai era a carreira. A jovem procurava um salão de cabeleireiro que ficava a meio quarteirão de onde morava um certo Anastasio Somoza Debayle.

A informação seria útil para mais do que apenas um corte de cabelo… Ele parou na delegacia. – Alguém sabe onde mora aquele homem? Lá eles lhe deram o ponto exato.

Ele morava em uma urbanização onde cada residência era alugada por mais de 1.500 dólares mensais. “Bem, senhor”, disseram-lhe, “é uma área exclusiva. "Os mais ricos moram lá." É Assunção, no Paraguai, a cidade da história.

Com o que disse o oficial, iniciou-se a execução de Somoza Debayle, sem o seu conhecimento, que morreria no dia 17 de setembro, devido a uma ação armada liderada por Enrique Gorriarán Merlo. É ele quem conta essa história, agora que está livre após oito anos de confinamento na Argentina. Foi perdoado pelo presidente cessante, Eduardo Duhalde, em 25 de maio.

Publicou suas memórias, cerca de 600 páginas de memórias, que a editora Planeta divulgou para o mundo. Somoza Debayle fugiu para Miami, Flórida, dois dias antes de sua queda do poder na Nicarágua, em 19 de julho de 1979. Naquele dia 19, terminou a ditadura que o pai de Somoza Debayle, Anastasio Somoza García, forjou desde 1936.

No Paraguai, onde se estabeleceu depois de Miami, Somoza Debayle estava bem guardado. Ele era um bom amigo do ditador Alfredo Stroesner. “O planejamento foi meticuloso”, diz Gorriarán por telefone. Seis meses no Paraguai fazendo contatos, descobrindo como chegar a tempo.

Enrique Gorriarán faltava quatro meses e meio para setembro de 1980, mas Hugo Irurzún (Capitão Santiago), uma das sete pessoas que participaram da execução, chegou seis meses antes. Ele foi um dos primeiros. O difícil, depois de localizar a casa, foi alugar um local que permitisse vigilância 24 horas. A casa ficava a cerca de quatro quarteirões de distância. Quatro homens e três mulheres, incluindo o cortador de cabelo, trabalhavam em conjunto com os ponteiros do relógio. Eles até pareciam estar competindo.

Gorriarán diz que participaram no total 10 “camaradas” e, pelo que nos lembramos, entre eles estavam Roberto Sánchez, irmão de Aurora Sánchez “La Cachorra”, Hugo Irurzún (El Capitán Santiago) e Claudia Lareu. O comando recrutou o dono de uma banca de jornal, a duas quadras de onde morava Somoza Debayle.

Foi a partir da venda que avisaram no dia 17 de setembro que ela estava chegando. Ele veio no veículo habitual, mas o motorista não era o mesmo. «Tivemos que cuidar da custódia que Somoza tinha, mudar o objetivo e atacar o veículo com um motorista que mais tarde soubemos que se chamava Gallardo. Foi a primeira vez que vimos aquele motorista, porque o habitual naquela época era um general seu chamado Genie (Samuel), que havia sido chefe da Segurança de Somoza na Nicarágua.

Os minutos viraram horas, dilatadas como só costumam ser nos momentos de tensão. O primeiro foguete de Iruzún, “Capitão Santiago”, foi ruim. Tinha que ser mudado. Estava feito. O tiro da bazuca foi certeiro. Somoza morreu ali, enquanto a Nicarágua celebrava nas ruas com o espírito daquele 19 de julho intacto, quando o triunfo da Revolução na praça que leva seu nome.

Outros lamentaram Somoza. Os ânimos estavam no clima do conflito, mas foi a alegria do povo que animou Gorriarán e seus companheiros quando o Paraguai fechou as fronteiras, quando começaram a aparecer fotos e retratos falados dos envolvidos.

Nenhum dos retratos era deles. «Era a época em que funcionava o Plano Condor. Havia muita relação entre as ditaduras do Chile, Brasil, Paraguai e Argentina. Eles trocaram informações rapidamente, mas neste caso trouxeram alguém que parecia um colega.

Então experimentamos toda a tensão. Depois atravessamos a Argentina, outro Brasil. Fui para a Costa Rica e depois para a Nicarágua. Nós nos separamos e então nos encontramos. "Não me lembro quanto gastamos naquela ocasião." Sim, eram como filmes de espionagem. Ofereceram 50 mil dólares por eles sem conhecê-los.

Apenas um deles morreu: Hugo Iruzún, capitão Santiago, que como Gorriarán colaborou na Nicarágua com o fim da ditadura. Os laços, lembra agora o segundo, eram fortes. Histórico como gostam de dizer.

Mas o risco foi assumido por uma razão estratégica. Não foi vingança. Somoza Debayle foi o chefe da contrarrevolução que ameaçou os triunfantes sandinistas. Havia mais do que ódio no ditador defenestrado. «Tínhamos informações concretas. Somoza tinha um acordo com o chefe da Polícia Hondurenha, um coronel Alvarez (Gustavo Alvarez Martínez), próximo de Somoza, e com os militares argentinos, com quem, quando ocorreu a execução, já havia um grupo de assessores argentinos em Honduras . através de um acordo entre os militares argentinos e ele."
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