segunda-feira, 25 de outubro de 2021

BAADER MEINHOF RAF * Guerreiro Cabano Manfredo / Face

BAADER MEINHOF RAF
Em 18 de outubro de 1977, auge do "Outono Alemão", os mais importantes líderes da Fração do Exército Vermelho (RAF), "se matam" no presídio, após o fracasso de duas ações contra o governo para libertá-los.
No final da década de 1970, o "terrorismo" estava na ordem do dia na Alemanha. A escalada de ações subversivas era sem precedentes na história do país no pós-guerra. Mesmo após a prisão de seus líderes, o grupo Fração do Exército Vermelho (RAF) ainda mostrava força.
No primeiro esforço para reaver seus líderes, a RAF sequestrara em Colônia Hanns Martin Schleyer, então presidente da Confederação da Indústria Alemã e da Confederação das Associações de Empregadores Alemães. Na ação, morreram o motorista e três guarda-costas do empresário. O grupo revolucionário exigia a libertação de 11 de seus membros capturados. Entre eles, Andreas Baader, Gudrun Ensslin e Jan-Carl Raspe, reclusos no presídio de Stuttgart-Stammheim. O governo Helmut Schmidt optou por não ceder e ganhar tempo até achar o cativeiro de Schleyer.
Sequestro de avião
Os esquedistas apertaram o cerco. No dia 13 de outubro, um avião da Lufthansa vindo de Maiorca com turistas alemães foi sequestrado e teve de pousar em Roma. Os quatro sequestradores palestinos declararam seu apoio à RAF e exigiram igualmente a libertação dos líderes presos em Stuttgart.
Enquanto isto, na Alemanha, os raptores de Schleyer enviavam fitas de vídeo ao governo, com apelos cada vez mais dramáticos do líder empresarial. O chanceler Helmut Schmidt permaneceu, porém, resoluto em mostrar aos "terroristas" que não cederia.
Andreas Baader e Gudrun Ensslin
De Roma, o Boeing da Lufthansa decolou para o Oriente Médio e pousou em Dubai, capital de Omã, a 14 de outubro. Os sequestradores deram novos ultimatos e instauraram clima de terror a bordo, simulando execuções de passageiros, humilhando-os e agredindo-os brutalmente.
O avião decolou novamente, com destino a Aden, no Iêmen, onde os "terroristas" acreditavam estar mais seguros. No entanto, o governo os obrigou a seguir para Mogadíscio, na Somália. Lá, Hans-Jürgen Wischnewski, encarregado com todos os poderes por Helmut Schmidt para resolver o caso, já esperava o avião na torre de controle.
Em princípio, o representante do governo alemão sinalizou sua disposição para uma troca de reféns. No entanto, à meia-noite de 17 para 18 de outubro, um comando da polícia federal alemã entrou em ação e, em poucos minutos, dominou a situação no aeroporto africano, libertando 91 reféns. O piloto já havia sido executado pelos sequestradores.
No ataque, três dos quatro "terroristas" palestinos morreram baleados. A última "terrorista" – uma mulher – ficou gravemente ferida.
"Suicídio" em Stuttgart
Naquela mesma noite, três líderes da RAF se "suicidaram" na Alemanha. Essa é a versão do governo germânico. Um dia depois, o corpo de Hanns Martin Schleyer foi encontrado no porta-malas de um carro abandonado na fronteira da Alemanha com a França. O empresário fora executado com um tiro na nuca. Justiça revolucionária.
"Dois funcionários do Instituto Penitenciário de Stuttgart encontraram o detento Raspe ferido gravemente com um tiro na cabeça ao buscá-lo para o café da manhã. Ele foi levado para um hospital, onde morreu. Baader foi achado morto no chão de sua cela. Assim como Raspe, ele se "suicidara" com um tiro de pistola. Já Ensslin foi encontrada enforcada com um fio de eletricidade na janela de sua cela", anunciou Traugott Bender, secretário de Justiça do estado de Baden-Württemberg. As autópsias "confirmaram os suicídios."
Dos que "tentaram o suicídio" naquela noite, apenas Irmgard Möller sobreviveu, gravemente ferida. Logo a suspeita recaiu sobre um dos advogados dos "terroristas", que teria levado as armas às celas.
"Fomos ingênuos demais. Tínhamos que revistar os presos sempre após as visitas. Mas relaxamos, pois eles praticamente só tinham contato com os advogados. Nunca recebiam outras pessoas", recorda-se Horst Bubeck, funcionário do presídio.
Segundo ele, os "terroristas" não tinham contato com os demais detentos. Um isolamento do qual eles e seus advogados reclamavam enfaticamente. O sétimo andar estava reservado para os membros da RAF e era considerado área de segurança máxima.
"Eles próprios podiam se encontrar diariamente, o que era uma novidade numa penitenciária naquela época. Isto não existia antes, nem existe mais. Ou seja, eles podiam ficar cinco, seis horas juntos e até passar as noites juntos, desde que homem com homem e mulher com mulher", relata Bubeck.
Baader, Ensslin e Raspe foram enterrados numa sepultura coletiva no cemitério de Stuttgart.

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