sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

REFORMISMO E CONTRA-REVOLUÇÃO * Rafael Pompilio Santeliz / VE

 REFORMISMO E CONTRA-REVOLUÇÃO 

Rafael Pompilio Santeliz / VE

O socialismo reformista é como o caminho mais longo para chegar ao capitalismo puro.

Para a reforma, as revoluções não são revoluções, mas "processos graduais de mudança". Manchas nas calças podres que mais cedo ou mais tarde caem. É um dreno, sob o esquema funcionalista de uma "revolução de tempos em tempos".

Toda reforma tem seu teto. São economias artificiais de um Estado que tenta ser intermediário entre ricos e pobres, agradando tanto com subsídios que beneficiam o capital quanto espoliam o trabalhador. Finalmente essas barragens são quebradas porque as leis do mercado continuam seu curso fatal e inexorável.

Um processo é reformista na medida em que fortalece a tutela copular dos entristas e tribunais acima das iniciativas sociais, institucionalizando a participação do povo, contaminando-o com vícios burocráticos, premiando a acrítica e o jalamecatismo, além de criminalizar e desqualificar as condutas e contribuições revolucionárias. radicais. Separa as massas de sua luta de classes, subordinando a luta às formalidades legais e aos procedimentos administrativos.

Trata-se de uma ingenuidade estratégica que mostra um claro equívoco sobre a natureza estrutural das relações de dominação burguesa, o que já foi bem demonstrado na história, não podendo ser abolido gradativamente sob o lema do “bem-estar progressivo” e positivista. Simbiose do "melhor do capitalismo" com o melhor do socialismo.

A pretensão de realizar uma "revolução" sem uma verdadeira revolução vem ressurgindo na América Latina. Seu objetivo é esvaziar as realizações conceituais mais valiosas do conteúdo. Seu socialismo “atualizado” valoriza o mercado como motor do progresso e de novos empreendedores e grupos trabalhistas, empreendedores de sobrevivência, que seriam o pasto dos mais fortes.

Eles partem de novos intermediários ilustres, capazes de conduzir o povo por um caminho sinuoso de pequenas reformas, realizadas no quadro da legalidade burguesa, que se acumulam até atingir o todo, desaparecendo por magia o capitalismo. 

Baseiam-se no conceito de __Modo de Desenvolvimento,_ entendendo-o como o conjunto articulado de ideias, instituições políticas e legislativas que definem uma estratégia de mudança econômica e social. Para colocá-los em prática é necessário que sejam realizados dentro do Estado. As transformações são sempre conflitantes e contraditórias em seus resultados. uma entropia constante.

Além disso, a consecução dos objetivos está lentamente modificando as estruturas iniciais, em termos políticos, econômicos, sociais e culturais e criando desequilíbrios, até que sejam incompatíveis com o atual modo de desenvolvimento. Isso se expressa na forma de uma crise, que afeta todo o próprio sistema. Sob essa concepção, grupos não tradicionais assumem a superestrutura e, à sombra de um Estado rentista, paterno e empregador, afirmam-se com ampla capacidade de penetração social.

Eles promovem uma burguesia "progressista e nacionalista" que alcançará a conciliação de classes. Sob esse pressuposto, a burguesia se industrializará, formando grandes contingentes de proletários, condição per se para a mudança social, “coveiros e sujeitos históricos” da transformação revolucionária.

Seriam projetos de capitalismo nacional opostos ao neoliberalismo. O bom capital é concebido em oposição ao mau capital. Por trás dessa declaração escondem-se centenas de pactos e acordos secretos com um setor da burguesia e com facções burocráticas e militares inseridas no Estado.

As eleições seriam o mecanismo de negociação social para dissolver ali os interesses de classe antagônicos. É um Estado intermediário e mediador da luta de classes, que em termos ambivalentes exorta à mudança e ao mesmo tempo a retarda, devido aos interesses criados em um líder multiclasse e novos proprietários.

As vitórias obtidas pelos meios eleitorais invisibilizam e desmobilizam os explorados como protagonistas do chamado "processo".

É uma refundação capitalista. São "modificações graduais" inofensivas dentro da estrutura capitalista, usadas para descomprimir a pressão social. São apenas mudanças de forma para que tudo permaneça igual. A reforma só pede políticas prudentes do que é factível-possível.

  Para a revolução do impossível, tudo é alcançável sob a condição de ser bastante tolo, atacar a ordem burguesa, num ato que transgride o status quo criando paralelismos, transbordamentos, diante de necessidades crescentes e autonomia de classe, para explodir o velho Estado sob uma perspectiva comunal.

O Socialismo a ser construído tem muito mais a ver com ética. E, claro, na resolução da contradição Capital-Trabalho. Seu maior desejo deveria ser criar homens livres e responsáveis. Seres humanos com capacidade de agir sem coerção.

   A sociedade que ele aspira é aquela em que os espaços são compartilhados, não como entregas silenciosas, mas como diálogos argumentativos entre iguais que constantemente concordam e retificam. 

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