REPÚDIO À INSTRUMENTALIZAÇÃO DO MOVIMENTO FEMINISTA CONTRA OS PROCESSOS REVOLUCIONÁRIOS NA AMÉRICA LATINA E CARIBE
As mulheres que estão no espaço da Rede Internacional de Articulação de Organizações de Mulheres, Movimentos Sociais e Mulheres de Partidos Políticos de Esquerda (RIAOMPI) denunciam a instrumentalização do movimento feminista para reforçar a agenda imperialista contra os processos revolucionários da América Latina e o Caribe.
Não é por acaso que às portas do 8M o discurso contra Daniel Ortega e o
governo nicaraguense retorna em alguns espaços feministas.
O imperialismo norte-americano tenta instrumentalizar a nós mulheres,
em nossas lutas e organizações, para justificar seus ataques imperialistas
contra países que, por quererem manter sua soberania e independência dos
Estados Unidos, os qualificam como "terroristas".
A mesma receita que tem sido usada em outros países com falsas
acusações de governos ditatoriais, como Venezuela ou Cuba, é aplicada à
Nicarágua com a chamada "Articulação Feminista", formada por grupos
de mulheres nicaraguenses e mulheres de outras nacionalidades, com sede na
França, Holanda, Reino Unido, Alemanha e Espanha.
A atividade desta Articulação se concentra em “colocar a voz e o olhar
feminista sobre o que está acontecendo na Nicarágua”, a partir de um discurso
manipulado e filtrado nos espaços feministas internacionais.
Não queremos ser instrumentalizados pelos EUA e seus aliados, pois a
narrativa vem de organizações feministas financiadas pelos EUA, de oligarquias
disfarçadas de sociedade civil e de figuras intimamente relacionadas à extrema
direita nos EUA.
Porque devemos isolar o movimento feminista das garras do imperialismo
fascista e patriarcal. Porque o movimento feminista revelou a muitas
pessoas a aliança criminosa entre o patriarcado e o capital, daí seu desejo de
explodir o movimento feminista, para que essa revelação não continue
despertando a consciência das mulheres e do povo trabalhador em
geral que se conscientiza da contradição do sistema com a própria vida.
Da irmandade com as mulheres nicaraguenses, porque sabemos que as da
Articulação não as representam e porque estamos cientes dos avanços na
igualdade que conseguiram com sua revolução, respeitamos suas lutas pela
questão da saúde sexual e reprodutiva e direitos que somente o povo da
Nicarágua deve decidir sem qualquer interferência estrangeira. De acordo
com o Global Gender Gap Report 2020, elaborado anualmente pelo Fórum Econômico
Mundial, o progresso dos 153 países avaliados rumo à igualdade de gênero é
analisado com base em quatro fatores: empoderamento político, saúde e
sobrevivência, participação econômica e realização educacional.
A ONU Mulheres destaca a Nicarágua, que em 2006 ocupava o 62º lugar
nesta classificação e que atualmente pode se gabar de ter a menor diferença de
gênero de toda a América Latina, sendo o quinto país do mundo onde há mais
igualdade entre homens e mulheres. Além disso, em uma pontuação de 0 a 1,
subiu 0,139 (!!) desde 2006, com Ortega sendo presidente desde 2007. O que
significa que melhora não apenas a posição global, mas também o progresso no
próprio país.
As mulheres da RIAOMPI expressam nossa indignação que em nome da
emancipação das mulheres estejam sendo defendidos os interesses de um poder
imperialista, que busca derrubar um governo democraticamente eleito em novembro
de 2021, com o apoio de
75% dos votos e com a participação de 65,34% por cento do eleitorado,
significativamente superior à que ocorre nos Estados Unidos.
Um poder que busca, em suma, o mesmo que fez com outros países da
América Latina com sua interferência, que não melhorou as condições de vida das
mulheres, muito pelo contrário.
Denunciamos a filtragem no movimento feminista internacional dos
autoproclamados grupos feministas da “Articulação”, que são ONGs financiadas
diretamente pelo próprio governo dos EUA ou por fundações filantrópicas
globalistas que compartilham os mesmos objetivos.
O feminismo que defende os interesses das mulheres trabalhadoras e
camponesas, independentemente de sua nacionalidade, não pode ser cúmplice dos
genocídios que os Estados Unidos perpetraram na América Latina e no Caribe, que
considera seus quintais e que não renuncia a continuar verificando.
A partir da RIAOMPI denunciamos a manipulação implicada no discurso
daqueles que, apresentando-se em nome do feminismo, trabalham por outros
interesses.
Não em nosso nome. A Nicarágua e as mulheres nicaraguenses são
soberanas para decidir as mudanças que devem ser feitas. Não o dinheiro e
a agenda dos Estados Unidos e seus aliados.
Nenhum comentário:
Postar um comentário