terça-feira, 4 de outubro de 2022

LULA UM DIA DEPOIS * Por Miguel A. Jaimes N. / VE

 LULA UM DIA DEPOIS

Por Miguel A. Jaimes N.

 

O Brasil tem duzentos e quatorze milhões de habitantes e seu padrão eleitoral é de cento e cinquenta e seis milhões. Lula acaba de obter cinquenta e sete milhões de eleitores e Bolsonaro cinquenta e um milhões de eleitores. Lula é a maior votação da história no primeiro turno, porém, trinta e dois milhões de eleitores (20%) não se interessaram em participar do processo. Ambas as câmaras são desfavoráveis ​​a Lula. Agora Lula tem os votos para vencer. Se ele vencer, o Brasil se tornará o país mais importante da América Latina e do Caribe.

 De tudo isso, apenas algumas horas se passaram desde eleições apertadas como nunca antes vistas nos últimos tempos na América do Sul. Ninguém – sabiamente – gostaria de imaginar que os resultados seriam tão implacáveis, e isso talvez se deva ao desejo ou estratégia triunfalista dos setores progressistas da região e dos próprios partidários de Lula.

As consequências não poderiam ter sido outras, já que a polarização liderada pelo presidente cessante foi trabalhada ao extremo. Agora a ferida para o Brasil de um golpe continua aberta. A opinião de oficiais militares de alta patente denota um desejo de extrema-direita e radical que é apoiado pelos líderes da igreja evangélica.


A autonomia do poder eleitoral está prestes a ser quebrada pelo presidente Bolsonaro. A barra está dobrada a ponto de se falar em remendar a cortina forçada dos palácios da Alvorada e do Planalto.


Um fenômeno ao qual devemos prestar atenção são as capitais da república na América do Sul que, com honrosas exceções, se opõem seriamente e não hesitarão em apoiar a extrema direita.


Mais da metade do país votou. Foram mais de cento e dez milhões de eleitores em um piso de duzentos milhões e isso dá a legitimidade que muitas nações latino-americanas gostariam de ter.


Agora, o Brasil com Lula está jogando para alcançar a liderança sul-americana. A agenda de propostas, políticas, acordos, iniciativas e discussões é direcionada da América do Sul, Brasil, que se tornaria peça chave para alguns já estimarem um claro rearranjo nas forças progressistas da região.


A atual liderança suplantada pelo México deixou ressentimentos em setores econômicos e políticos, agora eles depositaram sua confiança em Lula para a recuperação, já que Bolsonaro isolou o país, ele se autobloqueou e é por isso que os próprios gringos consideram sua relação intransparente uma ameaça – entre outras coisas. — com a Rússia.


Há uma definição clara de direita e extrema direita na sociedade brasileira e os resultados atuais têm demonstrado isso. Mostra-se também que Bolsonaro não é seu líder e que seu estupor e ataque reagiram ao longo de seu mandato querendo distanciar Lula, o que ele fez foi mantê-lo vivo no cotidiano da arena política, e isso o levou a cometer muitos erros.


Esse erro foi reconhecer um adversário que aproveitava todos os cenários para estar sempre na arena das notícias. Bolsonaro fez Lula crescer, nunca deixou sua presença morrer, sendo muito desajeitado e ao mesmo tempo muito habilidoso em conquistar um eleitorado de extrema direita.


Nessas eleições, fica muito claro o alto percentual do eleitorado acomodado à extrema direita. É por isso que no Brasil a luta entre agora e o segundo turno será com aquele setor radical e isso já foi sentenciado pelo seu atual presidente.


Lula deve ter muito cuidado nessa nova luta. Cuidado nas respostas, sem usar as habituais nestes casos. Como fenômeno político, a América do Sul e, neste caso, o Brasil podem representar a consolidação de uma nova extrema direita.


Mas neste caso a lebre não deve tomar cuidado com a cobra. Você também não deve desafiá-la, mas muito menos se esconder. Nem que eu devesse andar ao seu lado. Lula deve mover-se em um eleitorado organizado para além das grandes cidades e deve lutar nas grandes cidades.


O voto progressista das favelas deve impedir que se volte a favor de Bolsonaro.

Muitos entendem a virada recente na política como o caminho proposto desde Donald Trump, é preciso aceitar, é o cenário político – na América do Sul, está surgindo um crescimento da extrema direita. Certamente esse caminho deixou muitos adeptos, vejamos o caso da perda do referendo chileno. Ninguém quer parecer com outro setor ou com máscara emprestada momentaneamente, todos querem administrar o próprio destino e é aí que a luta de Lula deve ser estrategicamente.


Não é a luta contra Lula. É a luta de Lula um dia depois. Exatamente essa luta está nas grandes e mais populosas cidades do Brasil, que são os lugares onde será debatido o poder dos votos representados na manipulação do famoso segundo turno e que ninguém até agora decidiu enfrentar e mudar essa arma da herdeira ultradireita das correntes militares da região.

 

Nos vemos mais cedo...

 

VOTAÇÃO INTERNACIONAL


Miguel A. Jaimes N.

https://www.geopoliticapetrolera.com

venezuela01@gmail.com

Outubro 2022

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